Capítulo 6

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• Sofia •
Mesmo estando virada de costas pra onde o Lucas estava eu conseguia sentir ele me observando. Fechei meus olhos e tentei ao máximo impedir que as lágrimas rolassem, mas lembrando da conversa que tive com o Lucas foi impossível segurá-las. Chorei baixinho e pedi que Deus protegesse esse homem que tanto me ajudou hoje. Aos poucos o choro foi cessando, e o sono chegou de mansinho.
Lucas: Dorme bem. - Senti a cama afundar e logo em seguida seu beijo molhar minha bochecha. - Eu vou te proteger sempre! - Sussurrou no meu ouvido e logo em seguida saiu da cama. Suas palavras ecoavam em minha cabeça e sentindo uma paz muito grande, peguei sono.
Acordei somente quando o dia clareava. Fazia alguns dias que eu não dormia tão bem assim. Virei para o lado e olhei pra baixo, e vi o Lucas dormindo de bruços, o cabelo bagunçado, a boca entreaberta, e a respiração calma. Fiquei admirando-o por algum tempo e quando me lembrei do que me aguardava em casa sai da cama em um pulo. Me ajoelhei no chão e beijei a face do meu Defensor.
Sofia: Obrigada por tudo. - Sussurrei em seu ouvido e afaguei rapidamente seus cabelos castanhos.
Me levantei do chão e abri a porta do quarto com cuidado para não acordá-lo. Assim que passei pelo corredor esbarrei com o seu Paulo e por pouco não cai.
Paulo: Sofia? - Segurou meus cotovelos com delicadeza. - Você se machucou?
Sofia: Oi. - Sorri envergonhada. - Não.
Paulo: O que você está fazendo aqui? - Perguntou me soltando.
Sofia: Err… Eu vim… - Cocei a cabeça. - Eu vim conversar com o Lucas.
Paulo: Ele não está dormindo?
Sofia: Está. - Brinquei com meus dedos. - Eu vim pra cá ontem a noite, eu estava com alguns problemas e o Lucas me ajudou.
Paulo: Você dormiu aqui então? - Franziu a testa.
Karina: Deixa a menina, Paulo! - Surgiu atrás de mim. - Você vai assustá-la com esse monte de perguntas. Tá tudo bem, querida. - Segurou nos meus ombros.
Paulo: Eu não quis assustar você, é só que faz tanto tempo que você e o Lucas não se falam.
Sofia: Eu entendo o senhor. - Sorri de lado. - Eu vou pra casa, não quero incomodar.
Karina: Não é incômodo nenhum. Venha aqui mais vezes. - Sorriu.
Paulo: Eu gostava muito da tua amizade e do Lucas, é uma pena que tenham se perdido no caminho. - Lamentou. - Sempre que quiser vim pra cá as portas estarão abertas.
Sofia: Obrigada.
Karina: Toma café com a gente?
Sofia: Não, obrigada. Eu preciso ir pra casa antes que o Gabriel acorde.
Karina: Vou te levar até a porta.
Paulo: Tchau Sofia, apareça mais vezes.
Sofia: Obrigada. - Segui com a Dona Karina até a porta, me despedi dela com um sorriso e atravessei a rua. Um pouco antes de entrar em casa vi o Danilo escorado na parede, de braços cruzados, me olhando com aqueles olhos impiedosos. Minhas pernas bambearam só de vê-lo ali. - Danilo? - Engoli em seco.
Danilo: Oi sobrinha. - Sorriu cínico. - Estava à sua espera. - Levou uma das mãos até os meus cabelos, tentei me afastar mas ele me impediu. - O Gabriel está te esperando. - Riu do meu desespero.
Sofia: Por favor. - Meus olhos inundaram.
Danilo: Não chora. - Deslizou a mão do meu cabelo e levou até o meu braço esquerdo, apertando-o com força.
Sofia: Tá machucando.
Danilo: Cala a boca! - Ele olhou para o rua, checando se não tinha ninguém e me jogou contra a parede. - Ontem você escapou, hoje você não terá tanta sorte assim. - Falou colando o rosto no meu. - Entra na casa! - Ordenou me soltando. Me desencostei da parede e abri a porta de casa. Assim que botei os pés ali, cenas do que estava por vim, vinha em minha mente. Minha garganta se fechou, mas eu não podia chorar, se uma lágrima rolasse o meu castigo seria muito pior.
Assim que entrei de vez em casa e o Danilo fechou a porta, o Gabriel apareceu na minha frente e me empurrou contra o corpo do Danilo, que puxou meus braços pra trás e passou um dos seus braços pelo meu pescoço.
Gabriel: Você achou mesmo que eu não ia descobrir sobre a sua desobediência? - Passou a mão pelo meu rosto. - Eu tenho olhos por toda a parte, querida.
Danilo: Essa aqui estava no maior papo com o Lucas, ontem. E ela não desgruda um minuto se quer do Vinicius. Sem contar que os dois viraram defensor da pobre Sofia. - Riu no meu ouvido.
Gabriel: Você contou alguma coisa pra um dos dois? - Apertou a minha garganta. Agora além do braço do Danilo, as mãos do Gabriel me impedem de respirar.  
