Capítulo 49

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    • Sofia •
Acordei me sentindo péssima, chamei pelo Lucas mas ele não apareceu. Então me levantei e fui a sua procura, mas também não o encontrei em lugar nenhum. Olhei no relógio e vi que numa hora dessas ele já está na loja, com a cobra de saia.
Olhei para o sofá e vi suas coisas ali. Pelo menos ele dormiu em casa. Caminhei até o sofá e me deitei no seu lugar. Senti seu perfume e a minha garganta fechou. Não queria ter brigado ontem, mas o assunto Gláucia me tira do sério.
Ouvi batidas na porta, então me levantei, enxuguei meu rosto e fui atender. Assim que abri a porta vi meu melhor amigo e a minha irmã.
Bárbara: Bom dia. - Me abraçou forte.
Sofia: Bom dia. - Sorri forçado. - Entrem.
Vinicius: Você estava chorando? - Me abraçou e eu assenti com a cabeça.
Sofia: Tive uma briga feia com o Lucas ontem. - Nos sentamos no sofá e eu contei tudo. - Eu me sinto horrível! - Solucei.
Bárbara: Desculpa Sô, mas ultimamente você anda pegando pesado com o Lucas. Ele tá sempre do seu lado e vez ou outra do nada você dá uma patada no coitado.
Vinicius: Eu concordo com a Bárbara.
Bárbara: Ele me ligou hoje de manhã, todo preocupado com você e me pediu pra te fazer companhia. Se fosse outro não estaria nem ligando. - Funguei
Sofia: Eu sei que eu tô errada, mas ele também não colabora.
Vinicius: O problema principal é a gerente não é? - Assenti.
Sofia: Eles vão ir pra Patos no sábado. Eu fico louca com isso! Por que não pode ser outra pessoa? O Lucas não faz nada pra afastar ela, aí eu me irrito ainda mais e acabo falando coisa que não devo.
Vinicius: Casamentos são assim. - Ficamos a manhã toda no sofá conversando, chorando e assistindo desenho. Quem fez o almoço foi a Bárbara, mas eu mal consegui tocar na comida.
Bárbara: Não gostou do meu tempero?
Sofia: Gostei, eu só tô um pouco enjoada. - Afastei o prato. - Ontem passei mal de novo.
Vinicius: Acho que tá na hora de você procurar um médico.
Sofia: Tô a ponto de fazer isso.
Bárbara: O que tá sentindo?
Sofia: Só enjôo.
Bárbara: E das outras vezes?
Sofia: Dor nas costas, azia, mal estar, vontade ficar deitada. Acho que vou ficar doente.
Vinicius: Você não tá achando esses sintomas muito estranhos, não?
Sofia: Não. Vou deitar. - Sai da mesa e me joguei no sofá. Ouvi o Vini e a Bárbara cochichando mas não dei importância. Quando eles terminaram de comer se juntaram a mim. - Eu voltei a engordar, tem duas calças minhas que estão apertadas e quase não entraram. O pior é que eram as minhas calças preferidas. - Lamentei.
Vinicius: Agora que você falou eu reparei, mas você não engordou muito, não. - Me analisou.
Bárbara: Já passou pela tua cabeça que esses sintomas e esses enjôos pode ser gravidez? - Me olhou.
Sofia: Não. Não pode ser gravidez. - Arregalei os olhos.
Bárbara: Você e o Lucas agora dormem juntos.
Sofia: Mas a gente se cuida. Quer dizer, mais ou menos. - Passei as mãos nos cabelos. - E se eu estiver grávida, o que eu vou fazer? - Olhei para os dois aflita. - Não pode ser. - Passei as mãos nos cabelos.
Vinicius: Faz um teste de farmácia pra tirar a dúvida.
Sofia: Você compra pra mim?
Vinicius: Compro.
Sofia: Vou lá pegar o dinheiro.
Vinicius: Não precisa. Eu já volto. - Ele saiu correndo da minha casa e voltou minutos depois com três testes nas mãos. - Vai lá fazer. - Corri para o banheiro, fiz o que manda no verso da caixinha e fiquei esperando. - E aí?
