V E L H A S S E N S A Ç Õ E S

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Não consigo adormecer, jogo o lençol para o lado ao constatar que as crianças apagaram ponho o roupão e desço para tomar água, por segurança levo a babá eletrônica, agora são três para vigiar.

Ao chegar na cozinha olho para o gazebo, o balanço da rede chama minha atenção, há tempos não deito em uma, não resisto quando parece me convidar com seu movimento. Com os fones nos ouvidos e uma playlist de músicas românticas, fecho os olhos para sentir o vento da noite e ouvir o silêncio, sem os gritos das crianças e seus risos fáceis.

Me pergunto como eles se deram tão bem logo de cara com o primo e para minha aflição se amarraram no tio dom.

"Preciso ser mais cuidadosa, hoje quase me entreguei ao tomar o suco feito por ele!"

Era o mesmo sabor do que ele fez na nossa lua de mel. Percebi seu olhar em mim enquanto bebia, não me senti exposta porque estava no meu pijama bem confortável. Tenho que mudar minha estratégia de sobrevivência nessa casa com ele por perto, pois meu maior perigo não é mais a Louise que me cerca com seu olhar ou com insinuações maldosas.

"Por que eles não dormem no mesmo quarto, ainda não o ouvi chamá-la de Lis, para onde ela vai todas as vezes que sai de casa? São muitas perguntas sem respostas. E ainda terei que passar o dia ao seu lado no supermercado.

"E por que ele tem que está mais lindo? Emily você é apenas a cunhada!"

Fecho os olhos relembrando cada detalhe do seu rosto, o sinal no seu nariz bem feito, o do lábio que eu gostava de tocar, os cabelos continuam fartos e apesar de mais velho a idade lhe deu um certo charme. Estico meus braços para fora da rede. Meu Deus e o sorriso parece derreter meu coração quando ele dar para nossos filhos...

-Dominic, quer me matar, o que está fazendo me olhando? -o repreendo assustada ao abrir os olhos de repente.

-Desculpa, não era minha intenção, pensei em te acordar, por isso me aproximei. O que está fazendo aqui fora à essa hora?

Olho por inteiro antes de responder, com as mãos no bolso de sua calça pijama e com o sorriso que antes estava imaginando.

-Aproveitando isso, não está ouvindo: o silêncio, a calmaria da noite enquanto nossos anjinhos estão dormindo! -respondo com um sorriso apontando para o céu.

-Até parece que ao amanhecer se eles fizerem silêncio você será a primeira a incentivá-los com uma música no último volume. A sala do barulho parece ser sua segunda casa.

-Não gostaria de ser tão transparente, confesso que uso os pequenos para meu próprio deleite, pois adoro ver suas cabecinhas quando tentam me imitar, o Luís já entrou no clima.

-Sim, não sei como agradecer o que está fazendo por meu filho, ele está tão feliz em conhecê-los, ele parece outra criança.

-Três dias ao lado da minha Lili e já está faceiro, você tem certeza que a babá tomará conta dos três, não será muito pesado para ela?

Ele senta em um sofá de fibra sintética com almofadas coloridas, descansa suas longas pernas em um centro a sua frente. Se fosse em outro tempo estaria deitado ao meu lado na rede sem pedir licença ou já teria me levado em seus braços para a cama.

-Não, acredito que ficará feliz em ter três para cuidar e mais quando ver o Luís tão animado, apesar de ser jovem ela tem ambições e por isso um dinheiro a mais na sua conta fará trabalhar com dedicação pode acreditar.

-Então irei ao supermercado à tarde depois que conversar com ela, sabe que horas ela chega?

-Provavelmente após as oito da manhã. Será muito bom ter você para me ajudar, eu entendo da minha fábrica, o supermercado é muito complexo.

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