Gabriel: Responde. - Falou entre dentes.
Sofia: Eu não falei nada. - Sussurrei. - Eu tô sem ar. - Me debati mesmo sabendo que seria impossível sair das mãos deles.
Gabriel: Eu não vou te enforcar. Não agora. - Tirou as mãos do meu pescoço, e mesmo o braço do Danilo estando naquele local consegui respirar, com dificuldade mas consegui.
Danilo: O que você tanto conversa com o Vinícius?
Sofia: Nada de mais. - Uma lágrima escapou e uma bofetada eu ganhei, fazendo meu rosto virar para outro lado e o local do tapa adormecer no mesmo instante.
Gabriel: Eu odeio quando você chora! - Alterou a voz.
Sofia: Desculpa. - O medo tomava conta do meu ser. Eu só conseguia imaginar o que estava por vir.
Gabriel: Não se desculpa. - Segurou meu maxilar com força e me obrigou a olhá-lo. - Como foi passar a noite no vizinho? - Depois dessa pergunta o meu medo triplicou de tamanho.
Sofia: Eu não dormi no Lucas. - Menti, mesmo sabendo que minha situação pioraria.
Danilo: Não mente. - Puxou meu corpo mais pra trás, fazendo com que ficássemos mais próximos. - Foi boa a noite lá, gatinha? - Soltou os meus braços e segurou minha cintura, impedindo que eu afastasse nossos corpos.
Sofia: Me solta! - Elevei a voz.
Danilo: Shiu.
Gabriel: Fica quietinha. - Riu. Ah, como eu tenho nojo desses dois monstros. - Se você gritar vai ser muito pior. - Respirei fundo e fechei olhos tentando impedir que mais lágrimas viessem.
Danilo: Foi boa a noite ou não? - Passou o nariz pela minha orelha.
Sofia: Por favor me deixa ir embora. - Abri meus olhos. - Eu juro que nunca conto nada pra ninguém.
Danilo: Você é a nossa Bonequinha, não podemos te deixar ir. - Não consegui mais impedir as lágrimas e comecei a chorar.
Sofia: Por que tem que ser eu?
Gabriel: Porque gostamos de você. - Segurou meus cabelos e se aproximou de mim, assim que seu corpo chegou muito próximo do meu, uma loucura passou pela minha cabeça e antes que eu pensasse, meu joelho esquerdo acertou as partes baixas do Gabriel, fazendo ele se jogar no chão e levar as mãos até o local.
Danilo: Essa doeu até em mim.
Gabriel: Eu vou acabar com você! - Sussurrou enquanto chorava de dor. - A dor que eu tô sentindo agora não vai ser nada comparado com a que você vai sentir. - Meu corpo todo tremeu com essas palavras, agora mais do que nunca eu sei que tô ferrada.
Danilo: Você deveria ter pensado antes de fazer uma coisa dessas, gatinha. - Falou no meu ouvido. - Nunca te vi tão agressiva assim. - Tentei acertar uma cotovelada nele, mas não consegui. - Se você fazer isso eu acabo com você! - Voltou a apertar meu pescoço. - Tá me escutando? - Assenti com a cabeça.
Gabriel: Leva ela pra lá. - Falou entre um gemido e outro de dor.
Sofia: Pra lá não. - Me debati desesperadamente.
Danilo: Pra lá sim. - Riu. O Danilo me virou de frente pra ele e me jogou em seus costas. Tentei pular, murrei suas costas mas foi em vão.
Sofia: Não me leva pra lá. - Implorei chorando.
Danilo: Ninguém mandou você aprontar. - O Danilo foi andando e a cada passo que ele dava mais próximos ficávamos do quarto do castigo.
Sofia: Pelo amor de Deus, Danilo não faz isso. - Implorei.
Danilo: Quanto mais você reclamar pior vai ser. - Falou duro.
Sofia: Eu não aguento mais essa vida. - Me debati mais algumas vezes e em um momento de loucura mordi o Danilo.
Danilo: Ah. - Gritou de dor. Quando tirei meus dentes das suas costas vi o sangue brotar e logo em seguida minha bunda arder. - Você vai pagar muito caro por isso. - Deu um soco na minha perna. Gemi de dor e mais lágrimas rolaram pelo meu rosto. Ouvi a porta do quarto ser aberta e logo em seguida meu corpo entrou em contado com o chão frio. - Agora você vai pagar por tudo o que fez. - Me arrastei no chão e me encolhi na parede, enquanto o Danilo tirava a sua cinta. Logo atrás apareceu o Gabriel, com uma cinta e duas cordas nas mãos.
Gabriel: Vem aqui! - Ordenou e eu neguei. - Eu não vou falar de novo. - Continuei no mesmo lugar e foi nesse momento que o Gabriel veio até mim e me puxou pelos cabelos. - Isso é pra você aprender a nunca mais me desobedecer. - A minha nunca já estava machucada e dolorida de ontem quando o Danilo puxou e agora tudo piorou. - Tranca a porta. - Falou para o irmão.

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