Capítulo 37

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     • Sofia •
Sofia: Faça isso. Se o senhor ainda ama essa mulher corre atrás e não desiste.
Nícolas: Obrigado. - Pegou na minha mão. - Acho que em dois anos que você trabalha aqui essa é a primeira vez que conversamos algumas coisas que não diz respeito a trabalho.
Sofia: Verdade. - Sorri. - Acho que foi falta de oportunidade.
Nícolas: Agora me conta um pouco sobre você.
Sofia: Não tenho muito o que falar.
Nícolas: Me conta sobre os teus pais. Você nunca fala nada sobre eles.
Sofia: Minha mãe sumiu do mapa quando eu tinha uns 10 anos mais ou menos e deixou eu e a minha irmã com meu padrasto. Até um tempo atrás eu odiava ela, mas acabei encontrando uma carta que ela deixou pra mim e acabei entendo seus motivos.
Nícolas: E o teu pai?
Sofia: Não conheço ele.
Nícolas: Mas sabe alguma coisa dele? - Neguei.
Sofia: Não sei nem o nome. Quem sabe um dia eu encontre a minha mãe e ela me ajuda a encontrar ele.
Nícolas: Teu pai não sabe o que tá perdendo. Você é uma menina de ouro.
Sofia: Se eu fosse tão de ouro assim acho que nenhum dos dois teria ido embora. - Encolhi meus ombros.
Nícolas: Tudo nessa vida tem uma explicação. Você não sabe o que levou ele a fazer isso.
Sofia: Tem razão. O Senhor tem filhos?
Nícolas: Tenho. - Tirei meus olhos dele e os levei até a moto que vinha em nossa direção, com uma velocidade absurda. Parece a moto do Lucas. Assim que a moto parou na calçada tive certeza que era ele.
Sofia: Precisa correr desse jeito? - Briguei. Odeio quando o Lucas corre.
Lucas: Precisa. - Ele me parecia agoniado. - A mãe acabou de me ligar, parece que deu um problema lá na nossa casa.
Sofia: O que aconteceu? - Me preocupei.
Lucas: Não sei. A mãe disse que é urgente, a gente precisa ir pra lá agora. - Peguei minha mochila, coloquei nas costas e abracei Seu Nicolas rapidamente.
Nícolas: Cuidado na estrada. Não vão correndo, já tá escurecendo, é perigoso. - Peguei o capacete da mão do Lucas e coloquei-o na cabeça em tempo recorde. - Vão com Deus.
Sofia: Fica com Ele.
Embarquei na garupa do Lucas e logo em seguida ele ligou a moto. Assim que ele arrancou senti meu corpo ser jogado pra trás.
Sofia: Vai com calma! - Segurei ainda mais forte a sua cintura.
Lucas: Desculpa, é que eu tô nervoso.
Sofia: E eu não tô?
Lucas: Desculpa de novo. - Suspirou. - O que será aconteceu? E se a casa pegou fogo, o que vamos fazer? - Me olhou pelo retrovisor.
Sofia: Eu não sei. Tenta se acalmar e diminui a velocidade, pelo amor de Deus. - Fui o caminho todo rezando pra que não fosse nada grave e que ninguém tenha se machucado. Eu nem sei o que aconteceu mas já penso que alguém se machucou. A Dona Karina não ia ligar se não fosse algo grave. Será que foi o Léo? Ah, meu Deus, proteja aquele pinguinho de gente.
Assim que chegamos em frente a nossa casa o Lucas estacionou a moto em um lugar qualquer e descemos dela praticamente correndo. Nosso desespero aumentou ainda mais quando vimos a vizinhança toda ali. Peguei na mão do Lucas e corremos até a Dona Karina e o seu Paulinho.
Lucas: O que foi que aconteceu?
Karina: Calma filho.
Sofia: Foi alguma coisa com o Léo? Ou com o Leandro? - Senti minha voz embargar.
Leandro: A gente tá bem. - Surgiu no meio da multidão segurando a mão do irmão, que correu para os meus braços assim que me viu.
Lucas: O que foi que aconteceu? Por que tá todo mundo aqui? - Perguntou agoniado.
Karina: Eu falei que não era nada grave. - Sorriu.
Lucas: A senhora disse que era um problema.
Karina: Respira vocês dois. Vai, respira fundo. - Fiz o que ela pediu.
