Capítulo 20

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     • Sofia •
- Desculpa, é que ouvi ele dizer que se acostumou em te ver todos os dias, deduzi que fossem um casal.
Lucas: Tudo bem, a senhora não é a primeira que pergunta isso. - Sorriu. E que sorriso! - Ouvi uma música hoje e lembrei da gente. - Sentou ao meu lado.
Sofia: Sério?
Lucas: Seríssimo. - Respondeu enquanto tirava o celular e o fone de ouvido do bolso da calça. - Ela é a nossa cara.
Sofia: Desse jeito vão continuar pensando que somos um casal.
Lucas: Não ligo para o que os outros pensam. - Deu de ombros enquanto mexia no celular.
Sofia: Qual o nome da música?
Lucas: O Defensor. Escuta só. - Me entregou um fone e ficou com o outro. Fechei meus olhos e apreciei a letra da música.
"Mais uma vez ele te feriu
E é a última vez
Que ele vai pôr a mão em você
Te machucar, fazer sangrar
Te humilhar, fazer chorar seu coração

Não tenha medo, denuncie
Deixa ele e vem morar comigo
Deixa ele e vem morar comigo

Estou aqui, seu defensor
Eu vim pra te buscar, eu vou te amar
E onde ele bateu, eu vou te beijar
Eu só quero curar suas feridas

Não tenha medo, denuncie
Deixa ele e vem morar comigo
Deixa ele e vem morar comigo

