Capítulo 48

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     • Sofia •
Sofia: Tô morta. - Suspirei alto e olhei no relógio da cozinha. - Já pode indo Lê, teu horário acabou.
Leandro: Eu posso faltar aula hoje pra ajudar vocês.
Sofia: Nem pensar. Se a Karina sonha com isso, ela me come viva.
Leandro: Isso é verdade. - Riu.
Larissa: Posso sair pra almoçar? - Gargalhei.
Sofia: O teu almoço é ir levar o Leandro no ponto de ônibus, né safada!
Leandro: Sofia! - Me repreendeu.
Gustavo: Todo mundo sabe que vocês dois tão ficando, pode para de tentar disfarçar.
Carol: Vocês não enganam ninguém. - Os dois saíram, mas nós continuamos rindo.
O restante do dia foi assim, corrido e desgastante. Quando o Lucas chegou para me buscar tive vontade de ir pra casa, mas juntei minhas forças e fomos para a faculdade.
Vinicius: Você tá péssima. - Falou assim que me viu.
Sofia: Obrigada, é ótimo chegar na faculdade e receber um elogio desses. - Ironizei.
Lucas: Não brinca muito, que ela trocou as ferraduras hoje.
Vinicius: Tão se implicando de novo? - Me abraçou de lado.
Sofia: Culpado é o Lucas.
Lucas: Agora eu sou o culpado de tudo. - Bufou.
Sofia: Desculpa. - Revirei os olhos. Seguimos para a nossa sala e como de costume sentamos um do lado do outro.
Eu mal conseguia prestar atenção nas aulas. Entre uma troca de professor e outra, eu cochilava ou então estava no mundo da lua.
Dei graças a Deus quando as aulas acabaram e eu finalmente fui para a casa.
Enquanto o Lucas tomava banho, eu arrumava a cama. Quando ele saiu do banheiro, eu entrei. Tomei um banho rápido e corri para o quarto. Assim que entrei lá vi ele olhando pela janela com o pensamento longe. Fui em sua direção e toquei seu braço.
Lucas: Não vi que tinha saído do banho.
Sofia: Desculpe a minha chatice nos últimos dias, eu tô esgotada e acabo descontando em você.
Lucas: Tudo bem. - Sorriu de lado.
Sofia: Não tá nada bem. Não quero dormir brigada com você.
Lucas: Eu também não quero. - Suspirou e me abraçou. - Eu também não tenho sido os melhores dos namorados nesta semana. Eu deveria te ajudar, não ficar te enchendo a paciência.
Sofia: O culpado não é você, sou eu! - Fiquei na pontinha dos pés e beijei seus lábios. - Eu te amo.
Lucas: Eu também te amo. - Sorriu de lado. - Senti saudades de ouvir isso.
Sofia: Desculpa. - Deitei minha cabeça em seu peito e fiquei ouvindo seus batimentos cardíacos.
Lucas: Quando o Seu Nícolas voltar, você vai se sentir mais leve e tudo vai voltar ao normal.
Sofia: Que Deus te ouça. Vamos deitar?
Lucas: Vamos. - Assim que me deitei já me aninhei no Lucas. - Você anda tão carente ultimamente.
Sofia: Eu tô é uma chata, isso sim.
Lucas: Acho que a TPM tá chegando.
Sofia: Acho que sim. - Fechei meus olhos e instantaneamente o sono veio. Consegui dormir a noite toda e pra sair da cama no dia seguinte foi um trabalho.
Fiquei o dia todo igual um zumbi. Dei graças a Deus quando o Seu Nicolas entrou pela porta, perto do meio-dia. Aproveitei sua chegada e fui me deitar no sofazinho da sua sala.
Nícolas: Você tá tão pálida. Tá se sentindo bem? - Perguntou assim que entrou em sua sala.
Sofia: Tô. - Bocejei. - Como foi a viagem?
Nícolas: Foi boa. Vou abrir outra lanchonete.
Sofia: Que notícia boa. - Sorri.
Nícolas: A Suzana me contou que você passou mal esses dias, é verdade?
Sofia: É. Isso tem acontecido praticamente todos os dias.
Nícolas: Você não foi ao médico? O Lucas sabe disso?
Sofia: Não e não. Não tem necessidade de ir ao médico. - Fiz careta. - Tô com azia.
Nícolas: Come alguma coisa.
Sofia: Já comi.
Nícolas: Fica aí deitada então, eu fico no seu lugar. - Beijou minha testa.
Sofia: Obrigada, eu vou aceitar, mesmo sabendo que você tá cansado.
Nícolas: Eu cheguei de madrugada, consegui descansar bastante. - Acariciou meu rosto. - Dorme um pouco.

