Capítulo 46

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    • Lucas •
Quase não dormi essa noite. A Sofia teve pesadelo a noite toda e todas as vezes acordou chorando, tentei acalmá-las mas eu me desesperava ainda mais. O episódio de mais cedo não sai da minha cabeça, e tudo piorou quando o Leandro disse que ela chorou muito antes de eu chegar em casa.
Lucas: Eu trouxe café pra você. - Peguei uma xícara e levei para ela até o quarto, onde terminava de se arrumar.
Sofia: Não tô com fome.
Lucas: O Leandro me disse que você não comeu nada ontem.
Sofia: Eu tô um pouco enjoada. - Seus olhos estão fundos e cheios de olheiras.
Lucas: Quer ir ao médico?
Sofia: Não. Vai lá comer.
Lucas: Já comi. Me dói tanto te ver assim tristonha.
Sofia: Daqui a pouco passa. Hoje eu vou de ônibus com o Lê.
Lucas: Vamos comigo.
Sofia: Não tô me sentindo muito bem pra andar de moto.
Lucas: Vou levar vocês no ponto. - Ela apenas assentiu. Pegamos nossas coisas, tranquei a porta e dessa vez peguei minha chave. Fui de moto devagarinho do lado deles até o ponto de ônibus.
Leandro: Você não tá melhor?
Sofia: Não. - Reprimiu um lábio no outro. Troquei um olhar com meu irmão e respirei fundo. Deus, me ajuda! Logo em seguida que chegamos no ponto o ônibus chegou.
Lucas: Eu te amo. - Falei para a Sofia antes dela entrar.
Sofia: Eu também. - Tentei beijar seus lábios mas ela se afastou, parecia sentir medo. Tô cada vez gostando menos desse comportamento da Sofia.
(...)
Perto da hora do meu café, senti meu celular tocando diversas vezes. Atendi o cliente às pressas e corri para um canto reservado da loja. Estranhei quando vi o nome da Bárbara estampado na tela do meu celular.
Bárbara: Onde a Sofia tá? - Perguntou assim que atendi a ligação.
Lucas: Trabalhando.
Bárbara: Ela não tá na lanchonete. Pelo amor de Deus, Lucas, diz que a minha irmã tá aí!
Lucas: Ela não tá aqui. - Me desesperei. - O que aconteceu?
Bárbara: Hoje assim que acordei eu encontrei o pai, o Gabriel na minha casa. - Senti um gelo na espinha. - Ele fugiu da cadeia! E a Sofia não tá em lugar nenhum. - Ouvi seu choro do outro lado. Não pode ser!
Lucas: Vai lá em casa. - Ordenei.
Bárbara: Acabei de chegar aqui, tá tudo fechado. - Ouvi seus passos e logo em seguida seus gritos desesperados. - Vem pra cá, Lucas! - Ouvi a voz da Sofia pedindo socorro ao fundo. - Eu não consigo arrombar a porta, ajuda a minha irmã! - Comecei a chorar. Encerrei a ligação e sai correndo da loja.
Glaucia: Onde você vai? Volta aqui Lucas! - Acelerei o passo e fui até onde a minha moto estava estacionada. Fiz da loja até em casa em metade do tempo. Assim que cheguei em casa soltei a moto em qualquer lugar e encontrei a Bárbara gritando e chorando.
Bárbara: Solta ela! Por favor, pai!
Lucas: Chama a polícia! - Ordenei para a Bárbara. Corri e não atinei em pegar a chave no meu bolso, apenas dei um chute na porta e a arrombei. Procurei-os com os olhos mas não encontrei. Assim que entrei no banheiro vi meu mundo desabar. Eu jamais vou esquecer essa cena. O Gabriel tá com uma das mãos na boca da Sofia, que chora desesperadamente enquanto ele a estupra. Joguei ele contra a parede, mas segurei a Sofia. Eu sei que isso pode ter machucado ela ainda mais, mas não teria outro jeito. Soltei a minha mulher e fui pra cima daquele monstro.
