Capítulo 50

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    • Lucas •
Lucas: Você não devia ter me beijado! - Gritei com a Gláucia, assim que voltei das ruas e não encontrei a Sofia.
Gláucia: Eu não te beijei sozinha, você retribuiu.
Lucas: Inferno! - Me sentei em uma das cadeiras. - O que eu vou fazer agora? A Sofia nunca vai me perdoar. Seu burro! - Me esmurrei. - Eu devia ter escutado ela. - Fiquei de pé e sai da sala da Gláucia. Passei na outra sala e peguei as minhas coisas.
Glaucia: Onde você vai?
Lucas: Atrás da minha mulher.
Gláucia: Se você sair de dentro dessa loja você está no olho da rua. - Falou alto o suficiente pra todo mundo que estava na loja escutar.
Lucas: Ótimo! Amanhã eu volto pra acertar as coisas.
Gláucia: Volta aqui Lucas!
Lucas: Eu não sou mais teu funcionário. - Sai da loja e corri até o estacionamento. Peguei a moto e fui direto pra casa, mas ela não estava lá. Então fui pra lanchonete e lá o Seu Nícolas me disse que a Sofia não queria me ver e que não estava lá.
Voltei pra casa e o arrependimento me fez companhia. Como eu fui burro! Por que eu aceitei aquele beijo? No fim das contas a Sofia estava certa em desconfiar de mim.
Eu perdi a mulher da minha vida por causa de uma besteira.
Durante o restante do dia e da noite chorei de arrependimento e culpa. Nunca vou me perdoar por ter feito isso.
Acordei ouvindo um barulho no quarto. Me levantei depressa e vi a Sofia.
Sofia: Eu não queria te acordar. - Falou baixo. - Só vim pegar algumas coisas.
Lucas: Onde você passou a noite? Fiquei preocupado. - Caminhei até ela, que se afastou.
Sofia: Na mãe. Eu já vou indo.
Lucas: Fica. - Segurei sua mão. - A gente precisa conversar. Eu quero te explicar o que aconteceu ontem.
Sofia: Não precisa, eu vi e ouvi tudo. - Sua voz falhou.
Lucas: Eu te amo. - Ela negou e puxou as mãos das minhas.
Sofia: Se me amasse não teria beijado a Gláucia. - Passou a mão no rosto.
Lucas: Fica aqui. - Pedi quando a vi pegando uma mochila com roupas. - Quem fez a burrada fui eu, então sou eu quem deve sair da casa.
Sofia: Precisamos ver o que vamos fazer com a casa, se vamos alugar ou vender. Metade disso aqui é teu.
Lucas: A gente tá se separando mesmo? - Meus olhos inundaram.
Sofia: Estamos. - Fungou.
Lucas: Me dá mais uma chance.
Sofia: Não. O melhor a se fazer agora é cada um seguir seu rumo. - Assenti. - Ontem eu ouvi você dizendo a Gláucia que a amava.
Lucas: Não, eu ia dizer que amava você!
Sofia: Faz quanto tempo que vocês estão juntos? - Me olhou nos olhos pela primeira vez.
Lucas: Não estamos juntos. Foi só ontem.
Sofia: Queria conseguir acreditar nas suas palavras.
Lucas: Me perdoa. - Ela meneou a cabeça em sinal positivo.
Sofia: Vou te deixar sozinho, pra você arrumar as suas coisas.
Lucas: Não faz nada com a casa, fica com ela pra você. Eu não posso aceitar que você venda ela e vá morar com outra pessoa.
Sofia: Tá.
Lucas: Eu sei que um dia a gente vai voltar. - A Sofia saiu do quarto e me deixou ali sozinho, chorando.
Já faz uma semana que estou na casa dos meus pais. A cada dia que passa me sinto pior, a saudade de casa e da minha Ruivinha tá me sufocando. Por mais que eu a veja todos os dias na faculdade, a saudade não ameniza. Sinto falta das nossas conversas, dos nossos abraços, até das briguinhas eu tô com saudade.
É ruim acordar de manhã e estar sozinho. Não encontrar seu cheiro no travesseiro, nem seus cabelos no meu rosto e muito menos seu beijo gostoso logo nos primeiros minutos da manhã.
