Capítulo 96

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O tempo parecia passar lentamente, como uma espécie de transe anestésico onde tudo o que Alfonso conseguia focar era no fato de que Anahí estava grávida, grávida de um filho dele, que seria mãe de um filho dele, e que, consequentemente ele se tornaria pai. Na verdade, ele já era pai, porque a partir do momento que a informação foi passada, foi assim que ele sentiu.

Ficaram um bom tempo em silêncio, com os ânimos sendo acalmados, com uma áurea antes pesada pela discussão que se desenrolou e que os levou por aquele caminho onde Anahí revelou sobre a gravidez e que fez Alfonso cair em si sobre o quanto estava sendo estúpido com ela e consequentemente com a situação conflituosa entre os dois. Discutir não parecia fazer mais sentido, na verdade, nada mais teria, a não ser, é claro, todas as perguntas que Alfonso tinha, e que não estava muito disposto a ir embora sem antes conseguir todas as respostas.

— Você tinha dificuldades para engravidar, até onde eu lembre… — ele começou, com cautela. Não existia nada além da dúvida presente, mas ainda assim sentia que precisaria ser cuidadoso.

— Sim, eu tinha — Anahí assentiu, uma vez recuperada do choro, conseguia falar sem a ameaça de que seria tomada novamente por todas aquelas lágrimas — Eu também fiquei confusa, assim como você está, mas… aconteceu, Poncho. Nós não nos cuidamos, digo, como eu poderia pensar em anticoncepcional ou qualquer outro método contraceptivo se na minha cabeça eu não poderia engravidar tão facilmente?

— Logo agora que… — Alfonso refreou as próprias palavras, sem conseguir conter o próprio sorriso — Esqueça, nada mais importa. Nada além desse bebê que você carrega, importa.

— Você disse que percebeu. — Anahí retornou com o assunto e ele olhou para ela, que tão logo tratou de explicar — Os sintomas.

— Sim, mas inicialmente eu não cogitei que pudesse ser uma gravidez, mas estavam evidentes — e Alfonso sorria abobalhado — No seu corpo principalmente — o rosto dela esquentou e ele notou a timidez presente — Impossível não olhar, não foi proposital, se é o que você está pensando.

— Eu acho que estava tão focada em outras coisas que não parei para perceber os sinais do meu próprio corpo. — Anahí lamentou, suspirando — Nossas discussões, minha tentativa de ficar soterrada em trabalho apenas para não pensar muito na nossa situação conturbada, depois a saúde da sua mãe deixando todos nós em alerta…

— Era muito para administrar, eu sei — Alfonso consolou, buscando segurar a mão dela. Estavam sentados no sofá sem qualquer intenção de um sair do lado do outro tão cedo. — Como foi a consulta? Eu quero saber, ainda me sinto culpado por não estar com você porque deveria ser o certo — Anahí abriu a boca e fez menção de falar algo, mas ele foi rápido em prosseguir — Eu entendo que a situação fez com que você estivesse sozinha, compreendo as suas ações, e não quero discutir por isso, ok? Só preciso saber…

— Estou de quatro semanas, quase cinco. — Anahí revelou e Alfonso refreou as próprias palavras, calculando mentalmente — É bem no comecinho, mas… eu fiz uma ultrassonografia e soube o tempo exato. Tenho que te mostrar uma coisa.

— O que é? — mas não houve tempo para uma resposta antes que Anahí caminhasse para ir em direção ao quarto, deixando-o para trás.

— Aqui — ela voltou, parando diante dele e Alfonso observou por um instante o que ela tinha em mãos. Pegou e analisou a imagem granulada, os olhos sondando cada ponto presente enquanto Anahí voltava a sentar ao lado dele — A médica explicou um pouco, mas eu não conseguia prestar atenção em nada. Ainda é pequenino.

— Isso é… — as palavras fugiam de Alfonso. Ele ergueu o polegar e traçou a imagem, sorrindo como nunca.

— Sim, é — Anahí assentiu, igualmente sorridente e os dois trocaram um olhar cúmplice.

𝙐𝙣𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙋𝙤𝙧 𝙐𝙢 𝘾𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤 Onde histórias criam vida. Descubra agora