CHANTAGEM FINANCEIRA

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Acordo todos os dias sabendo que minha vida está em suspense, é assim que me sinto, desde que decidi voltar para Pilar das Palmeiras que acordo com a sensação que estou em dívida com alguém.

"Tudo o que eu faço é por vocês!"

Como é sábado, deixo meus gêmeos dormindo já que aqui eles não têm os avós, Selma e o Rafael para tomarem o café da manhã, sua rotina é outra, olho para eles na minha cama antes de sair. Medito como um mantra para acalmar a ansiedade, mesmo tentando não pensar em como falar para o Dominic, questionamentos surgem em minha mente.

Meus filhos irão conhecer o pai, Dominic pode não me perdoar, o Gustavo quer o filho ao seu lado e eu posso finalmente ter paz?

Hoje o quarto dos meus pais está silencioso, sinal que não estão discutindo ou ainda estão dormindo. Meu pai irá mais tarde para o trabalho e eu decidi ir a casa da Carla para conversar, tenho necessidade de pôr para fora todos esses pensamentos.

- Licença Emily, mas você fez esse documento com alguns erros! -Tatiane chama minha atenção com a folha estendida para mim. - Ele pode esperar para terça feira.

- Irei reler, mas seguirei seu conselho -pego o documento de suas mãos com uma certa vergonha por cometer um erro. - Obrigada por perceber.

Ela explica mais alguma coisa e avisa que está indo embora, eu levanto indo para a janela abandonando o papel sobre a mesa sem ao menos ler, a visão não é nem um pouco calmante; carros e pessoas com suas compras e outras provavelmente saindo dos seus trabalhos. "Gostaria de estar na praia, olhando o mar para pôr meus pensamentos em ordem..."

- Pensando no meu marido, irmãzinha? - A voz da minha outra versão enche a sala.

Me viro bruscamente com sua inesperada chegada, há dois dias que não a via, pois ela estava viajando, com os óculos escuros, mas não disfarça o sorriso no canto da boca ao me surpreender.

- Você conseguiu melhorar isso aqui, bem que nossa mãe estava certa, você realmente serve para o cargo. - fala enquanto puxa uma cadeira para sentar, dobra a perna depositando sua bolsa de grife nela, como sempre está bonita. - Não vai falar nada? Não quer saber o motivo da minha visita?

- Sei que me dirá já que se deu o trabalho de vir aqui. - sento em minha cadeira sem desviar o olhar do dela.

- O papai estava com seus filhos tomando café, ele mudou, parece um milagre vê-lo daquele jeito, você lembra mal falava com a gente quando éramos criança e agora é todo babão com os netos.

Sinto seu ressentimento ao falar, mas é a Louise que quando quer alguma coisa de mim ela sabe que lembrando do nosso passado familiar eu fico vulnerável ao seus caprichos, mas não sou mais ingênua.

- Como você mesmo falou, ele gosta dos netos, nisso está incluído seu filho!

Ela sorri, olha o ambiente ao seu redor, retira os óculos guarda em sua bolsa, com movimentos lentos, sem pressa.

- Eu o vi ontem em São Bento, passamos o dia juntos em minha casa, como você mesmo sabe a piscina é muito convidativa - fala sem pressa, só no final percebi de quem está falando. - Infelizmente o Dom não quis entrar.

Isso ele não falou para mim quando conversamos ontem, tento fingir que não estou supresa com um sorriso imitando-a dando a impressão que a informação não é importante.

Ela continua a falar quando vê meu silêncio.

- Você está ganhando presentes ultimamente, eu vi a boneca e também o kit de perfume do Dominic...

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