“Dois complicados, complexos e totalmente opostos... Mas ela tinha alguma coisa que o fazia voltar. E ele, por incrível que pareça, tinha algo que não deixava ela ir.”
*
— Estamos atrasados, querida. — Alfonso disse. Estava cansado de andar de um lado para o outro naquele quarto, já estava pronto a muito tempo.
— Já estou indo! — Anahí elevou o tom de voz, terminava de calçar seus Louboutin. Tinha ficado horas escolhendo um sapato que combinasse com o vestido.
Aquela seria mais uma noite normal para Anahí e Alfonso desfilarem como o mais novo casal, fazia parte do contrato aquele pequeno esforço. Ele tinha levantado a proposta, e ela havia aceitado. Para Anahí, seria fácil colocar seu melhor sorriso e posar de boa esposa, para Alfonso, seria mais fácil ainda fingir o quanto adorava a mais nova vida de marido feliz e devoto.Para os de fora, os que não tinham conhecimento do verdadeiro motivo daquela união, Anahí e Alfonso eram o casal perfeito. No entanto, ao cruzarem a porta da que agora era a mansão dos dois, o show terminava, as cortinas se fechavam, e eles podiam ser quem eram; cada um seguia para o seu quarto, cada um ocupava seu espaço. Do lado de dentro, eles sequer se comunicavam como deveria ser, era apenas o necessário.
No início, foi tudo muito desconfortável, não havia sequer um diálogo entre os dois, e tudo parecia ao mesmo tempo, tão engraçado... Eles carregavam uma aliança no dedo, tinham acabado de chegar da "viagem" de lua-de-mel, e para quem sequer trocavam olhares, aparentavam estar realmente felizes. A viagem para Paris fora uma escolha de Anahí, uma vez que Alfonso exigiu que a cerimônia de casamento fosse feita em um cartório e que para evitar especulações, um simples jantar fosse oferecido para os poucos convidados. Alfonso não permitiria nunca que o seu sobrenome ficasse manchado, tinha que manter as aparências. Foi assim que os dois estabeleceram o contrato; enquanto Anahí impunha suas exigências, Alfonso colocava a limpo as suas. Direitos iguais para os dois. Enquanto Alfonso decidia que eles morariam na grande mansão dos Herrera, Anahí decidia por quartos separados. "Não vamos dividir a mesma cama, não há necessidade", essas foram as palavras dela, e ele concordou. A vida profissional de ambos se seguiu normalmente, agora a empresa onde Anahí era herdeira e também administrava, estava a salvo, e ela podia, finalmente, deitar a cabeça no travesseiro a noite e dormir tranquila por cumprir com a promessa que tinha feito ao pai em seu leito de morte, e essa fora a proposta feita por Alfonso: o casamento por contrato salvaria a empresa dos Portilla, e o sobrenome Herrera não seria mais tachado por uma má reputação, uma vez que o herdeiro tinha que casar e seguir com a tradição da família, fazer crescer o patrimônio. Com o casamento, Alfonso iria conseguir as duas coisas; devolveria a boa reputação para o seu sobrenome e iria ampliar o patrimônio, agora vinculado com o patrimônio dos Portilla.
Um contrato. Parecia uma solução perfeita.
Até então, nem Anahí e muito menos Alfonso poderiam julgar que não estava sendo uma escolha perfeita, não até o momento, pelo menos, tudo seguia nos conformes.
De braços dados, Anahí e Alfonso rumavam para dentro do salão de festas. Esboçavam um sorriso nos lábios e mantinham a pose, tudo literalmente como tinha que ser.
— Estão todos nos olhando. — Anahí murmurou baixo para ele, disfarçando com um sorriso quando um casal de meia idade passaram a olhar para eles.
— Normal, eles sabem que somos recém-casados, é bom você se acostumar. — Alfonso sussurrou no ouvido dela, sorrindo com sarcasmo
— Ora, não seja idiota, eles nos olham como se fôssemos a sétima maravilha do mundo, e eu não gosto disso. — Anahí resmungou
— Pensei que você gostasse de ser o centro das atenções. — Alfonso provocou, olhando-a
— Não quando estou com você, não gosto de dividir a atenção com ninguém. Minha estrela prefere brilhar sozinha. — Anahí brincou, arrancando um sorriso de presunção dele.
Ao menos aquela noite seria agradável e divertida para ambos. Anahí e Alfonso não costumavam manter um diálogo muito extenso, apenas quando era algo relacionado aos negócios, pela primeira vez eles pareciam se divertir com a própria conversa. Simples e confortável.
— Vocês formam um lindo casal.
A senhora que antes os observavam, aproximou-se com um sorriso meigo no rosto. De início, Anahí empalideceu, sabia que seus olhares não eram em vão, mas ela talvez já era para estar acostumada, aquela era uma frase comum que costumava ouvir quando estava junto com Alfonso.
Era comum mas não era real. A todo momento ela precisava lembrar que só estava com aquele homem por um contrato. Apenas.
Quem respondeu as palavras daquela mulher fora Alfonso, ele agradeceu, neutro como costumava ser, e sorriu simples, enquanto continuava de braços dados com a esposa. Aquele era o único contato físico que mantinham. Nada além daquilo. O que era um tremendo sacrifício para ambos que preferiam ocultar a atração física que era latente e nítida, algo normal entre um homem e uma mulher que aparentavam ser perdidamente apaixonados e felizes, mas anormal e até absurdo para os dois que sabiam que tudo aquilo não passava de uma fachada, e que a única coisa que os mantinham unidos era um contrato, um vínculo jurídico. Nada mais que isso.
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𝙐𝙣𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙋𝙤𝙧 𝙐𝙢 𝘾𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤
FanfictionSinopse: Anahí Portilla e Alfonso Herrera estão ligados por um vínculo jurídico, um contrato de casamento. Ela prometeu ao pai em seu leito de morte que salvaria a empresa da família. Ele está determinado a expandir seu patrimônio. A solução encontr...