Capítulo 8

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• Lucas •
Lucas: Sobre mim? - Arqueei uma sobrancelha.
Nathan: Tá de depinho com o viadinho agora?
Lucas: Tô, algum problema? - Cruzei os braços. Só de ele chamar o Vinícius de viadinho já fez meu sangue subir. Odeio quando tratam homossexuais assim.
Nathan: Não, nenhum. - Fez pouco caso.
Samuel: Ontem ele estava de conversinha com a gordinha esquisita, hoje com o amigo dela. Vai trocar de lado Lucas? - Bufei.
Lucas: A Sofia não é esquisita! - Falei entre dentes.
Milena: Não vai dizer que você acha ela bonita? - Gargalhou.
Lucas: Acho e muito. A Sofia é muito mais bonita que muita menina por aí.
Milena: Me faça rir. Vai dizer que aquela lá é mais bonita que eu?
Lucas: E é. A Sofia é linda tanto por dentro quanto por fora, diferente de você que só tem beleza exterior, porque por dentro é alguém feia e podre! - Cuspi as palavra.
Milena: Seu grosso.
Lucas: Eu só falei a verdade, se não gostou não posso fazer nada.
Nathan: Desde quando você defende a gordinha?
Lucas: Desde sempre.
Samuel: Eu não entendo essa proteção toda com ela. Vai dizer que você é apaixonado pela Sofia?
Lucas: Não, eu não sou. Mas isso não quer dizer que não vou defendê-la. A Sofia é uma menina incrível, é uma pena que ninguém perceba.
Nathan: Lucas, o defensor das gordas e oprimidas. - Não pensei duas vezes em dar um soco no rosto dele.
Lucas: Eu tô de saco cheio das tuas ironias e do jeito que você trata as pessoas. Aprende a ser gente Nathan!
Nathan: Seu imbecil. - Me empurrou e eu parti pra cima.
Samuel: Para vocês dois. - Se meteu no meio e impediu que eu desse mais um soco no Nathan.
Nathan: Você tá fora do grupo! - Apontou o dedo.
Lucas: Ótimo. Você me poupou o trabalho de avisar que eu não quero mais fazer parte do seu ciclo de amigos. - Olhei para a Milena e o Samuel. - Cuidado, talvez o próximo a virar alvo das piadas do Nathan seja um de vocês. - Virei as costas.
Nathan: Seu imbecil. - Berrou. Não dei bola, apenas comecei a caminhar e assim segui pra sala. Sentei no meu lugar de costume e assim que me acomodei na cadeira o Danilo chegou.
Danilo: Boa noite pessoal! - Comprimentou todos com um sorriso no rosto, ele parecia bem humorado.
Isso já é costume, mas tem algo diferente nele, essa felicidade está indo além do normal.
Danilo: Cadê a Sofia? - Perguntou passando os olhos pela sala.
Vinicius: Não veio hoje.
Danilo: Sabe o motivo? - Cruzou os braços.
Vinicius: Não.
Lucas: E você, sabe? - Me intrometi.
Danilo: Também não. - O pessoal começou a cochichar. O povo fofoqueiro. - Pode parando com o cochilo aí, pra quem não sabe a Sofia é minha sobrinha, por isso o Lucas perguntou se eu sabia o motivo dela não ter vindo.
Danúbia: Pensei que você tinha algo com aquela lá. - Riu.
Danilo: Eu respeito as minhas alunas Danúbia, jamais me envolveria com alguma de vocês.
- O Danilo foi se sentar a mesa dele e começou com a aula. A aula seguiu normal, mas fiquei de olho nele, alguma coisa me diz que tem algo errado. Mas se o Danilo não sabe o motivo da Sofia não ter vindo, talvez esse meu nervosismo seja a toa.
Vinícius: Ele não sabe de nada. - Sentou do meu lado, assim que o Danilo saiu da sala. - Será que a gente tá se preocupando a toa?
Lucas: Acho que sim. Se tivesse acontecido alguma coisa com a Sofia, o Danilo saberia.
Vinicius: Você tá certo. - Suspirou. - Mas meu coração ainda tá apertado.
Lucas: É que você ainda está preocupado.
Vinicius: Vamos na casa dela ou não?
Lucas: Acho que não tem necessidade mas se você quiser ir, eu te acompanho.
Vinicius: Não vou. Se caso ela não aparecer amanhã, aí sim eu vou.
Lucas: Vamos esperar até amanhã então. - Ele assentiu e voltou para o seu lugar e logo em seguida outro professor entrou na sala.
Durante todas as aulas eu pensei na Sofia, olhei para o seu lugar várias vezes e só de não vê-la ali bateu saudade. Mesmo sendo quietinha, ela faz falta na sala de aula. É como se sua presença aqui fizesse as coisas ter mais sentido e eu ter mais ânimo de aturar isso tudo.
Depois da faculdade fui pra casa, deixei a moto na garagem e antes de trancar a porta olhei pra casa da frente. Todas as luzes estavam apagadas e o silêncio reinava ali. Fiquei por ali por mais algum tempo e como estava tudo calmo entrei pra minha casa e fechei tudo. Comi alguma coisa na cozinha e lembrei da noite passada. Foi bom ter a companhia dá ruivinha, queria tê-la por perto mais vezes.

