V E R D A D E C R U A

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- Emily, quando saiu da minha casa? A verdade, doce Emily.

Sei que me olha desde que me viu na porta do quarto do Luís, sei que por meu olhar ela sabe que seu segredo agora é nosso. Meus filhos, os gêmeos são os meus filhos. Sinto vontade de gritar, mas com esforço e as mãos quase rasgando os bolsos de minha calça, por segurança para não segurar seus braços.

Uma parte de mim deseja beijá-la, abraçar e chorar junto com ela, mas a outra repete ela mentiu, te enganou. Preciso saber o que mais esconde.

- Um mês antes de terminar o contrato - fala sem desviar seus olhos dos meus, com as mãos segurando a alça da bolsa atravessada no seu peito. - A Louise exigiu...

- Você poderia ter se negado a ir embora, se me amava. Um não, Emily, para sua irmã e não teria levado meus filhos para longe de mim, você levou meus filhos...

- Eu não sabia que estava grávida... - anda em minha direção, ergue a mão para me tocar, mas afasto. - Eu não podia, havia o contrato, meus pais.

- Maldito contrato, maldito dia em que cruzei o caminho da sua irmã - Dou um soco no ar, dando-lhe as costas. - Você não foi para fora do país! Mais uma mentira.

- Após um mês morando com meus pais eu descobri a gravidez, fui para a casa da tia Selma.

- Enquanto eu vivia um inferno com a Louise... e criava um filho que não era meu, os meus filhos estavam sem o pai. Se tivesse me procurado, nossas vidas teriam sido diferentes, seríamos uma família há muito tempo.

Em passos lentos ela fica em pé entre a cama e a calçadeira, mas não me interrompe.

- Eu não teria perdido quatro anos da vida deles, eles acreditam em um pai de fantasia quando podiam ter um de verdade. Você deixou eles me chamarem de tio, eu podia ter perdido meu Tonton sem ter ouvido me chamar de pai, pai Emily, você não podia ter me tirado esse direito eles são meus filhos.

- Não tive escolha, fui obrigada a casar com você por causa da sua maldita vingança, eu pensei que era apaixonado pela minha irmã e que estava feliz com ela, você nem percebeu que eu havia ido embora, continuou sua vida, eu estava grávida do meu cunhado, como acha que me sentia?

- Você sabe que me arrependi, que se eu pudesse voltar no tempo, mas não posso. Minha vida tornou-se um inferno depois que você foi embora.

- Não era isso que a mamãe me falava. - senta na cama olhando para os pés, continua falando sem alterar sua voz. - Hoje ela disse que Louise a chantageava para me impedir de voltar para casa e falar que vocês eram felizes e apaixonados.

- Eu era apaixonado por você.

Um silêncio toma conta do quarto, pois sabemos como tudo aconteceu e não quero ter que repetir tudo que passei ao lado da Louise, pensando que era a Lis. Ela não me olha. Vou para perto da janela, no meio da tarde o sol mantém o dia quente, empurro as cortinas para o canto com a intenção de respirar melhor.

A Louise não é o alvo, assunto que não está resolvido, ainda há coisas para serem esclarecida com ela, foco no que realmente preciso saber hoje: meus filhos.

- Você em nenhum momento pensou em voltar e me procurar, falar deles para mim depois que eles nasceram?

Tento perguntar com cautela, ela continua sentada, com o olhar perdido para a TV desligada. Hoje eu a conheço até de costas, mas ainda há muito para saber dela. Ela não é mais a garota que conheci, mas ainda me desperta curiosidade e uma enorme vontade de proteger.

- Eu não tinha nada que me fizesse voltar, meus pais não me queriam. - levanta, apoia uma mão no sofá. - Eu sempre estive só, você não faz ideia de como me senti ao saber que estava grávida de um homem que nem sabia que eu existia...

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