Capítulo 23

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    • Lucas •
Sofia: Você precisa arrumar uma namorada. - Desviou os olhos.
Lucas: É. - Me levantei da cama, me sentindo apertado. De pé tudo piorou porque assim consigo ver a Sofia por inteira. Essa cor combina muito com ela, a roupa também. Me virei de costas. Se eu continuar olhando pra essa mulher em forma de tentação não vou conseguir me acalmar. Respirei fundo várias vezes e tentei pensar em qualquer coisa, que não fosse referente a ela. Quando as coisas melhoraram sai do quarto sem olhar pra ela.
Fui a procura da mãe e encontrei-na no quarto dela e do pai. - Oi, o que a senhora quer? - Tentei soar o mais normal possível.
Karina: Não faz essa cara de desentendido pra cima de mim! - Xi, ferrou! - Eu vi o que tava acontecendo naquele quarto. Onde você tá com a cabeça Lucas?
Lucas: Não sei. - Passei a mão pelos cabelos. - Eu não sei o que me deu, mãe. - Falei a verdade. - Eu me senti atraído por ela, não consegui controlar meus instintos.
Karina: Tenta se controlar. - Respirou fundo. - Pensa com a cabeça. Com essa aqui. - Deu leves tapas na minha cabeça. - Em momentos assim você deve usar essa, não a outra.
Lucas: Eu já entendi. - Sorri envergonhado.
Karina: A Sofia passou por momentos difíceis, e o que ia acontecer lá no quarto se eu não tivesse te chamado, não seria bom pra ela. Pelo menos não agora. Se controla filho, eu sei que você gosta dela mas espera um tempo.
Lucas: Eu não gosto desse tipo de gostar.
Karina: Me engana que eu gosto. - Revirou os olhos. - Eu não sou contra que vocês se beijem, se gostem, mas não vai além. Pode não parecer mas ela é traumatizada. A qualquer momento ela poderia ter se desesperado e ter entendido isso de uma​ outra forma.
Lucas: Eu não tentei abusar dela. Ela também tava querendo. - Me defendi.
Karina: Eu sei disso filho, não tô te acusando. Até porque eu conheço o filho que tenho, e querendo ou não, vi praticamente o ocorrido todo. - Segurou minha mão. - Ela sabe que você não é assim, mas o cérebro dela não. Na verdade eu me admirei por ela não ter se desesperado e não sentir medo, tem mulheres e meninas que não conseguem nem ficar no mesmo ambiente que homens durante meses, até mesmo anos. Dessa vez nada aconteceu, mas talvez na próxima seja diferente. Eu só não quero que você presencie uma cena dessas, você nem imagina o quão desesperador é ver uma mulher com medo de um homem, porque outro fez coisas horríveis a ela.
Lucas: Eu já entendi, vou tentar me afastar. - Baixei os olhos.
Karina: Não precisa se afastar, só se controla. Você é homem, seus instintos são mais fortes, eu sei que é difícil resistir, ainda mais quando se gosta. Sai um pouco, conversa com alguns amigos, ou até mesmo com alguma outra menina, já faz um tempo que você não sai com ninguém. - De fato, faz quase um mês que não saio e nem durmo com mulher nenhuma. O mais estranho nisso tudo é que só percebi isso agora.
Lucas: Vou fazer isso, mas não hoje. - Sorri de lado.
Karina: E quanto a Sofia, só te peço um pouco de paciência. Tudo é muito recente, vocês vão ter muito tempo pra fazer isso! - Meneei a cabeça em sinal positivo e sai do quarto dela e fui para o do Zoca, que é o mais afastado do meu.

• Sofia •
O sábado chegou e com ele a ido do Lucas para Patos de Minas, mesmo a família toda me tratando bem e me fazendo companhia, me sinto um pouco sozinha. Acho que isso é a falta do Lucas. Não faz nem duas horas que ele saiu de casa e eu já tô com saudade.