Eu saí da loja, hoje vejo que deveria ter feito isso a mais tempo. Enquanto não arrumo outro emprego, vou arrumando um serviço qualquer com os vizinhos, dia arrumo o telhado de mim, outro limpo o cercado de outro e assim meus dias se passam. Mesmo ocupando a cabeça com outras coisas é impossível não pensar nela.
Leandro: Tô falando contigo. - Me sacudiu.
Lucas: Desculpa, não ouvi.
Leandro: Só pra não variar. - Revirou os olhos. - Eu vou lá buscar o Léo e já volto.
Lucas: Onde ele tá?
Leandro: Na casa da Sô, ele tá lá desde ontem.
Lucas: Eu nem notei que ele não tava em casa.
Leandro: O arrependimento é tão grande que você não consegue olhar ao redor, né? Isso que dá ser burro.
Paulo: Leandro, para com isso. Não vê que o seu irmão tá sofrendo?
Leandro: Tá sofrendo por gosto. Daqui a pouco tô de volta.
Karina: Não da ouvidos pra ele. - Me olhou doce.
Lucas: Ele tá certo. Vou para o quarto.
Karina: Não vai comer nada? Você trabalhou o dia todo, não fica sem se alimentar.
Lucas: Tô sem fome. - Sai da cozinha e fui para o meu quarto. Peguei um porta-retrato e fiquei olhando a foto da minha menina. - Eu tô com tanta saudade! - Passei meu dedo sobre seu rosto e mais uma vez chorei. Lembrei do dia em que eu tirei essa fotografia e da teimosia dela em não querer tirar fotos. Depois de muita teimosia ela acabou fazendo o que eu pedi. Só parei de chorar quando eu vi o Leonardo entrando no meu quarto. Voltei a colocar a foto no criado mudo e enxuguei minhas lágrimas.
Leonardo: Oi Lu. - Me abraçou.
Lucas: Oi campeão. Fiquei com saudade.
Leonardo: Eu também fiquei. - Se sentou no meu colo. - Você tava chorando? - Assenti. - Tá com saudade da Sô?
Lucas: Tô.
Leonardo: Ela me disse que também tá com saudade. Por que você não pede desculpas pra ela? Quando eu faço coisa errada e a mãe chora, eu peço desculpas, tô um beijo e uma abraço bem apertado nela e fica tudo bem. - Sorri com a inocência do pequeno. - Você devia fazer isso.
Lucas: Vou fazer. - Sorri de lado. - A Sofia tá bem?
Leonardo: Mais ou menos. Ontem ela chorou bastante e também passou mal, mas ela disse que estava bem. A Sô disse que a gente vai ser amigos pra sempre, mesmo vocês não sendo mais namorados.
Lucas: Ela é incrível, né?
Leonardo: Ela é a menina mais legal do mundo todo! - Sorri. - Eu dormi do ladinho dela de noite. Bem no seu lugar.
Fiquei conversando com ele mais um tempo e depois fui tomar banho. Assim que peguei meu celular vi uma mensagem do Vinicius me convidando pra ir pra um barzinho, não tô muito no clima mas de tanto ele insistir acabei aceitando. Me arrumei e fui me despedir dos meus pais.
Karina: Não vai pra faculdade hoje?
Lucas: Não, vou sair com o Vinicius.
Paulo: Não vai fazer mais burrada, Lucas.
Lucas: Daqui a pouco eu tô de volta. - Beijei o rosto da mãe.
Leandro: Andei sabendo que a Sofia vai sair com o Vinicius hoje. - Falou assim que entrou na cozinha.
Lucas: Sério? - Sorri.
Leandro: Parece que ela já tá lá na casa dele.
Lucas: Vou direto pra lá então. Tchau família! - Corri no meu quarto e passei um pouco mais de perfume. Depois saí de casa cantarolando.
Bati na porta do Vinícius algumas vezes e quem me atendeu foi a Dona Antônia.
Antônia: Que milagre você aqui. - Me abraçou. - Entra.
Lucas: O Vini tá aí?
Antônia: Tá lá dentro com a Sofia, pode ir lá.
Lucas: Licença. - Passei pelo corredor e dei uma batidinha na porta do quarto do Vini e depois entrei.
Vinicius: Olha quem chegou. - Olhou de rabo de olho pra Sofia. - Entra. - Entrei e me escorei na porta. - Oi. - Olhei para a minha Ruivinha.
Sofia: Oi.

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