Tudo que é bom... dura pouco

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O calmante não era forte, aliás, nem costumava dar sono, mas como ele havia acordado cinco e meia da manhã, e também pela crise de ansiedade em si, que deixa a pessoa sem energia, ele estava cansado e dormiu por quase três horas.

Ele acordou meio desnorteado, olhando em volta, mas relaxou quando percebeu o toque dela, que ainda estava ali.

- Como você está se sentindo? - Ela perguntou depois de um tempo em silêncio.

- Melhor... bem melhor! - Ele deu um sorriso fraco.

- Deve estar com fome, vi que não comeu nada antes de sair, e nem quando chegou...

- Sim, estou com muita fome.   

- Então vamos almoçar, já está pronto há três horas! - Ela sorriu.

- Você já comeu? - Ele perguntou preocupado.

- Não, estava aqui esperando você acordar...

- Esse tempo todo?

- Duas horas, mais ou menos. - Ela oscilou a cabeça para o lado, sorrindo.

Ele sorriu em resposta, um sorriso de gratidão, gratidão por ela ser tão dedicada, paciente e carinhosa.

- Vamos? - Ela levantou, estendendo a mão pra ele.

- Vamos! - Ele segurou a mão dela e foram juntos até a cozinha.

Úrsula ligou as panelas para esquentar a comida, que era purê de batatas com salmão grelhado ao molho de maracujá.

- O salmão já deve ter perdido o ponto, mas é o que temos pra hoje. - Ela comentou com bom humor, enquanto colocava o prato já servido na frente dele.

- Imagina, de qualquer jeito eu sei que está maravilhoso, muito obrigado! - Ele sorriu.

- Por nada. - Ela sentou na frente dele e eles almoçaram, arrumaram a cozinha juntos, afinal era só colocar a louça na maquina lava louças, ligar, e limpar a bancada.

Foram para o sofá, assistir algo, mas Miguel não parava de balançar a perna em um gesto de nervosismo.

- Não precisamos conversar hoje se você não quiser... - Ela disse, com um olhar reconfortante.

- Quanto mais demora mais ansioso eu fico... então prefiro fazer isso logo.

- Então pode ser agora... - Ela desligou a TV e se virou para olhar pra ele, dobrando a perna direita em cima do sofá, para se acomodar melhor.

- Úrsu... eu sou muito grato por ter você, que sempre me apoiou em todos esses anos e esteve do meu lado, eu amo você, de toda a minha alma...

- Mas? - Ela perguntou com receio, pela expressão facial dele, já sabia que aquelas palavras não eram só mais uma declaração de amor, ao invés daquele olhar paixonado, ele tinha um olhar perdido, triste...

- Mas eu não estou na minha melhor fase, e é justamente por te amar que eu quero pedir um tempo... eu não quero te machucar por causa da confusão que esta a minha cabeça...

Ela suspirou profundamente, fechando os olhos, pensando no que falar.

- Miguel, eu te amo, você sabe disso, um relacionamento não é só as partes boas, o sexo e os momentos fofos, é estar nos momentos ruins também, dando apoio.

- Eu sei, mas isso que aconteceu me fez perceber que eu dependo emocionalmente de você, desde que nos tornamos amigos, isso não é saudável pro nosso relacionamento... eu não quero um tempo pra pensar se eu quero ou não continuar com você, não é isso, você é a mulher da minha vida, se eu não casar com você, sinceramente não caso com mais ninguém... eu preciso desse tempo pra ficar bem, vou voltar pra terapia e quero melhorar como pessoa... e você não precisa passar por isso junto comigo...

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