Soquei seu rosto várias vezes e espalhei chutes por todo o seu corpo. Eu não conseguia ver mais nada por causa das lágrimas. Eu o espancava sem medo algum, era como se o meu corpo tivesse sido sugado pelo ódio. Eu não conseguia ver nada ao meu redor, só é ele e sua existência nojenta.
Só parei quando senti algumas pessoas me segurando.
Lucas: Eu vou matar esse desgraçado, me solta. - Gritei.
- Acho que você já fez isso. - Tentei me soltar mas não consegui. Nesse momento vi que quem me segurava eram dois policiais. Virei meu rosto para o lado e vi a Sofia chorando desesperadamente no colo da irmã.
Eu não posso acreditar que ele tentou acabar com a vida dela mais uma vez! O policial me soltou e eu me joguei no chão, fui de joelhos até a minha menina e puxei-a para perto de mim. Acariciei seus cabelos e choramos juntos.
Sofia: Eu quero morrer. - Sussurrou.
Lucas: Não fala isso, por favor. - Abracei-na mais forte na intenção de protegê-la.
O ódio foi saindo do meu corpo aos poucos e foi aí que eu vi o estrago que fiz no Gabriel. Ele tá horrível, mal se consegue ver seu rosto, só se vê sangue. Ouvi seu gemido, e me senti feliz. Agora ele sabe a intensidade de dor que a Sofia tá sentindo.
Alguns bombeiros​ chegaram e tiraram aquele homem nojento do chão, deveriam leva-lo para o inferno, não para um hospital.
Os policiais pediram para eu, a Sofia e a Bárbara acompanhá-los a delegacia. A Sofia vestiu uma roupa leve com a minha ajuda e seguimos para a delegacia.
Enquanto a minha menina fazia o exame de corpo e delito, eu e a Bárbara damos nosso depoimento. Em pouco tempo nossos pais chegaram a delegacia, e mais uma vez fomos às lágrimas.
Quase uma hora depois fomos liberados e seguimos direto para o hospital. Quando chegamos em casa o sol já estava indo embora
Assim que chegamos em casa a Sofia foi para o quarto com os pais e a irmã, e eu fiquei na sala com os meus.
Lucas: Foi horrível mãe. - Solucei.
Karina: Eu posso imaginar. - Me abraçou.
Paulo: Eu sei que é difícil, mas tenta tirar essa imagem da tua cabeça.
Lucas: Não sei se vou conseguir. Por que ela tem que sofrer tanto? O que a Sofia fez de tão ruim assim?
Karina: Ela não fez nada filho. Infelizmente, coisas horríveis acontece com pessoas boas.
Paulo: A vida não é justo com ninguém, mas com algumas pessoas ela consegue piorar. - Fiquei chorando no colo dos meus pais e só parei quando a Bárbara, a Suzana e o Seu Nícolas chegaram na sala.
Lucas: Como ela tá? - Funguei.
Suzana: Não muito bem.
Nícolas: Obrigada por ter salvado a minha filha.
Lucas: Na verdade quem salvou ela foi a Bárbara, se ela não tivesse me ligado. - Minha voz falhou.
Bárbara: Eu só te liguei, não fiz nada demais.
Lucas: Fez sim. - Me levantei do sofá e fui abraça-la. - Obrigado. Eu sei o quanto deve ter sido difícil pra você ter que denunciar teu pai e ver eu espancando-o.
Bárbara: Ele só colheu o que plantou. - Me apertou em seus braços. - Eu não podia aceitar que ele destruísse a vida da Sofia mais uma vez. Eu já errei uma vez, não quero errar duas e muito menos ser parecida com ele.
Lucas: Vocês dois são completamente diferentes. - Beijei sua testa.
Bárbara: Você sabe o quanto me deixa feliz ouvir isso.

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