Paulo: Sabe por que tá o bairro todo aqui? - Eu e o Lucas negamos simultâneamente. - Eles querem entregar isso a vocês. - Nos entregou uma chave.
Karina: Enquanto vocês estavam lá em Patos todo mundo ajudou um pouquinho e terminamos de arrumar a casa de vocês. - Me ajoelhei no chão e comecei a chorar, logo em seguida senti o Lucas me abraçar.
Sofia: Obrigada. - Levantei meu rosto e vi meu melhor amigo ali e os meus colegas de trabalho.
Carol: Não te damos carona propositalmente. Todo mundo queria tá aqui.
Lucas: Obrigado. Obrigado. - Me ajudou a levantar.
Vinicius: Eu fiz uma cesta e vendi algumas rifas na faculdade e no meu trabalho. Juntei todo o dinheiro e dei a geladeira pra vocês. - Fui até ele e o abracei forte.
Sofia: Obrigada. - Molhei sua camiseta com as minhas lágrimas.
Vinicius: Vocês merecem. - Alisou meus cabelos.
Bruno: A casa de vocês tá pronta, Sô. - Aos poucos abracei pessoa por pessoa ali. Eu não sei dizer quem tem o sorriso mais largo, se é eu ou o Lucas.
Antônia: Eu não podia dar muito então comprei um jogo de toalhas de banho.
Sofia: Obrigada. - Até a mãe do meu melhor amigo tá aqui! Eu queria dizer mais algumas palavras, mas nada saía. Hoje é um dos dias mais emocionantes da minha vida.
Lucas: Eu não sei como agradecer vocês por isso. - Secou o rosto e me puxou pra perto dele. - Eu imaginei que a casa tivesse pegando fogo, mas não Imaginei que vocês fossem fazer essa surpresa. Eu vou ser grato a vocês o resto da minha vida. - Voltou a chorar.
Sofia: Eu nunca imaginei que fossemos tão especiais assim pra vocês.
Joanna: Você e o Lucas são pessoas maravilhosas, nós não fizemos nem metade do que vocês merecem. Você já passou por muita coisa ruim menina, chegou a nossa vez de te dar todo o amor que você merece. - A Dona Joana é minha vizinha há anos, eu nunca imaginei ouvir palavras tão bonitas vindo dela. - Ninguém percebeu que você sofria e mesmo assim você continuou de pé. Firme e forte. Você é uma guerreira, é um orgulho a ser seguido. - Mais lágrimas rolaram pelo meu rosto. - Você merece toda felicidade do mundo e merece alguém que ame cada pedacinho de você. E eu tenho certeza que você já encontrou. - Olhei para o Lucas e trocamos um sorriso muito mais que sincero.
Paulo: Não vão ver como a casa de vocês ficou? - Tocou meu ombro.
Sofia: Vamos. Obrigada seu Paulinho.
Paulo: Eu não fiz nada, minha filha. - Beijou minha testa. Peguei as chaves das mãos dele e segurei firme a mão do Lucas. Assim que abri a porta da nossa voltei a chorar.
Lucas: É a nossa casa. - Me abraçou forte. O primeiro cômodo que vimos foi a cozinha e a sala que são separados por uma espécie de murinho. Admirei a mesa, o sofá. A TV que a gente nem sabia quando ia conseguir comprar. Admiramos o banheiro e por fim o nosso quarto.

• Lucas •
Eu vou ser grato a essas pessoas o resto da minha vida. Eu a Sofia andamos pela nossa casinha pelo menos 3 vezes em 5 minutos.
Lucas: Tô tão feliz. - Abracei minha Ruiva.
Sofia: Acho que isso é um sonho. - Rodeou minha cintura com seus braços. Ficamos namorando nosso cantinho por mais uns minutos e depois fomos nos juntar aos nossos vizinhos.
Ficamos até tarde agradecendo cada um deles. Por fim restou os colegas de trabalho da Sô, o Vini e a minha família.
Lucas: Ainda não consigo acreditar que isso é real. - Me sentei na varanda em frente a casa. Eu nem imaginei que teríamos uma varanda.
Sofia: Nunca vou cansar de agradecer vocês.
Gustavo: Nos agradeça sendo feliz.
Sofia: Eu vou ser. - Sorriu pra mim e enlaçou nossos dedos.
Leandro: E esse climinha aí?
Lucas: A gente tá namorando.
