Capítulo 15

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    Capítulo 15 • Sofia •
O Leonardo me arrancou tanto sorrisos em tão pouco tempo que chego a pensar que ele é anjo, assim como o irmão.
Karina: Vão com Deus. - Me surpreendi quando a dona Karina me abraçou, confesso que fiquei feliz com esse contato. - Se diverte bastante.
Paulo: Cuida bem dela, Lucas.
Lucas: Pode deixar. - Acenei para o seu Paulo e abracei o Leonardo, que beijou minha bochecha inúmeras vezes. Porque tão fofo Deus?
Leandro: Se divirtam casal. - Senti meu rosto esquentar.
Lucas: Cala a boca! - Deu um soco no irmão. O Lucas pegou na minha mão, acenou para a família e saiu me puxando porta a fora.
Desde o acontecido na casa do Vini, hoje é a primeira vez que eu e o Lucas estamos "normais" um com o outro. Eu mal consigo olhar pra ele, basta nossos olhares se encontrar pra eu lembrar do seu beijo gostoso.
Assim que entramos na garagem o Lucas abriu a porta do carro pra mim e foi logo ocupando o lugar do motorista.
Sofia: O Leonardo é tão fofinho. - Falei enquanto colocava o cinto de segurança.
Lucas: Ele tem a quem puxar. - Ri.
Sofia: Tem mesmo, seus pais são uma graça.
Lucas: Bobona. - Me mostrou a língua, um pouco antes de manobrar o volante e sairmos da garagem. - O Gabriel não falou nada de você sair hoje? - Perguntou assim que passamos pela frente da minha casa e viu meu padrasto de braços cruzados encostado no batente da porta.
Sofia: Não. Ele anda diferente, tá calado, quase não fala comigo. Claro que eu tô achando isso ótimo, é só quê isso tudo é muito estranho.
Lucas: Ele tem te batido?
Sofia: Não.
Lucas: Por isso não tenho mais escutado choros durante a madrugada.
Sofia: Você ainda vigia a minha casa? - Olhei pra ele.
Lucas: Todo santo dia. - Sorri.
Sofia: Você é anjo.
Lucas: Você que é. - Pegou na minha mão.
Quando chegamos na casa do Vini ele literalmente nos esmagou em seus braços.
Sofia: Isso tudo era saudade?
Vinicius: Pensei que vocês não vinham mais.
Lucas: Jamais.
Vinicius: Entra. - Ele escancarou a porta e nos deu passagem, eu e o Lucas seguidos atrás dele e fomos parar na cozinha. - Meus amigos chegaram! - Seu sorriso largo me fez sorrir. - Esses são meus pais Antônia e João, meu irmão Vitor e a mulher dele, Renata. - Apontou para os dois casais e logo em seguida para a criança. - Esse é o Junior mais conhecido como Vítor 2. - Riu.
Sofia: Oi. - Eu já conhecia os pais do Vini, a dona Antônia é amor de pessoa, é uma pena que eu não possa falar o mesmo do seu João. Ele vive de cara amarrada, é preconceituoso e não aceita o filho como é.
Vinícius: Esses são o Lucas e a Sofia. - Me abraçou pelos ombros. - Essa é a minha bolinha. - Ri.
Sofia: Esse apelido. - Revirei os olhos.
Vinicius: É carinhoso já te falei.
Antônia: A Sofia eu já conhecia, mas o moço não. - Veio até nós e nos abraçou.
Lucas: É um prazer conhecer a senhora.
Antônia: O prazer é todo meu. - Sorriu. - Sintam-se em casa.
Sofia: Obrigada. - O irmão e a cunhada do Vinicius apenas deram um aceno de cabeça e sorriram. Já o seu João, não teve nem educação para nos cumprimentar.
Vinicius: Sentem aqui. - Me soltou e puxou duas cadeiras, uma para mim outra para o Lucas.
Renata: Vocês fazem o mesmo curso?
Sofia: Sim. - Respondo enquanto me acomodava a mesa.
Vinicius: Aturo esses dois todo dia. É um saco.
Sofia: Quem vê acredita.
Lucas: Como se você não chorasse de saudade quando um de nós não aparece.
Vítor: Foi você que ficou sumida por alguns dias né? - Me olhou.
Sofia: Foi.
Vitor: Ele queria ir à polícia dar queixa do seu desaparecimento, só não foi porque eu não deixei. - Riu.
Sofia: O Vini me ama. Ele não sabe viver sem mim. - Ele revirou os olhos. - Não revira esses olhinhos não, que todo mundo sabe que é verdade.
Vinicius: Sua convencida.
João: Você tem que idade?
Sofia: 21 anos. - O Vitor 2, como diz o Vinicius, chegou de mansinho e parou do meu lado. Sorri pra ele que abaixou a cabeça e se escondeu atrás da minha cadeira. - Você tem quantos aninhos? - Fiquei de lado e virei minha cabeça pra trás para conseguir olhar para o pequeno.
Vitor: Responde filho. - Ele negou com a cabeça.
Antônia: Tá com vergonha Ju?
Junior: Tô. - Me olhou. - Tenho assim ó. - Mostrou seis dedos.
Sofia: Isso tudo? Você já é um mocinho então?
Junior: Sou. - Ele saiu de trás da cadeira e se apoiou na minha perna.
Sofia: Quer sentar no meu colo?
Junior: Quero. - Coloquei-no sentadinho em minhas pernas, de lado pra mim e de frente para o Lucas.
Lucas: Eu tenho um irmão da sua idade sabia?
Junior: Não. - Encostou a cabeça no meu peito. - Qual o nome dele?
Lucas: Leonardo.
Vinicius: Por que não trouxe o menino? Ele e o Vitinho podiam brincar.
Lucas: Outro dia eu trago. - Passou um dos braços por cima dos meus ombros. - Outro dia você pede para o teu tio te levar lá em casa pra você brincar com ele.
Junior: Você me leva tio? - Olhou para o Vini.
Vinicius: Levo.
Renata: Ele nunca vai no colo de ninguém estranho. - Me olhou.
Sofia: Quer que eu tiro ele?
Renata: Não. - Sorriu. - O que eu tô querendo dizer é que você encantou ele em tão pouco tempo.
Vitor: Ele é bicho do mato, não conversa, não sorri com ninguém e com vocês dois ele já tá conversando.
Vinícius: Esses dois encantam qualquer criança ou pessoa, eles são de outro mundo.
Vitor: Tô notando. - O Lucas e o Vitinho se empenharam em uma conversa sobre futebol e eu ficava apenas observando-os. É incrível o jeito que o Lucas tem, ao mesmo tempo que ele é homem já se transforma em um menino. E é isso que faz com que eu me sinta tão a vontade e tão bem do lado dele. Seu sorriso é grande, seus olhos brilham e iluminam ainda mais seu rosto. Vez ou outra ele desvia a atenção do Vítor e beija meu rosto, ou acaricia meus ombros ou então apenas me olhava sorrindo.
Como ele consegue ser tão perfeito?
Lucas: O que você acha da gente levar ele pra jogar bola com o Léo hoje? - Me olhou nos olhos.
Sofia: O Léo ia ficar feliz da vida. - Sorri.
Renata: Leonardo é filho de vocês?
Lucas: Não, é o meu irmão.
Vitor: Ele falou agora a pouco do irmão, amor. - Voltei a olhar para o Lucas e voltei a observá-lo.
Antônia: Vocês pretendem ter filhos? - Desviei minha atenção do Lucas e olhei pra ela. Graças a sua pergunta parei de olhar para aquele homem igual uma pateta.
Sofia: Nós não somos um casal. - Respondi um pouco acanhada.
Antônia: Desculpe, é que vocês parecem ser tão unidos, tem um sintonia tão bonita que pensei que fossem casados.
Lucas: Somos só amigos.
Vinícius: Só pra eles. - Revirou os olhos.