• Lucas •
Esse clima chato entre mim e a Sofia tá me matando, mesmo que tenhamos feito as pazes ontem, eu sinto que tem algo entre nós dois. Eu só queria que as coisas fossem que nem há algumas semanas atrás.
Gláucia: Lucas. - Me sacudiu.
Lucas: Oi, desculpa. Eu estava no mundo da lua.
Gláucia: Percebi. Eu preciso que você vá para Patos no final de semana. - Ah, não!
Lucas: Não vou poder.
Gláucia: É uma ordem não um pedido. - Agora é que a coisa vai ferrar de vez. Já até consigo imaginar os chiliques da Sofia, e de certa forma não posso tirar sua razão.
Sai da loja e fui o caminho todo pensando em como explicar pra ela que eu preciso ir pra lá. Assim que parei em frente a lanchonete estranhei não vê-la ali me esperando. Estacionei a moto e entrei no estabelecimento, lá encontrei o Seu Nícolas segurando a Sofia pelos ombros enquanto ela cambaleava.
Lucas: O quê aconteceu? - Corri até eles e segurei a cintura da minha mulher.
Sofia: Não tô me sentindo muito bem. - Respondeu assim que a levamos para a sala do seu Nícolas.
Lucas: Você comeu hoje?
Sofia: Mais do que de costume. - Assim que ela se deitou no sofá seus olhos se fecharam.
Nícolas: A Suzana me disse que ela passou mal a semana toda.
Lucas: Por que não me falou nada? - Olhei pra Sofia.
Sofia: Porque não era nada demais. - Seus olhos se abriram e estavam inundados. - Eu quero ir pra casa.
Lucas: Nós vamos no hospital. - Me sentei do seu lado.
Sofia: Não. - Ela se sentou depressa e correu para o banheiro. Fiquei no mesmo lugar. Uns minutos depois ela voltou de cabeça baixa e os olhos brilhando.
Lucas: Vem cá. - Abri meus braços. Ela se sentou no meu colo e escondeu a cabeça no meu pescoço.
Nícolas: Vai no hospital, filha.
Sofia: Eu tô bem, pai.
Nícolas: Você me chamou de pai pela primeira vez. - Olhei pra ele e o vi emocionado. - Eu estaria mais feliz, se você não estivesse passando mal. - Se sentou do meu lado.
Sofia: Tô com enjôo. - Respirou fundo.
Nícolas: Vou te levar pra casa.
Lucas: Eu vou atrás do Senhor, de moto. - E assim fizemos. O Seu Nícolas ficou um tempo com a gente lá em casa e quando a Sofia se sentiu melhor, ele foi embora.
Sofia: Tô te achando tão quieto. - Me abraçou por trás. Eu estava na porta da cozinha, olhando para o nada.
Lucas: Eu vou ir pra Patos no final de semana. - Ela nada falou. - A Gláucia mandou.
Sofia: Sempre a Gláucia. - Desfez o abraço e se afastou.
Lucas: Ela é a gerente, Sofia. Eu não posso ir contra uma ordem dela.
Sofia: Tem cem funcionários naquela porcaria de loja, porque só você que tem que ir? É sempre assim! Só você!
Lucas: Eu não sei. - Respirei fundo.
Sofia: Aposto o meu pescoço como a piranha vai junto. - Assenti com a cabeça. - Que merda! - Esmurrou a parede.
Lucas: Eu não tenho culpa.
Sofia: Não fala nada. - Falou mais alto. - As vezes eu desconfio dessas tuas idas pra lá, só você e ela.
Lucas: Você acha que eu vou pra lá porque eu quero? - Me estressei. - Ou pra te trair com a Gláucia? Eu pensei que você confiasse em mim! - Elevei minha voz.
Sofia: Eu não confio é na cobra de saia. Quer saber, faz o que você quiser!
Lucas: Custa você entender o meu lado? - Passei a mão no cabelo.
Sofia: Custa, por que você também não entende o meu. Caramba, Lucas, se põe no meu lugar! como você ficaria, sabendo que eu vou pra outra cidade com um cara que vive dando em cima de mim?
Lucas: Eu não ia gostar.
Sofia: Então! Quer saber, vai pra lá mesmo e faz o que você bem entender. - Me deu as costas.
Lucas: O que mais me deixa magoado é que você não confia em mim.
Sofia: Eu não disse isso. - Se virou, já chorando.
Lucas: Disse sim!
Sofia: Eu só tenho medo de você cair nas provocações dela.
Lucas: Pra mim isso não​ é um voto de confiança.
Sofia: Você é homem Lucas, querendo ou não, uma hora ou outra ela vai pegar no seu ponto fraco com todas essas provocações e insinuações e nós dois sabemos onde isso vai parar.
Lucas: Você não confia em mim, é isso!
Sofia: Faz semanas que a gente não tá bem, fica cada um em um canto, até na cama é assim e querendo ou não todo mundo já percebeu que as coisas não estão tão bem entre nós dois. A Gláucia vai se aproveitar disso... - Não deixei ela terminar.
Lucas: Só porque a gente não tá indo pra cama, não quer dizer que eu vá te trair! - Gritei e sai batendo a porta. - Inferno! - Chutei o ar.
Peguei a moto e fui dar uma volta na cidade. Quando me senti mais calmo voltei para a casa e encontrei a Sofia dormindo toda torta na cama e com o rosto inchado. Puxei o cobertor e cobri seu corpo, peguei um travesseiro, um cobertor e fui dormir no sofá. Passei praticamente toda a noite acordado, relembrando a nossa briga. De manhã sai antes da Sofia acordar, não estava afim de discutir com ela logo cedo. Liguei para a Bárbara e pedi que ela fizesse companhia para irmã, mesmo estando brigados ainda me preocupo com ela.

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