Alfonso

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Você tem certeza do passo importante que está dando na sua vida, meu filho?

Em uma cobertura no Upper East Side, dentro da enorme sala de seu apartamento, Alfonso avaliava cada palavra dita por sua mãe na noite passada naquele jantar em família. Todos estavam tão felizes, compartilhando de um bom vinho, comemorando o aniversário de Maite, sua querida irmã. Alfonso não poderia estar mais feliz por ver o quanto sua família era unida e verdadeiramente feliz. Após o falecimento de seu pai, cinco anos depois, Ruth havia casado com Robert, um bom homem e um bom marido, Maite e Alfonso de pronto apoiaram a mãe, sabiam o quanto ela sentia-se sozinha desde o falecimento do marido, e sabiam também o quanto ela merecia ser feliz, então não haviam motivos para não apoiarem a mãe em suas decisões, igualmente como Ruth sempre apoiava os filhos. Eles eram uma família unida e feliz, obviamente que a novidade que Alfonso os contou naquela noite pegaram a todos de surpresa. Anahí não estava presente, mas foi ela o assunto da noite. Não foi uma surpresa pelo simples fato se ser Anahí a mulher que ele tinha escolhido para casar e construir uma família, todos naquela família adoravam Anahí, a conheciam desde a infância, a própria Maite a tinha como uma grande amiga, apesar dos anos afastadas. Ruth tinha conhecido Tisha, mãe de Anahí, na adolescência, acompanhou de perto a batalha de Henrique para criar a filha sozinha, mas a surpresa se dava por conta da rapidez com que os fatos surgiam. Em uma noite, Alfonso e Maite tinham reencontrado Anahí, em outra, Alfonso e Anahí tinham marcado um jantar, aparentemente tinham criado, no mínimo, uma amizade, mas sem que ninguém esperasse, o anúncio do casamento foi jogado no colo de todos como uma bomba. De início, todos ficaram surpresos, porém felizes. Anahí e Alfonso eram jovens, provavelmente tinham recordações do passado de quando eram adolescentes, acabaram se apaixonando perdidamente, e não queriam perder tempo para consumarem a união. Para tornarem-se uma só carne. Para criarem um vínculo importante.

O que os de fora não sabiam, é que ao invés de se tratar de um vínculo de união por amor, tratava-se de um vínculo jurídico. Um contrato.

Anahí e Alfonso iriam unir-se simplesmente por negócios.

Mas aquele segredo seria só deles. Ninguém mais ficaria por dentro dos verdadeiros fatos.

Uma vez colocado em pratos limpos quais seriam as condições de cada um, o que restava era consumar de uma vez por todas. E eles já tinham tudo marcado: data, local e horário.

Porém, precisariam manter as aparências, e por essa razão, foi difícil para Alfonso responder aquela pergunta da mãe.

— Eu nunca estive tão certo, mãe. É uma decisão bem pensada, não se preocupe. Anahí e eu seremos muito felizes.

Essas foram as palavras usadas por Alfonso para responder a mãe que o retribuiu com um sorriso e um afago nos ombros. Ruth viu o olhar apaixonado do filho e se conformou, se Anahí permitisse, ela faria de tudo para aquele ser o casamento do ano. O casamento perfeito.

Diante dos fatos, o que restava para Alfonso era seguir de pé mantendo as aparências. Mas, lá no íntimo de seu ser, ele sabia que nutria por Anahí um forte sentimento.

Desde que voltou para Nova York e reencontrou Anahí, muito mais linda, muito mais mulher, aparentemente mais madura, Alfonso sentiu-se completamente encantado. Anahí não era mais aquela menina de cabelos loiros e franja, a menina sorridente e radiante, Anahí agora era uma rocha, não sorria mais como antes, e por trás do azul de seus olhos, Alfonso sabia que havia algo guardado. Na primeira conversa, ele notou também a diferença; Anahí era agora uma mulher de poucas palavras, decidida, e qualquer um que olhasse por fora, notaria também que era literalmente marcada. Poderia ser pela recente morte do pai, talvez, agora era apenas ela. Henrique havia falecido e Alfonso sabia o quanto ela era apegada ao pai, mas aquele olhar de Anahí tinha deixado-o intrigado. Logo as lembranças das últimas palavras de Henrique quando ele foi visitá-lo em seus últimos dias de vida no hospital vieram a tona:

Você é um rapaz nobre. Eu sempre soube que a educação do meu velho amigo, seu falecido pai, não seria em vão. Você é um bom homem, Alfonso... Eu estou partindo, e estou deixando o que tenho de mais precioso sozinha... Em nome da amizade das nossas famílias, por favor, eu imploro... Não deixe a minha menina sozinha. Cuide da Anahí. Cuide do meu cristal...

Como Alfonso conseguiria viver com aquelas palavras rondando sua cabeça? Ele havia prometido a Henrique que cumpriria com a sua promessa, mas analisando de fora, tudo tomava uma proporção muito maior. Tinha também as obrigações que ele precisava cumprir diante das suas obrigações com a empresa de sua família, ele tinha um patrimônio a zelar, pensando por esse lado, não seria de todo um mal unir-se a Anahí. Ela também precisava cuidar dos negócios do pai agora falecido. Mas Alfonso era de carne e osso, era humano, e seus sentimentos? Onde ficariam?

Anahí fez questão de deixar claro que eles iriam casar sim, mas tudo para salvar seus patrimônios, nada de laços afetivos. Apenas por negócios, interesses em comum. Mas era atormentador demais mirar aqueles olhos azuis e não sentir, no mínimo, curiosidade e... Carinho. Talvez, até quem sabe, a mentira de que fosse paixão não acabasse se tornando verdade.

Alfonso esperava que no fim, aquele contrato, de fato, servisse para alguma coisa. Esperava também descobrir o porquê de sentir-se tão atraído por Anahí, atraído não só fisicamente, mas também por querer saber quais eram os segredos que aquela mulher guardava naquele olhar tão vazio e naqueles sorrisos superficiais...

Até onde ele chegaria para descobrir de verdade quem era aquela Anahí?

Do que mais ele precisaria para descobrir se o que sentia por ela era muito além de apenas carinho?


Do que mais ele precisaria para descobrir se o que sentia por ela era muito além de apenas carinho?

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