Depois de tantas revelações de uma só vez é natural que o choque dure por algum tempo; pela descoberta em si, mas também por como cada um resolve digerir a situação. Candice tinha muito o que pensar, de modo que ficou em silêncio o tempo inteiro enquanto acompanhava uma Anahí inconsolável para fora da sala de exames, até quando precisou tomar a direção do seu carro.
“Para onde você quer ir?” era o que ela queria perguntar, mas não havia sequer voz, era muito para administrar.
— Me leve embora. – foi tudo o que Anahí disse, num fio de voz, encolhida no banco passageiro como se desejasse entrar em uma espécie de casulo e não precisar sair de dentro tão cedo.
Primeiro a suspeita de uma gravidez que não era real, depois a descoberta de que Anahí já havia passado por um aborto antes, era muito para pensar, assim Candice dirigiu por algum tempo, sem um rumo inicialmente ou direção para onde poderiam ir, até que resolveu levá-la para a própria casa onde possivelmente Anahí teria algum momento de paz, sem precisar lidar com tanto sozinha.
— Se você me disser para ir e deixá-la sozinha, eu farei, mesmo sabendo que posso brigar, se possível, para ficar aqui – Candice começou dizendo minutos depois de estacionar o carro. Anahí permaneceu imóvel ao seu lado, a cabeça encostada contra a janela — Mas só espero que saiba que estou aqui, para o que precisar.
— Eu só peço para que não conte nada do que ouviu a ninguém. – murmurou, rouca. Candice ergueu a mão para segurar a dela, consolando. — Nem mesmo ao Paul, sei como vocês são unidos. Quero conversar com o Alfonso sobre... tudo.
— Eu prometo. – assegurou. — É uma coisa pessoal sua, entre vocês. Eu sinto muito por essa notícia, assim, na situação em que estão, mas sei que juntos, você e o Alfonso irão saber o que fazer.
— Nós queríamos tanto um filho... – Anahí sussurrou, o olhar distante. Candice respirou fundo, pouco conseguindo conter as próprias lágrimas acumulando. Era mãe de dois, apenas uma mãe poderia entender o que era aquela sensação tão frustrante.
— Vocês ainda podem...
— Não, não podemos. – Anahí negou, secando a bochecha.
— Você ouviu, há chances. – reformulou, segura do que dizia, mesmo diante da relutância da outra. — Existem diversos tratamentos, você pode engravidar, se quiser, só precisa fazer os exames certos, encontrar um tratamento ideal.
— Até lá, na situação em que meu casamento está, eu não sei se posso. – desconsiderou, retirando o cinto. — De qualquer forma, não quero falar sobre nada disso agora. Só preciso de um banho e de um tempo.
— É claro. – Candice assentiu, saindo do carro em seguida.
Não era necessário mais para entender que tudo o que Anahí precisava era de tempo, então a auxiliou com o que pôde, levando-a para um quarto de hóspedes, separando um par de moletons que serviria nela, e então, após o banho, Anahí pediu para ficar um tempo sozinha e ela respeitou, assegurando que estaria pronta para atendê-la com o que fosse necessário.
Apenas quando saiu do quarto, fechando a porta atrás de si, foi que Candice permitiu-se desabar.
— Não deveria ser assim, é tudo tão... injusto. – negava, em uma confusão interna consigo mesma.
— Ei, você – Paul avistou a mulher saindo do quarto de hóspedes, o que era estranho por si só, principalmente pelo choque que observou no rosto dela — Está tudo bem? Fale comigo.
— Anahí está aí dentro – informou, a voz saindo trêmula. Paul ergueu as mãos para tocar o rosto pálido dela, trazendo-a para seu peito quando notou as lágrimas acumulando em seus olhos — Está desolada e eu não posso fazer nada. Não deveria ser assim. Não é justo.
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𝙐𝙣𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙋𝙤𝙧 𝙐𝙢 𝘾𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤
FanfictionSinopse: Anahí Portilla e Alfonso Herrera estão ligados por um vínculo jurídico, um contrato de casamento. Ela prometeu ao pai em seu leito de morte que salvaria a empresa da família. Ele está determinado a expandir seu patrimônio. A solução encontr...