• Sofia •
Depois que os meus pais e a Bárbara saíram do quarto eu voltei a chorar. Eu me sinto horrível, tanto por dentro, quanto por fora.
Mesmo depois do remédio ainda sinto dor, mas não é só na carne, é na alma também.
Me encolhi na cama e abracei o travesseiro do Lucas. Como eu vou conseguir olhá-lo? Ele me viu da pior forma. Passei a mão no rosto assim que o vi entrando no quarto.
Lucas: Oi. - Reprimiu um lábio no outro. Seu rosto está inchado e vermelho.
Sofia: Oi. - Ele deu alguns passos e se sentou na cama, ao meu lado. Sua mão voou para os meus cabelos e seus olhos brilharam.
Lucas: Como você tá?
Sofia: Péssima, mas vou ficar bem. - Ele assentiu. - Não chora. - Segurei sua mão.
Lucas: Isso aconteceu ontem também, né? - Assenti. - Por que não me contou?
Sofia: Ele ameaçou matar nós dois.
Lucas: Eu não me importava em morrer se fosse pra você não passar por isso. - As lágrimas voltaram a molhar meu rosto.
Sofia: Eu não ia me perdoar se ele fizesse algo contra você. - Me sentei na cama com dificuldade e o puxei para um abraço. Assim que seu rosto encostou em meu peito seu choro veio com força total.
Lucas: Eu te amo. - Soluçou.
Sofia: Eu também te amo. - Beijei seus cabelos.
Lucas: Eu não vou te deixar sozinha nunca mais. - Me apertou.
Sofia: Não chora. - Pedi mais uma vez.
Lucas: Eu vou parar. - Ele tirou o rosto do meu peito e me olhou. - Me desculpa.
Sofia: Você não teve culpa.
Naquela noite fomos para casa do Seu Nícolas. Eu não queria ficar em casa, mesmo o Lucas estando do meu lado, eu tinha medo que o Gabriel voltasse, mesmo eu sabendo que seria impossível.
Enquanto eu tomava o meu terceiro banho do dia, o Lucas e o Seu Nícolas ficaram conversando. Eu esfregava a minha pele na intenção de tirar o cheiro e os toques do Gabriel do meu corpo. Quando me senti melhor desliguei o chuveiro, me enxuguei e me vesti. Assim que abri a porta do banheiro vi o Lucas chorando, enquanto o meu o pai o consolava.
Lucas: Eu quase matei uma pessoa. Eu sei que o Gabriel merecia uma boa surra, mas eu não sou assim. Eu não sei o que me deu, o ódio tomou conta de mim e eu não conseguia enxergar nada. Me sinto um monstro tão horrível quanto ele.
Nícolas: Não se sinta assim. Você é uma pessoa boa e o Gabriel teve o que mereceu. Eu faria o mesmo no seu lugar, se não pior. Você não é um monstro Lucas, tira isso da cabeça, você só defendeu a Sofia. Se você não tivesse partido para a agressão ele teria matado vocês dois. Os policiais encontraram uma arma no banheiro com as digitais dele.
Lucas: O Senhor tem razão. É só que a sensação de ser um assassino não sai de dentro de mim. - Sai do banheiro e fui até ele.
Sofia: Você não é um assassino! Você se sente assim porque é uma pessoa boa e tem um coração bom, quando estiver mais calmo vai ver que foi o melhor a ser feito. Você salvou a nossa vida. - Ele assentiu e me abraçou.
Nícolas: Escuta a Sofia. O quarto de vocês tá arrumado.
Sofia: Obrigada. - Saímos da sala e fomos para o quarto. O Lucas parou de chorar, me ajudou a deitar, me cobriu e depois foi saindo do quarto. - Onde você vai?
Lucas: Vou dormir na sala. Você deve estar com medo de dormir ao lado de um homem.
Sofia: Vem cá. - Ele veio. - Eu não sinto medo de você! Deita comigo, tô precisando do teu abraço. - E assim ele fez.
Ouvi seu choro várias vezes durante a noite, queria consolá-lo mas eu também não estava tão bem assim.
- 3 semanas depois -
Eu já me sinto bem melhor e o Lucas também. Ele finalmente entendeu que não é um assassino, e isso me deixa mais tranquila.
Hoje tá um dia chuvoso e o melhor de tudo é que é sábado, então podemos ficar o dia todo na cama.
Lucas: Tô pensando em trazer o Léo pra dormir com a gente hoje. O que acha?
Sofia: Acho uma ótima ideia. - Me aninhei ao seu corpo. - Faz cafuné.
Lucas: Você anda muito manhosa. - Ri enquanto ele beijava minha testa e fazia o que eu pedi. - Você bem que podia fazer um brigadeiro de panela pra gente, né?
Sofia: Você tá querendo me ver redonda de novo? - Desde que eu quebrei a costela há uns meses atrás, venho me alimentando bem melhor e consegui perder quase 10 Kg. Agora me sinto mais bonita e melhor comigo mesmo, não só na aparência, mas meu corpo anda mais resistente. Agora consigo fazer caminhadas e até corridas sem me sentir cansada como antes.
Lucas: Eu gostava de você gordinha. Mas agora a sua saúde tá melhor, por isso não reclamei. - Gargalhei.
Sofia: Vou lá fazer. - Me levantei da cama e arrumei a camiseta do Lucas no meu corpo, mesmo estando com um short por baixo. Sai do quarto e voltei minutos depois com uma penela e duas colheres.
Lucas: Teu brigadeiro é melhor de todos. - Me beijou.
Sofia: Você que é exagerado. - Peguei mais uma colherada.
Lucas: Daqui algumas semanas eu pego férias, estive pensando da gente fazer uma viagenzinha pequena, aqui por perto mesmo.