Leonardo: Você tá triste? - Sentou no sofá ao meu lado.
Sofia: Não. - Sorri de lado.
Leonardo: Então sorri pra mim. - Fiz o que ele pediu, assim que ouvi sua frase.
Sofia: Foi o Lucas que te ensinou a dizer isso?
Leonardo: Foi. - Sorriu. - Ele disse pra eu dizer isso sempre que você ficar triste.
Sofia: Seu irmão é um amor. E você também, é! - Passei meu dedo sobre seu pequeno nariz. Ouvimos batidas na porta, mas como não consigo me mexer direito e ainda não me sinto totalmente em casa, não me movi do lugar e deixe que continuassem bater.
Leonardo: Mãe, tem alguém batendo na porta. - Gritou.
Karina: Odeio quando você faz isso, Leonardo. - Apareceu brava na sala.
Leonardo: Desculpa. - Sorriu sapeca, se encostando em mim. Assim que a porta foi aberta ouvi a voz do meu amigo.
Karina: É pra você! - Sorriu carinhosa pra mim.
Vinicius: Oi bolinha. - Veio até o sofá e me abraçou.
Sofia: Oi. - Sorri largo. - Vitinho, você veio me ver também? - Olhei para o menino que estava ao lado do Vinicius. Junior: Vim. - Se escondeu atrás do Vini.
Vinicius: Não precisa ter vergonha. - Me soltou, e puxou o sobrinho pra sentar no seu colo.
Sofia: Ju, esse aqui é o Leonardo. Ele é o irmão do Lucas. Lembra dele?
Junior: Lembro.
Leonardo: Vamos brincar? - Olhou para o menino, que pediu permissão ao tio.
Vinícius: Só não vai fazer bagunçado Vitor Júnior. - Os dois saíram e restou só eu e a perturbação, vulgo Vinícius. - Cadê o teu boy? - Revirei os olhos.
Sofia: O Lucas não é meu boy. Ele tá trabalhando.
Vinicius: Não é porque você é burra.
Sofia: Obrigada pelo elogio, amigo. - Sorri forçado. - Quero conversar contigo, mas não dá pra ser aqui. - Olhei para porta da cozinha e não vi ninguém.
Vinicius: Eu conheço essa voz e esses olhares. Não me diz que você e o Lucas já partiram para vuco vuco. - Senti meu rosto esquentar. - Amiga do céu! - Falou alto, batendo palmas.
Sofia: Para de escândalo. - Bati em sua mão.
Vinicius: Tá desculpa. - Se recompôs. - Me conta tudo.
Sofia: Já disse que aqui não dá.
Vinicius: Vamos sair então. - Ficou de pé. - Já sei, vamos levar os pirralhos pra dar uma volta.
Sofia: Que pecado, não fala assim.
Vinicius: OK. Vamos levar as crianças para um passeio. Melhorou?
Sofia: Muito. Agora vai lá pedir autorização pra Dona Karina, pra gente levar o Léo.
Vinicius: Sim senhora. - Bateu continência, saindo da sala e indo pra cozinha. Voltando minutos depois com a Karina do seu lado.
Karina: Cuida bem da Sofia, ela não pode fazer muito esforço.
Vinicius: Pode deixar.
Karina: Vou lá chamar o Léo.
Sofia: Me ajuda a levantar? - Perguntei ao Vinícius, assim que a Karina saiu.
Vinicius: Ajudo, velhinha. - Fiquei de pé e permaneci segurando seu braço. - Tá com dor?
Sofia: Um pouquinho. - Sorri de lado. Quando a Karina voltou com as crianças, ela passou algumas recomendações e assim saímos de casa.
Vinicius: Vamos na pracinha?
Sofia: Vamos. - Sorri, me lembrando de quando o Lucas me levou lá.
Vinicius: Que sorriso bobo é esse?
