Capítulo 45

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Estava claro para Alfonso que Anahí tinha feito uma escolha: esconder dele o que quer que seja que estivesse acontecendo, então ele também fez uma. É preciso dizer que quando existe uma possibilidade, mínima que seja, de que algo está acontecendo, é aberto uma brecha para dúvidas, inúmeras delas, e ele, para ser sincero, não estava aguentando viver tentando adivinhar sobre o que poderia ser, permanecendo no escuro, de fato, uma explicação plausível para a distância repentina dela, os acontecimentos estranhos, as tentativas muitas vezes desesperada para deixá-lo de fora.

Então imagine um Alfonso perdendo noites de sono pela ausência de respostas para as dúvidas que nem ele sabia se eram concretas ou não, mas uma única certeza ele tinha: não era um tipo de paranóia de sua cabeça. Estava acontecendo. Era real. Em outros tempos ele não precisaria sequer questionar, poderia mover pedra sobre pedra e descobrir por si só, mas envolvia não somente suas próprias questões, tinha Anahí e tinha um relacionamento que custou para ser estabelecido com confiança. Principalmente da parte dela. Ele bem lembrava o quanto foi difícil fazer com que ela confiasse nele, que voltasse a abrir espaço para o sentimento que surgia entre eles, que estivesse disposta a deixá-lo entrar.

Mas não saber o que de fato acontecia estava matando Alfonso aos poucos.

Era como o elefante na sala. Vai tomando espaço até não ser possível movê-lo sem causar qualquer dano.

Então aconteceu quando despretensiosamente ele atendeu uma ligação no mínimo, curiosa. Nada que estivesse esperando. O assunto em questão era sobre algumas movimentações consideravelmente grandes na conta do banco em que somente ele e Anahí tinham acesso. Não era pelo dinheiro em si, como poderia? Ela tinha o direito de mexer quando bem entendesse porque afinal de contas, era dela também, ele não estava preocupado com as quantias, mas pela transferência em si e como tudo acontecia sem que ele fosse consultado.

No mínimo algo muito estranho estava acontecendo, e Alfonso estava decidido a descobrir de vez o que diabos era.

Infelizmente não poderia ser naquele momento exato porque ele estava sendo rebocado pela irmã em direção a cozinha da mãe. Era para ser uma manhã de Domingo comum, onde todos foram intimados para um almoço na casa de Ruth sem chances de negar, mas naquele em especial, aconteceria a revelação tão aguardada. Finalmente poderiam descobrir se Maite estava esperando um menino ou uma menina, parecia tão genérico falando assim, mas não era necessariamente sobre a revelação em si, a comemoração se dava mais por conta da realização, do sonho de tornar-se mãe tão aguardado, cada vez mais concreto, então não custava nada usar do que tinha para reunir a família e comemorar.

— Certo, você pode pegar essas aqui e colocar duas em cada mesa, se bem que seria melhor deixar tudo mundo em uma mesa só mas... – Maite falava rápido, gesticulando, apontando, ordenando. Era tudo o que ela sabia fazer desde que resolveu ocupar grande parte do jardim da mãe.

— Certo, respire, pare de ser tão mandona um pouco. – Alfonso pediu, enquanto ela obedecia respirando fundo. Estava incrivelmente bonita dentro daquele vestido amarelo, a barriga notavelmente redonda, as maçãs do rosto rosadas.

— Tudo o que eu posso fazer agora é mandar, então não, não posso parar. – soltou, com um suspiro, logo rindo da careta que ele esboçou. — Aliás, onde está Anahí? Ela ficou de me ajudar com a Samantha, é ela quem vai revelar o sexo, e Nina está se atracando com o Ian por aí, portanto, não vou confiar nela para instruir a menina, se bem que aquela garotinha é esperta o suficiente para saber fazer sozinha.

— Eu não sei, ficou decidido que ela iria chegar um pouco mais tarde mas eu sinceramente não sei – Alfonso disse enquanto a irmã ainda falava, mas então Maite parou de repente para ouvi-lo. — Anahí está estranha nessas últimas semanas, desde... você sabe.

𝙐𝙣𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙋𝙤𝙧 𝙐𝙢 𝘾𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤 Onde histórias criam vida. Descubra agora