Vinicius: Não acredito! - Gritou. - Caramba, eu tô muito feliz. - Abraçou eu a Sofia ao mesmo tempo.
Karina: Minha nora dos sonhos. - Abraçou minha Ruivinha, que soltou a minha mão pra retribuir o abraço da sogra.
Paulo: Me diz se eu não tenho a nora mais bonita desse mundo! Parabéns, filho. - Me abraçou.
Lucas: Obrigado, pai. - Assim que desfiz o nosso abraço vi a Bárbara chegando.
Bárbara: Oi. - Sorriu de lado. Apenas meneei a cabeça.
Sofia: Oi. - Sorriu. - Como você tá?
Bárbara: Tô bem. - Sorriu um pouco acanhada. - Queria ter vindo antes mas, fiquei com vergonha e com medo que você me expulsasse.
Sofia: Você sabe que eu nunca faria isso. Temos nossas desavenças mas você ainda continua sendo minha irmã. Bruno: Nós já vamos indo. - Beijou o rosto da Sofia e me abraçou de lado. - Cuida bem dela.
Lucas: Vou cuidar. Obrigado mais uma vez. - O pessoal da lanchonete foi embora e o Vini aproveitou carona.
Sofia: Vamos entrar pra gente conversar. - Segurou na mão da irmã.
Bárbara: Tem certeza? - Olhou para Sofia e depois pra mim.
Lucas: Entra.
Bárbara: Obrigada. - Sorriu pra mim.
Karina: Nós também já vamos indo, filho. - Falou assim que as duas entraram na casa.
Lucas: Fica mais um pouco.
Karina: Tá tarde e o seu irmão já tá quase capotando. - Olhei para o Léo e toquei seus cabelos.
Paulo: Gostou da surpresa?
Lucas: Gostar é pouco. - Sorri. -Tô anestesiado ainda. Acho que nunca vou esquecer esse dia.
Paulo: Fizemos tudo com muito amor.
Lucas: Não tenho dúvidas disso. Como conseguiram nos enganar esse tempo todo? Vocês venderam rifas por aqui e nem eu, nem a Sô não ficamos sabendo de nada.
Karina: Não foi muito difícil enganar vocês. A Sofia não saia de casa e você não fazia outra coisa a não ser cuidar dela. Mesmo que alguém falasse você nem ia reparar.
Leandro: Você é muito lerdo.
Lucas: Obrigado. - Forcei um sorriso.
Leonardo: Lu. - Abriu os olhinhos e levantou o rosto que minutos atrás estava encostado no ombro do pai.
Lucas: Oi?
Leonardo: Eu ajudei também sabia?
Lucas: Sério? - Abri um sorrisão.
Leonardo: Eu que escolhi o sofá.
Lucas: O sofá foi o que eu mais gostei na casa toda. Mas não conta pra ninguém.
Leonardo: Não vou contar. - Deu uma risadinha. - Eu coloquei um presente pra você e pra Sô lá em baixo do travesseiro. - Olhei para mãe.
Karina: Eu não estava sabendo disso.
Lucas: Obrigado Campeão. - Troquei mais algumas palavras com eles, que não demoraram a ir pra casa. Trouxe a moto pra mais perto de casa e isso fez eu reparar uma outra área atrás de casa. Fui até lá e encontrei uma máquina de lavar, um tanquinho e mais um espaço livre pra guardar a minha moto. Estacionei ela ali bonitinha e entrei em casa, fechando a porta da cozinha. Assim que me virei de frente vi a Sofia e a Bárbara conversando em volta da mesa.
Bárbara: A casa é muito bonita. - Sorriu. - Vocês merecem e muito isso tudo o que fizeram.
Sofia: Nem eu, nem o Lucas esperávamos essa surpresa que fizeram. Isso ainda parece um sonho.
Bárbara: Você merece momentos assim. - Falou pegando a mão da irmã. Confesso que tô muito surpreso da Bárbara estar aqui e mais surpreso ainda por ela estar em missão de paz. Convenhamos que isso não faz muito o estilo dela. Abri alguns armários e vi que estavam todos lotados de coisa. Ali tem de tudo. Cara, nós temos os melhores amigos, vizinhos e família do mundo.
Lucas: Vou fazer um café pra gente.
Sofia: Fecha a porta da da sala. - Passei para a sala e fechei a porta. Peguei as coisas pra fazer o café mas meu ouvido estava ali, na conversa das duas.

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