"I feel like I'm caught in between doing what is right and what is right for me"
• Mia •
Acordei com minha cabeça latejando de dor. Não dormi nada ontem e só fiquei pensando nos meus pais, na minha avó, naquela carta e em Nova Orleans. Quando não estava pensando nisso estava chorando. Às vezes fazia as duas coisas ao mesmo tempo. Tudo em silêncio, pra não acordar nem uma das outras meninas, que estavam dormindo comigo. Eu sei que eu deveria ir pra Nova Orleans mas não consigo evitar sentir uma pontada de medo.
Parei de chorar e comecei a planejar a minha ida a Nova Orleans. Estava com medo, sim. Mas eu não iria deixar o medo me parar. A primeira coisa, e uma das mais importantes, é o dinheiro. Rosângela dava uma certa quantidade de dinheiro pra todos aqui que tivessem acima de quatorze anos. Não se engane, não é aquele tipo de mesada que o filhos dos ricos ganham. É com esse dinheiro que compramos nossas roupas. Você pode decidir gastá-lo com besteiras, ou gastá-lo com suas roupas e acessórios, ou com o que você quiser na verdade. Nada muito caro por que nós não ganhamos na loteria. Eu não sou de comprar muitas roupas, nunca liguei para estética então nunca gasto meu dinheiro com roupas e acessórios. Ele está guardado.
Fingi estar dormindo até todas as garotas saírem do quarto pra tomar café e peguei o meu pote com o dinheiro embaixo da minha cama. Eu sei, um lugar bem óbvio, mas é tão óbvio que ninguém pensaria em procurar alí. Comecei a contar o meu dinheiro e deu duzentos reais. Acho que eu realmente não compro muitas roupas.
— O que tá fazendo, Mia? — me virei de relance encontrando Blair me olhando desconfiada.
Por que mentir, se eu vou contar a verdade de qualquer jeito?
— Aconteceram algumas coisas ontem, Blair — Digo como uma forma de começar a explicar as coisas.
— É, eu percebi. Você estava estranha. Parecia que tinha acabado de ver um gatinho sendo maltratado, o que quer dizer que estáva péssima. Não perguntei ontem para não acordar as meninas — ela diz.
— Senta aqui e eu te explico — digo sentando-me na cama.
Blair se senta ao meu lado e começo a contar sobre a carta e o colar. Sobre a minha mãe morta e o meu pai que não sabe nada sobre mim. As lágrimas escorriam instantaneamente dos meus olhos. Chegou um ponto da conversa que eu mal conseguia falar de tanto chorar. Não costumo chorar tanto assim, pra falar a verdade, só choro quando estou muito mal, péssima, melhor dizendo. Normalmente eu soco a primeira árvore que eu vejo no caminho pra colocar a tristeza e a raiva para fora. Confesso estar um pouco constrangida por chorar. Limpo as lágrimas quando percebo que a qualquer momento alguém pode entrar no quarto e me ver chorando, e eu não quero isso.
— Eu sinto muito — ela diz cuidadosa. — Sua mãe pode ter morrido há dezessete anos mas pra você é como se tivesse morrido ontem — ela limpa uma única lágrima que escorreu de seu olho — O que pretende fazer quanto ao seu pai? — ela pergunta.
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The Devil's Daughter [Nova Versão]
VampireHá Dezessete anos, Lina Marshall ficou grávida de Klaus Mikaelson. Com medo de que algo de ruim acontecesse com sua filha Mia, Lina levou-a até um orfanato de uma cidade próxima a Nova Orleans. Ela sabia que não seria justo deixar que a filha achass...