Sofia: Tem que esperar um pouco. - Me sentei no sofá com os três testes nas mãos. - Tô nervosa.
Bárbara: Dois traços é o quê?
Sofia: Positivo. - Olhei para os testes e todos eles deram positivos. Larguei-os no meu colo e comecei a chorar.
Vinicius: Parabéns amiga! - Me abraçou.
Bárbara: O Lucas vai ficar tão feliz. - Bateu palmas toda faceira.
Sofia: E se não for do Lucas? - Meu choro se intensificou e os dois ficaram em silêncio. Sai dos braços do Vini e fiquei de pé. - E se esse filho for do Gabriel?
Vinicius: Não pensa nisso agora. - Se levantou e parou do meu lado.
Bárbara: O Lucas vai amar essa criança, mesmo que não seja filho dele.
Sofia: Será que eu vou conseguir olhar pra essa criança sem sentir ódio do pai dela? - Funguei. - Eu não sei o que pensar. Eu sei que a criança não tem culpa, mas será que eu vou conseguir amá-la?
Bárbara: Não pensa que é do pai, pensa que é do Lucas. Vai ser melhor assim. - Passei as mãos pelo rosto e enxuguei minhas lágrimas.
Sofia: Não contem pra ninguém ainda, por favor.
Bárbara: Você não tá pensando em abortar, está?
Sofia: Claro que não. - Respirei fundo e olhei pra cima, na intenção de impedir que mais lágrimas rolassem.
Vinicius: Por que você não se arruma e vai buscar o Lucas na loja? Vocês fazem as pazes e você aproveita e conta a novidade pra ele.
Bárbara: Não fica sofrendo sozinha. - Alisou meu rosto. - Dividi isso com ele.
Sofia: Eu vou trocar de roupa. - Vesti uma roupa mais apresentável, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e voltei para a sala.
Vinicius: Tenta dá apenas um sorriso.
Sofia: Não consigo.
Bárbara: Ainda não tô acreditando que eu vou ser tia. - Sorriu largo e levou a mão até a minha barriga. - Desculpa Sô, mas eu tô muito feliz.
Sofia: Era o teu sonho. - Sorri de lado.
Vinicius: Eu te deixo no centro e depois vou pra casa.
Sofia: Obrigada. - Abracei os dois. - Obrigada pela companhia e por terem cuidado de mim tão bem.
Bárbara: Irmã e melhor amigo são pra essas coisas. - Beijou minha testa.
Deixamos a Bárbara em casa e depois o Vini me deixou perto da loja onde o Lucas trabalha, me despedi dele com um abraço apertado e sai do carro. Senti vontade chorar quando passei em frente a uma loja de bebês, mas consegui me segurar. Andei por mais alguns metros e entrei na loja. Uma moça muito simpática me levou até onde o Lucas estava, e para a minha tristeza ele estava no maior papo com a Gláucia, ele estava de costas pra mim por esse motivo não me viu, mas acredito que a cobra de saia tenha me visto.
Lucas: Eu amo. - Ao ouvir isso dei mais alguns passos e vi meu mundo desmoronar ainda mais.
Glaucia: Eu também. - Ela sorriu e pulou em seus braços, juntando seus lábios logo em seguida. Fiquei ali olhando na esperança que o Lucas a afastasse mas isso não aconteceu. Ele levou as mãos até o rosto dela e deu continuidade no beijo, da mesma forma que faz comigo. Meus olhos se encheram e eu não consegui impedir que as lágrimas rolassem. Me virei para sair e no primeiro passo trombei com alguém, que esbarrou em alguma coisa que fez um estrondo. Com o barulho o Lucas se afastou da Gláucia e me olhou arregalado.
Lucas: Sofia. - Desviei da pessoa e praticamente corri dentro da loja. - Sofia! - Chamou mais alto.
Sofia: Não vem atrás de mim! - Falei no mesmo tom. Eu não conseguia enxergar quase nada por causa das lágrima. Sai da loja e corri o mais rápido que consegui para uma rua mais calma. Me encostei na parede e deixei que as lágrimas viessem com força total. Ontem mesmo ele me disse que nunca me trairia com a Gláucia e eu hoje vejo os dois aos beijos.
