Capítulo 95

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— Grávida? — Anahí repetiu em um murmúrio. Estava em choque.

— Grávida. — a ginecologista afirmou, sorridente — A partir de agora você vai precisar passar por alguns testes para que possamos acompanhar a sua saúde. O seu histórico é preocupante, mas não quero deixá-la alarmada, de modo que precisamos descartar toda e qualquer ameaça de risco para que possamos focar no que realmente importa.

— Eu… — ela arfou, sentia a visão turva.

— Como ainda está no início nós podemos fazer uma ultrassom transvaginal para averiguar a idade gestacional. É simples, indolor e silencioso.

Anahí tentou fazer as contas mentalmente enquanto levantava e se preparava para o processo de ultrassom, tentou mesmo ligar os pontos e acreditar, mas a ficha simplesmente não caia. Não conseguia esboçar qualquer reação porque tudo dentro dela girava em torno daquela palavra. Grávida. Ela tentava processar tudo o que a médica falava, tentava mesmo acompanhar a explicação, mas estava sendo difícil. Não conseguiu focar no monitor porque a partir do momento que o fizesse, ela sabia que não teria controle próprio nem mesmo para continuar em negação.

— Vejamos… aqui está. — a médica sorridente apontou, manejando a sonda do ultrassom. Anahí engoliu em seco e prendeu a própria respiração no mesmo instante — E apenas para confirmar as minhas suspeitas, você está com quatro semanas, prestes a completar cinco. Aqui nós podemos ver o saco gestacional. O embrião ainda é muito pequeno para ser visto, mas ele está lá. Você consegue visualizar?

— Como… como é possível? Não pode ser. — ela negou depois de um tempo em silêncio apenas ouvindo, finalmente olhando — Eu estava menstruando normalmente e eu…

— Acontece mais do você pode imaginar — a médica prosseguiu — Aproximadamente 30% das mulheres podem apresentar sangramentos em algum momento da gestação. Aconteceu com você porque a sua gravidez é silenciosa, no caso, não era a menstruação em si, apenas um sangramento, porque o início de uma gravidez silenciosa pode ser marcado por esse sangramento vaginal que lembra a menstruação e ocorre no período esperado por ela. Você disse que estava apresentando sintomas, não é?

— O tempo todo, mas eu não imaginava… — Anahí agora estava prestes a chorar, tanto que mordiscava os lábios para tentar conter as lágrimas insistentes enquanto sentava com cuidado na cama.

— É totalmente compreensível, porque alguns sinais da gravidez, como cólicas, seios mais sensíveis, e náuseas podem ser facilmente confundidos com os da menstruação. — buscou tranquilizá-la, retirando as luvas — Seus seios estavam sensíveis, não estavam?

— Sim, e eu tinha cólicas. — afirmou, repassando mentalmente todos os sintomas, e a médica assentiu, compreendendo. — E tinha dificuldades para engravidar. — ressaltou. Ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo. — Então eu não consigo pensar que é realmente verdade.

— Isso mesmo, era difícil mas não era impossível. Levando em consideração o seu histórico, sua chance era de uma em um milhão. Você precisaria de um tratamento, é claro, mas por algum motivo não chegou a esse extremo — a médica sorridente tirou os olhos do monitor um instante e se voltou para ela — Você acredita em milagres, Anahí? Porque se não acreditava antes, a partir de agora pode começar a acreditar.

Anahí voltou para casa anestesiada, sem conseguir soltar o exame e a fotografia desfocada que não apresentava nada além da imagem granulada do feto que comprovou que ela estava grávida, que daquela vez era real. Sentia que deixar aquele resultado escapar das próprias mãos faria com que deixasse de existir, como quem acorda de um sonho onde a única intenção era não acordar tão cedo.

𝙐𝙣𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙋𝙤𝙧 𝙐𝙢 𝘾𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤 Onde histórias criam vida. Descubra agora