Sofia: Com que dinheiro?
Lucas: Boa pergunta. - Quando o brigadeiro acabou coloquei a panela no chão e o Lucas me puxou para a cama de novo. Rodeei seu pescoço com meus braços e grudei nossos lábios. O doce do chocolate deixou o beijo ainda mais gostoso. - Eu te amo. - Alisou minha bochecha.
Sofia: Eu também te amo. - Voltei a beijá-lo, só que dessa vez com um pouco mais de intensidade.
Lucas: Vamos parar. - Sorriu tentando se afastar.
Sofia: Não. Eu quero. - Olhei em seus olhos.
Lucas: Amor, faz pouco tempo que tudo aconteceu, você ainda tá machucada. - Falou com calma.
Sofia: Eu sei disso. - Alisei sua barba. - Acho que chegou a hora! Tá na hora de você me ajudar a apagar o lado ruim disso tudo e me mostrar o lado bom, não acha? - Um sorriso bobo surgiu em seu rosto. - Eu sei que com você vai ser diferente porque vai ser por amor, não forçado. - Sorri. - Eu quero fazer amor com você!
Lucas: Amor não vai faltar, eu te prometo. - Me beijou. - Minha Ruivinha! - Sorri antes de beijá-lo mais uma vez.
Eu andei pensando bastante sobre o assunto, conversei com o Vini e com a Suzana também e acho que já passou da hora de eu me dar uma chance de verdade e me entregar de vez ao Lucas. Ele se mostrou o homem mais gentil e atencioso durante todos esses meses, e eu sei que eu nunca vou encontrar alguém melhor que ele.
Eu só vou apagar essa experiência ruim da minha mente quando eu me der a chance de experimentar algo melhor, e o Lucas é a pessoa certa pra me ajudar. Ele é o homem da minha vida!
Ele foi atencioso, paciente e super carinhoso. Senti um pouco de dor, mas a felicidade foi bem maior. Chegamos ao limite nos declarando um para o outro. Puxei o lençol, nos cobri e me deitei em seu peito.
Sofia: Obrigada por ter esperado. - Beijei seu peito.
Lucas: Quando se ama, esperar não é sacrifício algum. Eu tô com você por amor, não pelo seu corpo. - Sorri largo e levantei meu rosto.
Sofia: Você é incrível. - Beijei seus lábios. - Eu te amo!
Lucas: Eu te amo muito mais. - Acariciou minhas costas. - Você tá bem?
Sofia: Tô.
Lucas: Sentiu muita dor? Você ainda tá bem machucada.
Sofia: Senti dor só no começo mas depois passou.
Lucas: Verdade?
Sofia: Sim. - Olhei em seus olhos. - Você é o homem da minha vida, sabia? - Um sorriso iluminado brotou em seu rosto.
Lucas: Não sabia. - Me beijou. - Ainda bem, porque você é a mulher da minha.
- 3 meses depois -
Meu namoro com o Lucas anda um pouco abalado, estamos próximos, mas ao mesmo tempo distantes. As investidas da Glaucia estão cada vez mais frequentes e o Lucas não faz nada, simplesmente cruza os braços e diz que isso não tem importância pra ele. Tem dias que tenho vontade jogar a cabeça dele contra a parede, hoje é um desses dias.
Lucas: Cadê a minha camiseta de uniforme?
Sofia: Em cima da cama.
Lucas: Não tá lá. - Continuei lavando a louça e nada respondi. - Eu não encontrei. - Respirei fundo.
Sofia: Eu coloquei lá antes de vim lavar a louça, a camiseta não ia sair voando.
Lucas: Mas não tá lá. - Parei o que eu fazia.
Sofia: Se eu for lá e encontrar eu juro que eu jogo ela na tua cara.
Lucas: Não precisa ser grossa!
Sofia: Você implora para que eu seja. - Assim que entrei no quarto avistei a camiseta. Peguei ela na minha mão e joguei no Lucas, que estava atrás de mim. - Eu não falei que estava aqui?
Lucas: Mas eu não encontrei.
Sofia: Você nem procurou. - Sai do quarto cuspindo fogo. Terminei a louça e fui me arrumar. Saímos de casa meio que de bico um com o outro. Ele só me deixou na lanchonete e já foi para loja, sem nem ao menos se despedir. Isso me deixou ainda mais irritada.
Leandro: Que cara é essa? - Perguntou assim que entrei na lanchonete.
Sofia: Adivinha!
Leandro: Brigou com o Lucas de novo?
Sofia: Briguei. Ele me tira do sério!
Bruno: Você que anda estressadinha nos últimos tempos.
Sofia: Talvez seja verdade.
Larissa: Você precisa é de uns dias de folga para relaxar. Você anda sobrecarregada. - Essa semana quem tá tomando conta de tudo aqui na lanchonete sou eu, o Seu Nícolas precisou fazer uma pequena viagem e deixou tudo sobre minha responsabilidade. Talvez o motivo do meu estress seja esse. E pra piorar tudo ainda mais, minhas noites de sono tem sido péssimas, mal consigo dormir.
Hoje o movimento triplicou, deixei o Bruno no balcão e corri pra cozinha para ajudar o Gustavo e a Carol, quando a correria amenizou lá, fui ajudar o Lê a Lari a servir as mesas. Quando o movimento acabou me sentei no chão e não tive mais coragem de levantar.

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O Defensor
RomanceTodo mundo tem um vizinho enxerido, que adora cuidar da vida dos outros. Isso incomoda e muito, principalmente quando se trata do seu ex amigo de infância, no qual você é obrigada a ver todos os dias. Tudo isso me incomodava e muito, até eu descobri...