• Sofia •
Acordei sentindo dor no corpo todo, tentei me virar mas foi impossível, até os movimentos mais simples como o ato de respirar, faz meu corpo latejar e doer. Com muita dificuldade mexi a cabeça e vi o sol entrando através da janela.
Bárbara: Bom dia. - Olhei para a porta e lá estava ela com um copo de café e dois pães nas mãos. - Trouxe pra você. - Se sentou do meu lado.
Sofia: Como sabia que eu estava acordando?
Bárbara: Eu estava aqui até agora. Precisa de ajuda pra sentar?
Sofia: Preciso. - Ela colocou as coisas no criado mudo, me virou de barriga para cima com cuidado e colocou um dos braços debaixo da minha cabeça, com um pouco de força ela inclinou meu corpo e me colocou sentada. Doeu muito esses movimentos mas não reclamei. Não é sempre que a Bárbara me ajuda. - Obrigada.
Bárbara: Como você está se sentindo? - Me entregou um pão e o copo de café.
Sofia: Mal. Estou com mais dor do que o ontem. - Mordi o pão. - Você que fez o café?
Bárbara: Foi, ficou bom?
Sofia: Ficou. - Respondi assim que provei.
Bárbara: Hoje você tá conseguindo sentar.
Sofia: Tô sentada, mas tô morrendo de dor.
Bárbara: Daqui a pouco eu te ajudo a deitar de novo. - Sorriu pra mim. Isso tudo está tão estranho. A Bárbara nunca foi assim, será que depois de anos ela realmente se sensibilizou com o que passo? Antes tarde do que nunca. - Eu dormi aqui hoje e durante a noite você gemeu algumas vezes.
Sofia: Já é outro dia?
Bárbara: Já. Você dormiu quase 28 horas.
Sofia: Nossa.
Bárbara: Você dormiu isso tudo porque te dei um calmante junto com os remédios pra dor, ontem depois que tudo aconteceu.
Sofia: Eu estava tão desesperada que não notei. - Olhei em seus olhos. - Obrigada por me ajudar.
Bárbara: Só estou cumprindo meu dever de irmã. Nunca é tarde pra consertar os erros.
Sofia: Isso é verdade. - O silêncio prevaleceu e eu comi sobre olhares atentos da Bárbara. - Preciso ligar para o Seu Nícolas, hoje não vou conseguir trabalhar de novo.
Bárbara: Pode ligar do meu. - Me entregou seu aparelho celular, disquei os números já decorados de cabeça e no segundo toque o Seu Nícolas atendeu.
Inventei que estou com virose e que não poderei ir a lanchonete nos próximos dias, jamais poderia contar a verdade. Ele como sempre entendeu numa boa, foi gentil e me desejou melhoras. Mas o que realmente fez com que um sorriso sincero brotasse no meu rosto foi quando ele disse que o Lucas passou por lá ontem, só pra me ver. É bom saber que mesmo depois de anos ele ainda se preocupa comigo. Mesmo estando radiante por isso tenho que esconder o sorriso, aqui as paredes têm olhos e ouvidos, bem aguçados por sinal e se o Gabriel ouvir ou sonhar que o Lucas procurou por mim, eu sei que tanto o Lucas, quanto eu vamos sofrer. - Obrigada. - Agradeci assim que encerrei a ligação e entreguei o aparelho a Bárbara.
Bárbara: Quer tomar banho?
Sofia: Você me ajuda?
Bárbara: Claro. - Se levantou e foi até o meu guarda-roupa, vasculhou as gavetas e prateleiras e pegou uma calcinha mais larga e um vestido soltinho e leve. - Escolhi esses pra não te machucar. Eu vou pegar as gazes e a pomada para os machucados das costas e já venho te buscar. - Apenas assenti com a cabeça. Enquanto a Bárbara não voltava fiquei lembrando do que aconteceu ontem e instantaneamente uma vontade chorar me atingiu, mas consegui me segurar e não deixei nenhuma lágrima rolar. - Vamos?
Sofia: Vamos. - Com a ajuda dela desci da cama e a passos pequenos fomos para o banheiro. Quando a água morna bateu na minha pele minha vontade foi gritar de dor, mas a única coisa que consegui fazer foi apertar as mãos da Bárbara.
Bárbara: Respira fundo. - Fiz o que ela pediu mas de pouco adiantou, porque segundos depois foi a vez de passar sabonete pelo corpo e foi aí que eu vi a bruxa. Chorei baixinho e vez ou outra reprimia um grito de dor. - Eu sei que dói mas eu sou obrigada a limpar.
Sofia: Eu sei. - Depois que terminei o banho, me sentei no vaso sanitário e a Bárbara começou a fazer os novos curativos.
Bárbara: Isso aqui está horrível. - Falou enquanto passava soro fisiológico no local. - Se continuar assim você vai ter que ir no hospital.
Sofia: Não vai ser preciso, sempre fica feio no dia seguinte.
Bárbara: Nunca ficou desse jeito.

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