Andei pelas ruas chorando, sem nem me importar com o que as pessoas pensariam. Fui até o terminal de ônibus e peguei um que passa em frente a lanchonete. Assim que cheguei no meu destino, entrei na lanchonete ainda chorando e me joguei nos braços do meu pai.
Nícolas: O que aconteceu? - Me abraçou enquanto eu soluçava. - Pelo amor de Deus, Sofia, me diz o que aconteceu. Você foi assaltada? - Neguei.
Sofia: Foi o Lucas, pai. Ele me traiu.
Nícolas: Vamos para a minha sala. Bruno, leva uma água pra mim, por favor?
Bruno: Já tô levando. - Assim que entramos na sala, me sentei no sofá e chorei de cabeça baixa. - Tá aqui Seu Nícolas.
Nícolas: Obrigado. - Ouvi a porta ser fechada e o meu pai se sentar​ ao meu lado com um copo d'água nas mãos. - Toma. Tenta se acalmar e me conta o que aconteceu. - Bebi tudo o água e deitei minha cabeça em seu peito.
Sofia: Eu fui até a loja e vi o Lucas beijando a gerente. Pai, ele disse que ama ela.
Nícolas: Você não entendeu errado? - Me apertou.
Sofia: Não. Eu vi e ouvi, muito bem. - Solucei. - Por que ele fez isso comigo? Justo agora!
Nícolas: Errar é humano, filha.
Sofia: Tá doendo tanto. - Me afastei. - Por que eu nunca consigo ser feliz de verdade?
Nícolas: Eu não sei. - Segurou minha mão.
Sofia: Me sinto enjoada. Preciso vomitar! - Corri para o banheiro e joguei tudo pra fora. Quando o vômito cessou, me sentei no chão e encostei minha cabeça na parede. A todo instante a minha mente me fazia reviver o momento de horas atrás.
Nícolas: Tá tudo bem? - Entrou no banheiro e se sentou ao meu lado.
Sofia: Tá. - Fechei meus olhos.
Nícolas: Eu liguei para a Suzana, daqui a pouco ela tá aqui. - Assenti. Meu estômago embrulhou​ novamente e mais uma vez vomitei. - Você precisa ver o que é isso.
Sofia: Eu já sei o que é. - Me levantei e passei uma água na boca. Saímos do banheiro, assim que me deitei no sofá a Suzana chegou e me abraçou forte, e mais uma vez as lagrimas vieram. Pra falar a verdade elas não cessaram um minuto se quer.
Suzana: Teu pai me contou tudo, eu sinto muito. Você sempre teve o pé atrás com essa gerente.
Sofia: Ontem nós brigamos por esse motivo, ele achava que a errada era eu.
Nícolas: E no fundo você já sabia de tudo.
Sofia: É. - Me sentei. - Eu não quero voltar pra casa e muito menos vê o Lucas.
Suzana: Fica lá em casa hoje. - Tirou uma mecha de cabelo do meu rosto.
Sofia: Eu só preciso pegar uma muda de roupa. Preciso contar uma coisa pra vocês, mas ainda não quero que ninguém saiba, principalmente agora.
Nícolas: O quê é? - Segurou a minha mão.
Sofia: Eu tô grávida! - Minha voz falhou. - Só quem sabe é o Vinicius e a Bárbara, e agora vocês.
Suzana: Você tá de quanto tempo? - Perguntou cautelosa.
Sofia: Não sei ainda, só fiz o teste de farmácia. Tô com medo de fazer as contas e o filho ser do Gabriel. Eu não sei o que fazer!
Nícolas: Filha. - Me puxou para os seus braços. - Mesmo que seja dele, você tem que pensar que é seu também. Essa criança vai ser só sua e do Lucas. Independente de quem seja o pai, eu vou amá-lo muito e tenho certeza que você também.
Sofia: E se eu não conseguir?
Suzana: Você vai. Nós estamos com você.

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