Capítulo 21

48 5 1
                                    

• Lucas •
Tomei um banho rápido no banheiro do hospital, assim que saí do banheiro vi que a Sofia dormia. Guardei a minha roupa suja dentro da mochila e fui cobri-la com o lençol. Acariciei de leve seu rosto e novamente me aconcheguei na poltrona. Fechei meus olhos, cruzei os braços e fiz minhas orações. Agradeci a Deus pela melhora que a Sofia teve e pedi que Ele continuasse a protegendo. Depois das orações feitas, fiquei velando o sono dá Só e acabei puxando conversa com o acompanhante da moça que ficava de frente pra Sofia. Conversamos até tarde, o assunto só acabou quando o sono me venceu.
Antes de dormir dei mais uma olhadinha na Sofia e aí sim ferrei no sono.
Acordei ouvindo algumas vozes, apertei os olhos e passei as mãos pelos mesmos. Assim que os abri, vi que a Sofia conversava com a Mafalda.
Lucas: Bom dia. - Minha voz saiu mais rouca que de costume, me ajeitei na poltrona e sorri pra Só.
Sofia: Bom dia. - Retribuiu meu sorriso, a única diferença é que o dela é um milhão de vezes mais bonito que o meu.
Mafalda: Bom dia Defensor. Como você tá?
Lucas: Bem, com um pouco de dor nas costas mas tô bem.
Sofia: Isso já é problema da idade. - Brincou. Revidei mostrando a língua.
Lucas: Como tá se sentindo?
Sofia: Muito bem.
Lucas: Que ótimo. - Me levantei da poltrona e me estiquei. - Vou ao banheiro. - Peguei minha mochila que estava no chão e segui para o banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e voltei para o lado da Sô. - Que horas são?
Mafalda: Quase onze.
Lucas: Dormi demais. - Soltei minha mochila no chão e fui do outro lado da cama. - O médico já passou aqui?
Sofia: Já. - Sorriu largo. - Eu tô de alta!
Lucas: Isso é maravilhoso. - Beijei sua bochecha. - Já tomou banho?
Sofia: A Mafalda me ajudou. O Dr já assinou a minha alta, agora só falta a enfermeira tirar meu soro pra eu poder ir pra casa.
Lucas: Vou ver a se mãe tá por aqui. Já volto. - Deixei as duas conversando e sai do quarto, andei pelos corredores e encontrei a Martinha, amiga da mãe. A Marta é alguns anos mais velha que eu, ela é linda, já ficamos algumas vezes. Se a mãe sonha que algo já aconteceu entre a gente, ela surta. - Oi.
Marta: Oi lindo. - Sorriu largo.
Lucas: Sabe a Sofia que tá no quarto 380?
Marta: A menina que você salvou né?
Lucas: Isso. Ela já recebeu alta, mas ainda não tiraram o soro dela, será que você pode ir lá?
Marta: Claro. - Começamos a andar. - A menina é tua namorada?
Lucas: Não, somos só amigos. - Olhei pra ela.
Marta: Podemos sair outro dia, o que acha?
Lucas: Não vai dar. - Cocei a nuca.
Marta: Tem outra na área?
Lucas: Tem. - Menti. - A mãe não tá aqui?
Marta: Não, ela tá em outro setor. - Assim que entramos no quarto seguimos direto para a cama da Sofia. Enquanto a Marta tirava o soro eu ia arrumando as coisas da minha menina. - Prontinho.
Lucas: Obrigado. - Sorri pra ela.
Marta: Por nada. Me liga qualquer dia desses. - Fiquei sem graça, então apenas meneei a cabeça. Quando olhei pra Sofia vi que ela revirava os olhos.
Lucas: Que foi?
Sofia: Nada.
Mafalda: Agora eu preciso ir, fica bem tá? - Abraçou a Sofia. - Se precisar de qualquer coisa é só me ligar.
Sofia: Obrigada.
Lucas: Quando quiser ir lá em casa às portas estarão abertas.
Mafalda: Obrigada. - Me abraçou. - Cuida bem do meu Pimpolhinho. - Sussurrou no meu ouvido. - Fiquem com Deus.
Lucas: Fica com Ele também. - Ela beijou o rosto da Sofia mais uma vez e saiu do quarto acenando. - Fazia tempo que ela tava aqui? - Perguntei ajudando a Sofia a se levantar da cama.
Sofia: Fazia. Você tava tão ferrado no sono que nem viu.
Lucas: Eu tava tão cansado. - Deixei a Sofia de pé e peguei a minha mochila e as coisas dela, tudo em uma única mão e com a outra segurei sua cintura. Nos despedimos das pessoas que estavam ali e saímos do quarto.
Sofia: Finalmente ar puro. - Respirou fundo assim que saímos do hospital. - Me sinto tão livre aqui fora.
Lucas: É porque agora você é uma mulher livre de tudo. - Beijei seus cabelos.
Sofia: Obrigada por ter ficado do meu lado esses dias.
Lucas: Vou ficar aqui a vida toda se você deixar. - Respondi olhando em seus olhos.
Sofia: Quero que fique. - Sustentou meu olhar durante longos minutos. Enquanto seus olhos estavam cravados nos meus senti uma vontade absurda em tomá-la em meus braços e lhe beijar a boca.
