Capítulo 24

48 5 0
                                    

    • Sofia •
Comemos em meio a brincadeiras. Isso me fez lembrar de quando o Leandro era pequenininho e eu e o Lucas, inventavamos mil e uma brincadeiras para ele, só pra ouvir sua gargalhada gostosa.
Sofia: Sabe que eu ainda lembro de você pequeno?
Leandro: Sério? - Assenti com a cabeça. - Queria me lembrar de você também. - Torceu a boca. - A mãe sempre conta histórias tua e do Lucas. Vocês eram grudados né?
Sofia: Éramos. Nosso grude passava pra você também. - Ele sorriu. Contei algumas histórias pra ele e depois fui tomar banho com a ajuda da Karina.
Karina: Eu preciso ir trabalhar, mas se precisar de alguma coisa você pode chamar o Paulinho ou o Leandro. Se não se sentir segura liga para o Lucas, tenho certeza que ele vai te ajudar.
Sofia: Obrigada.
Karina: Teus remédios estão aqui, tem tudo anotado. Se caso você esquecer não se preocupe porque eu já passei tudo pro Paulinho, aquele lá não esquece de nada. - Riu. - Eu vou indo. Fica bem! - Beijou minha testa.
Sofia: Que Deus proteja a Senhora.
Karina: Amém. - Ela sorriu pra mim e saiu do quarto. Aproveitei esse momento sozinha pra olhar cada cantinho daquele lugar. O perfume do Lucas tá aqui, sinto ele até nas paredes. Acho que tô enlouquecendo! Virei meu rosto e direcionei meu olhar para a nossa foto no criado mudo. Como o mundo dá voltas, eu jamais imaginaria que um dia eu seria livre e poderia reatar essa amizade de anos atrás.
Leandro: Já tá com saudade dele? - Virei meu rosto de presa e olhei para o Leandro, que estava escorado no batente da porta.
Sofia: Não. - Sorri um pouco acanhada. - Você falou com ele hoje?
Leandro: Falei. - Me respondeu vindo até a cama e se sentando ao meu lado. - Ele ligou quando você saiu com o Vinicius.
Sofia: Ele tá bem?
Leandro: Sim. Ele mandou dizer que tá com saudade de ti. - Abri um sorrisão. - O que vocês dois tem?
Sofia: Nada, somos só amigos.
Leandro: Eu sou teu amigo, o Lucas não. Tem algo a mais entre vocês dois, é notável a quilômetros de distância. O Lucas nunca se preocupou assim com ninguém antes. Ele da a vida por você se for preciso.
Sofia: Talvez seja porque ele lembra da nossa amizade.
Leandro: Não. Acho que eu não faria pelos meus amigos nem metade do que o Lucas fez por você. Abre os olhos Sô.
Sofia: Vou abrir. - Sorri.
Leandro: Eu tenho um pensamento. - Reprimiu um lábio no outro.
Sofia: E qual é? - Arrumei minha cabeça no travesseiro.
Leandro: Acho que você e o Lucas namoram escondido.
Sofia: Seu pensamento está muito errado.
O domingo chegou e com ele a família do Lucas. Me enturmei com as tias dele, mas nem isso fez com a saudade amenizasse. Tudo o que eu mais queria era o Lucas aqui, do meu lado.
A família toda me tratou bem e em momento algum tocaram no assunto Gabriel. Todos eles me trataram como se eu já tivesse nascido ali, como se eu fosse dá família. Isso me fez bem. Pela primeira vez em anos, consegui saber como é ter uma família.
O dia se passou assim sem muito agito, mas muito animado.
Um pouco antes da Karina ir para o hospital ela me ajudou no banheiro, e assim que cai na cama dormi.
Acordei no meio da madruga com cor nas costelas. Com um pouco de dificuldade me virei na cama e assim que me deitei para o outro lado vi o Lucas deitado em uma cama improvisada no chão, bem do ladinho da minha cama. Sorri mesmo sem ele poder ver. Sua feição era de cansaço. Mesmo assim ele é bonito. A boca entreaberta, alguns fios de cabelo na testa, isso o deixa ainda mais atraente.
Tem vezes que acho que ele é um tipo de pintura desenhada a mão, de tão bonito que é.
Velei seu sono por alguns minutos e peguei no sono me sentindo protegida. Agora tenho o meu Defensor bem aqui, do meu lado.
Lucas: Ei, acorda. - Senti sua mão grande afagar meus cabelos. - Sô. - Apertei meus olhos algumas vezes e quando os abri encontrei um par de lindos olhos castanhos me olhando. - Bom dia. - Sorriu.
Sofia: Bom dia. - Bocejei.
Lucas: Dormiu bem?
Sofia: Muito bem e você? - Será que ele não cansa de ser tão perfeito?
Lucas: Também. - Beijou minha bochecha. - Tô te esperando pra gente tomar café junto. - Sorri largo.
Sofia: Me ajuda a levantar?
Lucas: Ajudo. - Com a ajuda do Lucas fiquei de pé. - Senti sua falta.
