Strangers again?

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~ Quatro meses depois ~

Desde que comprou a passagem de volta para Madrid, Úrsula não parava de pensar em Miguel, e em quanto foi difícil ficar longe dele, ela não contou para ninguém que estava voltando, queria fazer surpresa.

Enfrentou as nove horas de voo, pegou um táxi com suas quatro malas e finalmente chegou no seu prédio.

- Olá dona Úrsula, quanto tempo! - Antônio, um dos porteiros, falou animando, indo ajudar Úrsula com as malas.

- Olá seu Antônio, quanto tempo mesmo, estava morrendo de saudades de casa. - Ela abraçou o senhor.

- Imagino... Deixa que eu levo essas duas. - Ele pegou duas das malas, Úrsula pegou as outras duas e eles subiram.

- Muito obrigada pela ajuda.

- Disponha, qualquer coisa estou lá embaixo na portaria... Com licença. - Antônio respondeu brevemente e entrou no elevador.

Úrsula abriu a porta, e a sensação boa que estava sentindo por estar de volta, foi substituída por um arrepio, um aperto no peito, ela deu alguns passos pela sala e percebeu que não tinha mais nenhum porta retrato com as fotos dela com Miguel, e nenhum pertence dele ali, o videogame, os jogos, livros, nada.

Correu até o quarto e o closet do lado que pertencia á ele estava igualmente vazio, nada, nem uma peça.

- Porquê você fez isso? - Ela sussurrou, enquanto lágrimas escorriam abundantes pelas suas bochechas.

Tirou a roupa e foi pro banho, se permitindo chorar tudo que estava há meses guardado ali, e após longos minutos, terminou o banho, se enrolou na toalha, indo até o quarto, abriu uma das malas para pegar uma roupa, escolheu um vestido azul bebê e um casaco "pesado" já que estava frio em Madrid, se vestiu, pegou a chave do carro e desceu novamente, decidida a ir atrás de Miguel.

Depois de alguns minutos, parou em frente ao prédio dele e entrou, aquele lugar a lembrava de tantas coisas boas, que um sorrisinho involuntário apareceu em seus lábios.

Chegou no andar dele e olhou para a porta número 1202, até pensou em entrar direto, mas achou melhor tocar a campainha antes, apertou o botão e nada, pensou que a campainha pudesse estar com defeito e então decidiu tentar abrir a porta, talvez sua digital ainda estivesse lá, colocou o dedo na fechadura digital e a porta abriu, aumentando ainda mais o sorriso de alívio em seus lábios.

Porém esse sorriso desapareceu assim que ela abriu a porta e reparou que o apartamento estava apenas com os móveis, nada mais, nenhum eletrônico ou algum pertence dele, fechou a porta e entrou no quarto, sentiu uma pontada no peito assim que viu um porta retrato com a foto dos dois caído no chão, em pedaços, seu olhos marejados deixavam claro o quanto aquilo ainda mexia com ela.

- Miguel? O que... - Ela foi até o closet e viu que estava vazio, sem absolutamente nada.

Foi em cada cômodo e parou na cozinha, onde um arrepio passou por seu corpo, não era um arrepio bom e sim um arrepio que a fez abraçar a si mesma.

- Cadê você, meu amor!? - Ela perguntou baixo e voltou ao quarto, começou a abrir as gavetas da cômoda, da mesa de cabeceira, e na última encontrou uma caixinha com calmantes e uma foto deles ao lado, ela não sabia do acontecido, mas o arrepio que percorreu seu corpo mais uma vez, indicava que tinha algo muito errado.

Segurou o travesseiro e tentou sentir o perfume dele, porém não tinha o cheiro de Miguel, parecia ter sido comprado e nunca usado.

Abriu a bolsa procurando por seu iPhone, mas percebeu que havia esquecido no carro, o que Úrsula sentia era desespero, seu cérebro tentava juntar as poucas informações que tinha, mas nada fazia sentido, fechou a porta e desceu até a portaria, procurando por José.

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