𝙐𝙣𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙋𝙤𝙧 𝙐𝙢 𝘾𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤

Capítulo 104

— Sabe, eu estive pensando… — Anahí mordiscou os lábios ao mesmo tempo em que analisava a própria imagem refletida no espelho, um tanto relutante. Estava de calcinha e sutiã, um conjunto de lingerie azul claro, a barriga voluptuosa bastante evidente enquanto a sogra, a cunhada e as amigas a esperava tomar uma decisão, ambas sentadas em suas respectivas poltronas.

— Você esteve pensando… — Candice a induziu a continuar, rejeitando com um aceno de cabeça quando lhe foi oferecida uma taça de champanhe, embora todo o atendimento naquele ateliê estivesse sendo consideravelmente agradável, ainda parecia faltar algo, e isso podia ser perceptível em como Anahí estava reagindo.

— Não sei se é uma boa ideia optar por um vestido sob medida — por fim, Anahí entregou, observando o olhar enviesado que a estilista lançou na direção dela, carregando uma braçada de tecido, enquanto com as mãos livres continuava tirando suas medidas — Minha barriga está crescendo e vai continuar até o dia do casamento e eu… eu… Talvez não seja melhor adiar esse casamento?

Era uma das dúvidas que Anahí mais vinha tendo nas últimas semanas, conforme os preparativos seguiam em polvorosa. No início, ela sentiu-se animada, muito embora a animação de todos os outros — incluindo Alfonso, é claro —, estivesse mais evidente que a dela própria. Mas ali naquele momento, enquanto analisava a própria imagem, tendo as medidas tiradas e escutando sobre a infinidade de opções de tecidos que ela tinha como opção, Anahí começou a escutar a voz insegura em seu íntimo que a fazia repensar se tudo aquilo de casamento, para aquele momento, estaria sendo uma boa ideia.

— Ela está insegura — Nina entregou o que ninguém tinha coragem de falar no momento, apoiando as mãos nos braços da poltrona para colocar-se de pé, caminhando calmamente na direção onde Anahí estava aceitando o roupão para cobrir-se novamente. Ruth e Maite apenas trocaram um olhar silencioso, mas cheio de significados. — O que é totalmente compreensível, é claro, mas ainda assim, não pode ser um empecilho. É o seu casamento, Anahí! Você não pode desistir agora.

— Não estou desistindo, estou apenas… — Anahí suspirou, negando para afastar a nuvem inquietante de pensamentos que a atormentava. — É realmente uma boa ideia? Digo… não seria melhor esperar mais um pouco? Logo após os bebês nascerem…!

— Daqui a três, quatro meses? — Nina franziu as sobrancelhas, analisando, involuntariamente levando uma mão para acariciar a própria barriga.

— É! Quando eu estiver me sentindo menos… estranha. — Anahí revelou, esmorecendo. — Estar gerando esses bebês é tudo o que eu sempre quis e sonhei, mas… não sei, é complicado.

— Não tanto quanto parece, mas eu entendo você — Maite tranquilizou dizendo — Você está confusa e ansiosa com tudo, mas nós estamos aqui justamente para amenizar um pouco dessa tensão que um pré casamento exige.

— Exato — Candice assentiu em concordância — Tudo bem se você realmente não quiser casar agora, podemos suspender tudo. Mas é realmente isso o que você quer?

E lá estava, a pergunta que fez Anahí morder os lábios novamente insegura, sem ter o que responder, embora a resposta fosse um não claríssimo. Quando Ruth levantou e foi na direção dela, com aquele olhar maternal repleto de carinho, Anahí sentiu as lágrimas acumulando e relutou para não deixá-las escapar. Estavam todas ali, ao lado dela, participando ativamente de todos os preparativos, como a própria Maite havia dito, parecia injusto sentir-se daquela maneira, como se a qualquer momento algo pudesse dar errado, de modo que procurar por empecilhos parecia ser um caminho quem sabe mais fácil.

— Querida, você não precisa esconder o que está sentindo, muito menos sentir-se culpada por isso — Ruth começou dizendo carinhosamente, segurando as mãos dela. Anahí fungou, sentida. — É natural que você fique ansiosa, é um momento importante, afinal, mas você só não pode deixar que isso atrapalhe o que você realmente deseja.