Sofia: Não tem sorriso bobo nenhum aqui. - Entramos os quatro no carro e em menos de 30 minutos estávamos na pracinha. O Vini deu um sorvete de cada para os meninos, que foram se sentar um pouco afastado de nós dois.
Vinicius: Agora desembucha. - Me olhou.
Sofia: O Lucas me beijou e quase fomos além.
Vinicius: Eu sabia. - Riu. - Ele gosta de você!
Sofia: Não gosta não. - Suspirei. - O mais estranho nisso tudo é que eu gostei e não senti medo.
Vinicius: E isso não é bom?
Sofia: Não sei. Quando tem outros homens perto de mim, até mesmo o Seu Paulinho, eu tenho medo, fico com o pé atrás, mas, com o Lucas não.
Vinicius: Deve ser porque já tem confiança nele ou tá criando sentimentos.
Sofia: Eu tô tão confusa. - Olhei para o meu amigo.
Vinicius: Você tá é apaixonada, isso sim.
Sofia: Eu não posso me apaixonar. - Passei as mãos pelos cabelos.
Vinicius: Sinto lhe informar mas você já está. - Tocou meu ombro. - Se dá uma chance. Se você realmente gosta, se joga de olhos fechados e vê onde isso vai dar.
Sofia: E se eu quebrar a cara?
Vinicius: Eu te ajudo a catar caquinho por caquinho. - Sorriu de lado.
Sofia: Obrigada. - Encostei minha cabeça na sua.
Vinicius: Tenho uma coisa pra te contar. - Falou passando um dos braços pelos meus ombros. - O Danilo foi suspenso da Universidade, ele não pode mais dar aulas lá.
Sofia: Essa é a melhor notícia do mundo! - Sorri largo.
Vinicius: O castigo dele já tá chegando minha amiga.
Sofia: Estão tirando dele o que ele mais ama fazer. Ele deve tá arrasado.
Vinicius: De certo modo ele tá pagando na mesma moeda. Estão tirando a vida dele, assim como ele tirou a tua.
Sofia: A justiça tarda mas não falha. - Olhei pra frente e fiquei admirando os meninos conversar. - Se deram bem.
Vinicius: Tomara que eles sejam tão amigos quanto eu, você e o Lucas.
Sofia: É. Ontem o Lucas voltou a insistir naquela história da gente morar junto.
Vinicius: Acho que você devia aceitar. Assim vocês teriam um cantinho só de vocês, além de terem mais privacidade, teriam mais chances de virar um casal.
Sofia: Tô quase aceitando. - Olhei pra ele.
Vinicius: Vou te fazer aceitar.
Fomos pra casa só a noitinha, os meninos correram e brincaram tanto que foram o caminho de casa cochilando.
Quando chegamos na casa do Lucas, o Vini levou o Leonardo no colo até dentro de casa, enquanto eu ficava de olho no Juninho, que dormia no banco traseiro do carro.
Sofia: Obrigada pelos conselhos e pelo passeio.
Vinicius: Amigo é pra essas coisas. - Se encostou no carro. - Consegue andar sozinha até a porta?
Sofia: Consigo. - Abracei sua cintura rapidamente.
Vinicius: Vou indo. Fica com Deus! - Beijou minha testa.
Sofia: Fica com Ele também. - Acenei para o Vini, que entrava no automóvel. Dei alguns passos lentos e cheguei até a porta de casa. Olhei para o meu amigo mais uma vez e entrei.
Leandro: Oi. - Sorriu pra mim. - Como foi o passeio?
Sofia: Oi. - Sorri de volta. - Foi legal. Você poderia ter ido com a gente.
Leandro: Eu precisava colocar algumas matérias em dia.
Sofia: Se precisar de ajuda é só falar.
Leandro: Obrigado. - Fechei a porta e fui me sentar do lado dele. - Tá cansada?
Sofia: Um pouco.
Leandro: A mãe fez bolo de laranja, vamos comer?
Sofia: Vamos. - Me levantei do sofá com a ajuda dele e seguimos para a cozinha.

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