• Lucas •
Vinicius: Todo mundo vê que tem algo a mais em vocês dois.
Vitor: Tem mesmo, e olha que eu nem convivo com vocês.
Renata: Formam um belo casal. - Agora todo mundo deu pra falar isso! Será que é tão difícil assim entender que não existe nada além da amizade entre eu e a Sofia?
Sofia: Somos só amigos. - Falou firme, fazendo ninguém mais tocar no assunto. Voltei o meu assunto com o Júnior e a Sofia foi ajudar a dona Antônia no almoço.
Gostei muito da família do Vinícius, com exceção do seu João que ficou o almoço todo com a cara fechada e vez ou outra soltava algumas piadinhas contra o Vinícius.
Perto do fim da tarde chamei a Sofia pra ir embora, o clima ali estava bom mas eu sentia necessidade de ter um tempo só com ela.
Lucas: Obrigado por tudo. - Abracei a dona Antônia mais uma vez.
Antônia: Eu que agradeço, venham mais vezes.
Junior: Tchau Sô. - Acenou.
Sofia: Tchau lindinho.
Lucas: Não esquece de levar ele lá em casa outro dia Vinícius.
Vinicius: Não vou esquecer. - Nos despedimos deles e entramos no carro.
Lucas: Não tô muito afim de ir pra casa, você tá?
Sofia: Não. - Respondeu enquanto colocava o cinto de segurança.
Lucas: Vamos dar uma volta por aí então. - Coloquei o cinto também e pegamos estrada a caminho da praça da cidade.
Caminhamos um pouco pela grama verde e decidimos sentar perto do pequeno lago.
Sofia: Fazia tanto tempo que eu não vinha aqui. - Deitou a cabeça no meu colo. Instantaneamente levei minhas mãos até seus cabelos e comecei a acariciá-los. - Me sinto em paz aqui.
Lucas: Isso acontece comigo também. - Sorri pra ela. - Qual o teu maior sonho?
Sofia: Por que tá me perguntando isso? - Dei de ombros.
Lucas: Sei lá. Vai, responde.
Sofia: Meu maior sonho é ter uma vida e uma família de verdade. Tudo o que eu mais queria era poder fazer o que eu quisesse, na hora que eu quisesse, sem medo do que iria acontecer depois.
Lucas: Você pode fazer isso, basta sair da casa do Gabriel.
Sofia: Não é tão fácil quanto parece. - Me olhou nos olhos. - Eu não consigo sozinha.
Lucas: Eu posso te ajudar. - Ela sorriu.
Sofia: Eu sei que sim. E sei também que quando tudo piorar você vai estar do meu lado.

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