Tudo o que eu mais queria era grudar meus lábios nos dela e não desgrudar até que ficássemos sem ar.
Sofia: Tô ficando cansada. - Sua voz me fez voltar a realidade.
Lucas: O carro tá ali. - Apontei para o outro lado da rua. Seguimos pra lá, abri a porta do carro pra ela e coloquei nossas coisas no banco traseiro. Se o tio Jânio não tivesse me emprestado o carro, a Sofia teria que voltar pra casa de ônibus. O que não seria nada bom, já que por ser um transporte maior o balanço dele é três vezes mais forte.
Quando chegamos em casa não tinha ninguém lá. O Leandro e o Léo estavam no colégio, o pai na fábrica e a mãe no hospital.
Sofia: Quero deitar, tô ficando sem ar e a costela tá doendo.
Lucas: Vamos para o quarto. - Joguei nossas coisas em um canto qualquer e peguei-na no colo.
Sofia: Aí. - Gemeu, enquanto apoiava a cabeça no meu peito. Fui para o meu quarto a passos lentos. Assim que chegamos lá, coloquei-a deitada na minha cama.
Lucas: Deixa eu arrumar o travesseiro. - Afofei o mesmo e voltei a colocá-lo debaixo da sua cabeça. - Tá bom assim?
Sofia: Tá. Obrigada. - Pegou na minha mão e fez carinho. - Vou ser grata a você o resto da minha vida!
Lucas: Tenta descansar um pouco.
Sofia: Não tô cansada.
Lucas: Mas tá com dor.
Sofia: Daqui a pouco passa. - Tentou me tranqüilizar.
Lucas: Vou preparar alguma coisa pra gente comer. - Soltei sua mão e me levantei da cama. - Tô lá na cozinha, qualquer coisa você grita bem alto.
Sofia: Pode deixar. - Sai do quarto e fui pra cozinha. Preparei uma comida rápida, além de eu estar com fome, já tá na hora dos meus irmãos chegar.
Quase quarenta minutos depois a comida ficou pronta e os meninos chegaram.
Leonardo: Oi Lu. - Pulou no meu colo todo faceiro.
Lucas: Oi. - Beijei seu rosto. - Como foi a aula?
Leonardo: Legal. Fiquei com saudade.
Lucas: Também fiquei. - Abracei aquele pinguinho de gente e voltei a colocá-lo no chão.
Leandro: A Sofia tá no hospital ainda?
Lucas: Não, ela tá lá no meu quarto.
Leonardo: Quero ver ela.
Lucas: Guarda a tua mochila, lava as mãos e vamos lá buscar ela.
Leonardo: Tá, me espera.
Leandro: Quem vê pensa que ela tá muito longe. - Ri. - Ela tá bem?
Lucas: Tá. Com fome?
Leandro: Um pouco. - Se sentou. - Não vou para o curso hoje.
Lucas: Por que?
Leandro: Tô com pouco de dor de cabeça.
Lucas: Tem remédio na minha mochila, se quiser é só pegar.
Leandro: Obrigado.
Leonardo: Voltei. Vamos lá. - Segurou minha mão e puxou.
Lucas: Já pode ir fazendo seu prato de quiser. - Falei para o Leandro, enquanto o Léo me puxava. Assim que entramos no meu quarto e o Leonardo viu a Sofia, um sorriso gigante brotou em seus lábios. - Não pode pular na cama.
Leonardo: Tá. - Me soltou e sentou do lado do Sô. - Oi, é verdade que você vai morar com a gente agora?
Sofia: É. - Sorriu com a euforia dele. - Você tá feliz?
Leonardo: Muito. - Segurou a mão dela. - Agora você pode ser minha amiguinha.
Sofia: Mas eu já sou sua amiga.
Leonardo: Mas agora vai ser mais. - Balançou as perninhas. - Dorme comigo hoje? Eu deixo você dormir na minha cama.
Lucas: Nada disso. Ela vai dormir aqui, e eu que vou dormir contigo.
Leonardo: Por que?
Lucas: Porque ela tem machucados.
Sofia: Quando eu melhorar prometo dormir contigo.
Leonardo: Promete de dedinho?
Sofia: Prometo. - Os dois selaram a promessa unindo os dedos mindinhos.
Lucas: Vamos almoçar?
Sofia: Vamos. - Fui até a cama e ajudei a Sofia a sentar e se levantar.
Lucas: Tudo bem?
Sofia: Tudo. - Sorriu de lado enquanto suspirava.
Leonardo: Posso te ajudar também?
Sofia: Pode. - De um lado eu segurava ela e do outro o Léo. Seguimos assim até a cozinha. - Oi. - Sorriu para o Zoca.
Leandro: Oi, como você tá?
Sofia: Bem, obrigada. - Com um pouco de dificuldade ela se sentou.
Leonardo: Posso sentar do seu lado? - Perguntou ainda segurando as mãos da Sofia.
Sofia: Claro. - Ela ficou entre eu e o meu irmão mais novo. Fiz seu prato.
Lucas: Consegue comer sozinha? - Toquei em seu ombro.
Sofia: Consigo. - Me olhou. Fiz o prato do Léo e depois o meu. - Você não vai trabalhar hoje?
Lucas: Não. Vou ficar com você. - Desviei meus olhos do meu prato e olhei pra ela.
Sofia: Se continuar faltando vai acabar perdendo o emprego.
Lucas: Não vou, fica tranquila. - Peguei sua mão por cima da mesa. 

O DefensorOnde histórias criam vida. Descubra agora