Sofia: Senti a sua também. - Abracei sua cintura.
Depois de um tempo desfiz nosso abraço e fui para o banheiro escovar os dentes e fazer minhas higienes.
Lucas: Tudo bem aí?
Sofia: Tudo. - Abri a porta do banheiro e dei de cara com ele. - Ficou todo esse tempo aí?
Lucas: Fiquei. - Seguimos pra cozinha e lá encontrei uma mesa toda arrumada.
Sofia: Cadê o resto do pessoal?
Lucas: Já saíram.
Sofia: Você não vai trabalhar hoje? - Me sentei em uma das cadeiras.
Lucas: Vou, mas é só às 10h.
Sofia: Deixa eu ver se adivinho, você conversou a gerente e ela te liberou pra chegar mais tarde hoje.
Lucas: Isso mesmo. Como sabe? - Revirei os olhos.
Sofia: Quantos anos essa mulher têm?
Lucas: 24. - Respondeu me servindo de café.
Sofia: Aposto o meu pescoço como você já dormiu com ela.
Lucas: Como sabe?
Sofia: Não é muito difícil deduzir isso. Você passou o fim de semana com ela? - Tomei um gole do meu café.
Lucas: Saímos no sábado a noite. Fomos em uma casa de shows, bebemos alguma coisa e depois fomos pra casa dela.
Sofia: Me poupe desses detalhes, por favor!
Lucas: Ela é legal.
Sofia: Deve ser mesmo. E a mulher do hospital?
Lucas: A Martinha?
Sofia: É.
Lucas: Fiquei com ela algumas vezes, mas nada sério.
Sofia: Foram só encontros casuais.
Lucas: Isso. - Sentou do meu lado.
Sofia: Aquela lá arrasta umas​ mil asas pra você.
Lucas: Acho que a frase não é bem assim. - Riu.
Sofia: Eu sei que não.
Lucas: E o Dr Gean? - Olhei pra ele.
Sofia: O quê é que tem?
Lucas: Bonitinho né?
Sofia: Muito.
Lucas: Ele estava arrastando asa pra cima de você.
Sofia: Não estava não.
Lucas: Estava sim. Aquela simpatia dele não me enganou, não. Sabia que ele pergunta por você?
Sofia: Como sabe disso?
Lucas: A mãe me contou.
Sofia: Muito fofo da parte dele.
Lucas: Muito fofo da parte dele. - Repetiu minha fala com voz menina. - É antiético dar em cima das pacientes, o Doutorzinho deveria saber disso.
Sofia: Ele não deu em cima de mim.
Lucas: Claro. - Revirou os olhos. - E aquele sorrisinho bobo dele pra cima de ti?
Sofia: Ele estava sendo simpático.
Lucas: Simpático vai ser quando eu acertar minha mão na cara dele. - Gargalhei.
Sofia: Você tá com ciúmes?
Lucas: Não. Só acho isso uma falta de profissionalismo da parte daquele lá.
Sofia: Que amor que você tá hoje. - Toquei seu braço.
Lucas: Não toca em mim! - Puxou o braço. - Toca no Doutorzinho cantador de pacientes. - Ri ainda mais.
Sofia: Não precisa ter ciúmes Luquinha.
Lucas: Luquinha o escambau. - Bufou. - Eu mandei a mãe avisar pra ele que você tem namorado.
Sofia: Desde quando eu tenho um?
Lucas: Desde o dia que ele te cantou.
Sofia: Já que eu namoro e não sei, você podia me apresentar ele né?
Lucas: Você já conhece. - Dei um gole no café. - Sou eu.
Sofia: O meu namorado é você?
Lucas: É. Não reclama não que eu sou um partidão.
Sofia: Deve ser mesmo.
Lucas: Para de rir que não tem graça.
Sofia: Parei. - Ou melhor tentei. - Desamarra essa cara. - Toquei seu rosto.
Lucas: Não. - Tomou mais um pouco de café.
Sofia: Luquinha.
Lucas: Não senhora.
Sofia: Que namorado rabugento foram me arrumar.
Lucas: Cada um tem o que merece. - Voltei a rir, fazendo ele ficar ainda mais bravo.
Sofia: Você fica muito​ bonitinho bravinho assim, sabia? - Acariciei sua bochecha.
Lucas: Nem vem com esses carinhos que você não vai conseguir me amansar.
Sofia: Ui. - Beijei seu braço e voltei a tomar meu café. Vez ou outra eu pegava o Lucas me olhando e sorrindo, mas quando ele percebia que eu notava, virava o rosto ou voltava a ficar sério. Como eu posso gostar tanto dessa pessoa rabugenta?
Lucas: Terminou de comer?
Sofia: Terminei.
Lucas: Vou te levar pra casa da vó Júlia, não vou te deixar aqui sozinha. - Levantou da mesa recolhendo as coisas.
Sofia: Ela já sabe que eu vou pra lá?
Lucas: Sabe.
Sofia: Preciso que você vá comigo na casa da Bárbara, tô precisando de mais roupas.
Lucas: E as que eu trouxe? - Arqueou uma sobrancelha.
Sofia: Estão sujas.
Lucas: Pede pra mãe lavar.
Sofia: Não, a Dona Karina já faz demais por mim. Não posso explorar ela dessa forma. - Fiquei de pé com um pouco de dificuldade. - Quando eu tiver melhor eu lavo.
Lucas: Quando eu chegar do serviço eu lavo pra você.
Sofia: Não precisa. - Caminhei até ele e fiquei em sua frente.

O DefensorOnde histórias criam vida. Descubra agora