Capítulo 65

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Houve um breve momento para a informação ser absorvida por Alfonso. Primeiro, precisou passar pelo choque, para depois a ideia ser dissolvida e por fim chegar a conclusão do fato jogado em cima dele como um balde de água fria. Não fosse pelo entusiasmo de Anahí ao falar sobre, ele ainda precisaria de tempo para aceitar, embora fosse uma verdade irrefutável: não existia mais contrato, de fato, eles não estavam mais ligados por nenhum vínculo jurídico. 

A situação amargava como ferro na boca dele. 

— Por favor, Poncho, fale alguma coisa.  — Anahí pediu, diante do silêncio dele. O sorriso dela foi sumindo aos poucos conforme a reação de Alfonso a atingia; pelo visto, ela era a única feliz com a notícia. Aquilo definitivamente doía. 

— Eu não esperava por isso. — ele confessou, em seguida negando com um aceno breve — Digo, não assim, não agora. — pigarreou. Muitas coisas passavam pela cabeça dele. — O que você pretende fazer? 

— Eu não pensei exatamente no que pretendo fazer. — ela admitiu — Primeiro porque, eu sinceramente não sabia como me comportar quando esse dia finalmente chegasse, o fim do contrato, a certeza de que estaria livre outra vez para seguir com a minha vida…

— Mas então nós acontecemos. — Alfonso completou a fala dela, que assentiu em resposta — E aqui nós estamos. É simples: vamos casar outra vez. 

De fato, parecia mais simples com ele falando, Anahí evitou tanto revelar a notícia, procurando uma maneira melhor para dizer, mas agora Alfonso resumia o que parecia um problema em potencial em uma solução fácil para ser resolvida. 

— Eu não pensei no que poderia ser de nós dois depois que o contrato acabasse. — Anahí confessou — Digo, sempre planejei que seria mais fácil do que quando casamos, que cada um seguiria com a própria vida. Mas agora, depois de tudo o que aconteceu…

— Nós passamos por muitas coisas juntos, nesses últimos meses, principalmente. Acha mesmo que seria um problema casar com você outra vez? 

 — Eu preciso de um tempo para assimilar tudo. — Anahí pediu, sincera — Sem contar que agora eu tenho todo o patrimônio do meu pai para administrar. 

— Patrimônio que é todo seu agora. — Alfonso relembrou e ela sorriu. — Você não precisa de mais nada meu, pode cuidar de tudo sozinha. 

— Acha que consigo? — perguntou, um tanto insegura. 

— Eu tenho certeza. — afirmou, convicto. O orgulho que sentia dela transbordando. — E quer saber de uma coisa? Leve o tempo que precisar, eu vou estar aqui esperando por você. 

As palavras dele trouxeram a paz que Anahí sequer sabia que precisava. Pensou que o fim do contrato seria mais difícil de lidar do que na verdade estava sendo. O que parecia mais um problema chegando para eles, tinha ali naquela conversa um ponto final em paz e sem complicações. O apoio de Alfonso sempre foi necessário e incondicional, ele tinha uma facilidade nítida para tranquilizá-la, para fazer sentir confiança em si mesma quando nem ela própria acreditava que conseguiria. Não era apenas por tudo o que Alfonso fez por ela, era por quem ele era. 

— Não quero pensar em nada agora — Anahí disse, decidida. — Não precisamos, não é?

— Não hoje, não agora — Alfonso garantiu, verdade seja dita, sentiu um alívio imenso quando ela sorriu, desfazendo aquela tensão; nada poderia alterar o fato do sentimento que nutriam um pelo outro. — O que é que eu faço com você sorrindo assim pra mim? Venha aqui. 

Ele não precisou chamar outra vez. Anahí foi, desviando do lençol que cobria o próprio corpo, buscando espaço para montar nele, descartando qualquer possibilidade de que existia uma vida fora daquele quarto de hotel esperando por eles. 

𝙐𝙣𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙋𝙤𝙧 𝙐𝙢 𝘾𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤 Onde histórias criam vida. Descubra agora