Porque eu sou seu anjo
Seu defensor, te amo
E enquanto eu tiver vivo
Eu vou te defender, meu amor
Nunca mais ele vai te bater"
Quando a música terminou meus olhos estavam cheios de lágrimas. Levantei meu rosto e encontrei os olhos dele.
Lucas: Eu não disse que é a nossa cara? - Sorriu, enquanto colocava o celular e os fones dentro da mochila.
Sofia: Disse. - Respondi enquanto enxugava algumas lágrimas.
Lucas: Essa agora é a nossa música. - Se sentou meu lado.
Sofia: Me ajuda a deitar?
Lucas: Ajudo. - Ele se levantou, colocou uma das mãos nas minhas costas e me inclinou para trás. - Assim tá bom?
Sofia: Tá. Obrigada. - Peguei em sua mão assim que ele se sentou na poltrona. - Senta aqui comigo.
Lucas: Vou me sentir apertado aí. - Ri.
Sofia: Espaçoso.
Lucas: Só um pouquinho. Levei um susto quando fui lá no outro quarto e não te encontrei, pensei que você tinha fugido.
Sofia: Não consigo nem me levantar sozinha, quem dirá fugir. - Ele riu. - Imaginei que você ia ficar preocupado.
Lucas: Passou bem a noite?
Sofia: Mais ou menos, senti bastante dor durante a madrugada. Mas agora já tô bem melhor. Já até posso dar alguns passos.
Lucas: Que bom. - Sorriu. - Tem previsão de alta?
Sofia: Se eu continuar bem, amanhã já posso ir pra casa.
Lucas: Que maravilha. - Ele levou minha mão até seus lábios e a beijou. - O Léo tá louco pra te ver.
Sofia: Que amor. - Sorri largo.
Vinicius: Seu amor sou eu! - Olhei pra porta e lá estava ele.
Sofia: Vini! - Minha vontade é pular dá cama e correr para os braços dele.
Vinicius: Minha bolinha. - Ele veio apressado até a minha cama e me abraçou como pôde. - Fiquei tão preocupado. - Beijou minha testa.
Sofia: Eu vou ficar bem. - Olhei em seus olhos. - Você tá melhor?
Vinicius: Eu quem deveria tá perguntando isso, você não acha? - Riu. - Tô quase 100%. Trouxe uma coisa pra você .
Sofia: O que é? - Ele tirou uma das mãos das costas e me entregou uma Rosa. - Que linda. Obrigada.
Vinicius: Por nada. - Beijou meu rosto e cumprimentou o Lucas com um toque de mãos. - E aí Defensor, como você tá?
Lucas: Até você já tá me chamando assim? Tô bem graças a Deus.
Vinicius: Que bom. - Respondeu se sentando ao meu lado. - Passei na lanchonete quase agora e o pessoal mandou avisar que vai vim te visitar. - Sorri. - O Seu Nícolas mandou você se recuperar logo que aquilo lá não é o mesmo sem você.
Lucas: Tá podendo hein gatinha. - Sorri.
Vinicius: Não se comenta outra coisa na cidade que não seja o ato heróico do Lucas. - Tocou no meu braço.
Lucas: Nem foi tão heróico assim.
Sofia: Foi sim, você salvou a minha vida. - Levei a rosa que o Vini me deu até o nariz e Inalei seu perfume.
Vinicius: Gostou do presente?
Sofia: Muito. Essa é a primeira rosa que ganho na vida. - Ficamos conversando durante um bom tempo, o assunto só cessou um pouco quando meu almoço chegou. Precisei da ajuda do Lucas pra comer, movimentar o braço várias vezes faz a costela doer.
Vinicius: Tem que comer tudo Sosó.
Sofia: Não cabe mais. - Falei pela quarta vez.
Lucas: Última colherada.
Sofia: Não.
Lucas: Por favor. - Bufei e abri a boca, que ele tratou de encher de comida. - Viu, não morreu. - Revirei os olhos.
Sofia: Agora tá na hora de vocês ir comer.
Vinicius: Eu comi antes de vim pra cá.
Sofia: Você eu sei que não comeu. - Olhei para o Lucas.
Lucas: Vou ir na lanchonete aqui do hospital mesmo, daqui a pouco eu tô de volta. - Ficou de pé e beijou minha testa. - Você fica com ela? - Olhou para o Vinicius.
Vinicius: Claro, pode ir sossegado.
Lucas: Obrigado. - O Lucas colocou meu prato vazio em cima da pequena cômoda, pegou a mochila e saiu do quarto me mandando beijos no ar.
Vinícius: Ele é um amor, não é?
Sofia: É. - Voltei a olhar para o meu amigo. - O Lucas tá sendo um verdadeiro Príncipe comigo.
Vinicius: Cuidado pra não se apaixonar.
Sofia: Você sabe que eu não me apaixono.
Vinicius: Isso era antes, agora você tá livre, leve e solta, e pode fazer o que quiser.
Sofia: Isso é verdade, mas me apaixonar não está nos meus planos.
Vinicius: Isso nunca está nos planos de ninguém. O amor simplesmente chega e entra, não tem esse lance de pedir permissão.
Sofia: Você anda muito entendido sobre o amor, não acha não?
Vinicius: Menina, eu sou o próprio amor. - Gargalhei e gemi logo em seguida.
Sofia: Não posso rir que dói. - Fiz careta.
Vinicius: Às duas costelas doem muito?
Sofia: Bastante, as vezes tenho um pouco de dificuldade pra respirar, mas ainda assim estou melhor que ontem.
Vinicius: Menos mal então. - Pegou na minha mão. - Minha mãe te mandou um beijo.
Sofia: Manda outro pra ela.
Vinicius: Você já sabe o que vai fazer daqui pra frente?
Sofia: Ainda não. - Suspirei. - Minha cabeça tá muito confusa ainda, meus sentimentos estão à flor da pele, tô com muita medo também, é como se a qualquer momento o Gabriel fosse aparecer e me matar. Eu sei que ele tá preso mas é impossível não pensar assim. Depois de tantos anos presa, viver em liberdade é algo extremamente diferente.
Vinicius: Eu posso imaginar. - Sorriu de lado. - Por que nunca me contou nada?
Sofia: Por medo. Não pense que é por falta de confiança porque não é, eu só tinha medo que ele cumprisse as ameaças que fazia. Ele não ameaçava só a mim, mas a você também e isso depois de um tempo passou a envolver o Lucas também. Eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com um de vocês dois.
Vinicius: Mesmo em desespero você nunca esqueceu da gente.
Sofia: Como eu iria esquecer das únicas pessoas que gostam de mim de verdade?
Vinicius: Não fala assim se não eu vou chorar. - Fungou. - Eu amo você bolinha.
Sofia: Amo você também. - Sorri mesmo estando com os olhos inundados. Essas declarações mexem demais comigo, talvez seja porque eu nunca escutava palavras assim serem direcionadas a mim.
(...)
Enfermeira: Se sentir qualquer coisa manda o Lucas me chamar. - Me ajudou a deitar e saiu do quarto. Caminhei do banheiro até aqui e não senti muita dor, já é um grande avanço.
Lucas: Deixa eu ver se tá cheirosa. - Cheirou minha testa.
Sofia: Acabei de sair do banho, é claro que tô cheirosa.
Lucas: Para de ser chata! - Mordeu minha bochecha.
Sofia: Doeu.
Lucas: Manhosa. Gostei do cheirinho do sabonete. - Sorriu e foi se sentar na poltrona.
Sofia: Vai passar a noite aqui? - Afundei minha cabeça no travesseiro e olhei para o Lucas. O Vini foi pra casa no final da tarde, prometendo que viria me ver mais vezes.
Lucas: Vou.
Sofia: E a facul?
Lucas: Eu pego as coisas com o Vini depois.
Sofia: Tô me sentindo mal.
Lucas: Por que? - Deu um pulo da poltrona. - Vou chamar a enfermeira.
Sofia: Não é esse tipo de mal. - Revirei os olhos. - Você faltou o trabalho hoje a tarde e agora a facul, por minha culpa.
Lucas: Não me mata do coração, pelo amor de Deus. - Levou uma das mãos até o peito. - Não precisa se sentir assim, tô fazendo isso porque eu quero, não porque você tá me obrigando. Se fosse ao contrário tenho certeza que você não sairia do meu lado um segundo se quer.
Sofia: Ainda bem que sabe. - Sorri pra ele, que se sentou na beirada da cama.
Lucas: Tá com sono?
Sofia: Não muito. - Bocejei.
Lucas: Percebi. - Riu enquanto levava uma das mãos até os meus cabelos.
Sofia: Não vi a tua mãe hoje.
Lucas: É que ela tá em outro setor.
Sofia: Ah.
Lucas: Vou tomar um banho rapidinho e já volto, tá?
Sofia: Trouxesse roupas?
Lucas: Sim. Você tá bem? Posso ir mesmo?
Sofia: Tô, pode ir. Se eu precisar de alguma coisa eu peço pra alguém.
Lucas: Tá. - Beijou minha testa. - Eu não demoro.

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