Capítulo 45

12 1 0
                                    

     • Lucas •
Sofia: Olhando as janelas de novo?
Lucas: Tô meio cismado hoje. - Passei a mão no cabelo. - Tá pronta?
Sofia: O que você acha? Tô aqui fora te esperando faz uns 10 minutos.
Lucas: Desculpa.
Sofia: Vamos agora. - Saímos de casa, mas eu continuei cismando e fui o caminho todo agoniado. E o pior de tudo é que isso não passou no decorrer da manhã, então no meu horário de almoço fui até a lanchonete e peguei a chave com a Sofia, por que esqueci a minha em casa. Aproveitei e avisei a ela que irei chegar um pouco mais tarde em casa hoje. Comi uma coisa rápida com ela e passei em casa. Tudo normal! Acho que eu tô enlouquecendo. Voltei a lanchonete e entreguei a chave, depois fui para o trabalho.
E o dia seguiu assim agoniado e estranho. Eu não tive parada o dia todo.
Glaucia: O que você tem? - Parou do meu lado. Parei de arrumar a vitrine e olhei pra ela.
Lucas: Nada.
Glaucia: Tem sim, você tá agitado, agoniado. Não para quieto um minuto.
Lucas: Eu já acordei assim​. - Suspirei. - Tô com um aperto no peito, uma sensação ruim.
Glaucia: Quer ir pra casa? Eu te libero.
Lucas: Não precisa. Obrigado. - Voltei aos meus​ afazeres e só parei quando senti meu celular vibrar. Parei o que eu fazia e retirei-o do bolso. Uma mensagem da Sô.
" Tô indo pra casa mais cedo, o movimento hoje foi pouco. Não precisa se preocupar, tô indo com o Seu Nícolas.
Toma cuidado na estrada, não corre muito. Tô com mau pressentimento a tarde toda, pode ser bobeira mas é bom não arriscar. Então, toma mais cuidado.
Até mais tarde. Te amo ❤"
Digitei uma mensagem rápido e terminei de arrumar a vitrine. Depois fui ajudar as meninas a organizar as prateleira.
Sai da loja já estava escuro. Fui para a casa com mais cuidado e redobrei a atenção na estrada e nas curvas principalmente.
Quando cheguei em casa estranhei as luzes estarem apagadas.
Lucas: Sofia! - Chamei, assim que tranquei a porta da cozinha, que foi por onde eu entrei.
Sofia: Tô no quarto. - Sua voz estava estranha. A passos ligeiros fui até lá e acendi a luz, e encontrei ela deitada na cama com um edredom.
Lucas: Tudo bem?
Sofia: Tudo. - Sorriu forçado. Caminhei até a cama, me sentei ao seu lado e vi seus olhos inchados.
Lucas: Você estava chorando?
Sofia: Não. - Sua voz embargou e eu me preocupei.
Lucas: Seus olhos estão inchados. O que aconteceu? Me fala a verdade.
Sofia: Nada. - Ela começou a chorar e me abraçou.
Lucas: Pelo amor de Deus, me fala o que aconteceu! - Acariciei seus cabelos e puxei-a para mais perto de mim. Seus soluços estão me deixando desesperado. - Pelo amor de Deus!
Sofia: Não é nada. - Desfez o abraço e me olhou nos olhos. - Eu só estou preocupada com o Vini, o que aconteceu com ele e o Cadu mexeu muito comigo.
Lucas: É só isso mesmo? - Segurei seu rosto entre as minhas mãos.
Sofia: É. - Desviou os olhos dos meus e voltou a se deitar. - Eu não vou para a faculdade hoje.
Lucas: Queria ficar com você mas preciso entregar nossos trabalhos. Mas não quero te deixar aqui sozinha.
Sofia: Eu vou ficar bem.
Lucas: Vou pedir para o Leandro dormir aqui.
Sofia: Tá. - Como assim, tá? Cadê os protestos? A negação? Isso não tá me cheirando nada bem.
Lucas: Vou tomar um banho. - Ela apenas assentiu. Peguei uma roupa qualquer e fui para o banheiro, assim que cheguei lá encontrei uma poça de sangue no chão. Voltei para o quarto na mesma hora. - Você tá machucada?
Sofia: Não, porquê?
Lucas: Tem sangue no chão do banheiro. - Ela me olhou arregalada. - O que aconteceu Sofia? Onde você se machucou?
Sofia: Eu não me machuquei, é só a minha menstruação. Eu vou lá limpar. - Assim que ela se levantou ouvi seu gemido. Corri até ela e segurei sua cintura.
Lucas: Me conta a verdade!
Sofia: Eu já contei. - Bufei e me afastei.
Lucas: Volta a deitar, deixa que eu limpo. - Sai do quarto sem nem esperar sua resposta. Entrei no banheiro e tranquei a porta. Sacudi o lixeiro do banheiro e não encontrei nenhum vestígio de sangue ou absorvente. Abri a gavetinha do armário e encontrei um pacote de absorvente fechado.
Isso tá muito estranho! Tomei meu banho e limpei o banheiro. Quando terminei de me arrumar mandei mensagem para o Leandro e um pouco antes de eu sair de casa ele chegou.
Leandro: Boa aula. - Me abraçou.
Lucas: Obrigado. Fica de olho na Sofia, ela tá estranha, tá chorando. Tenta descobrir alguma coisa.
Leandro: Deixa comigo. - Fui até o quarto, dei um último beijo na Sofia, peguei minhas coisas e fui pra faculdade.
Mesmo me distraindo com as aulas o aperto no peito não passou, pelo contrário só aumentou. E pra piorar o Vinicius nem aqui não tá, pra me ajudar ou tentar desvendar a Sofia.

• Sofia •
- Horas antes -
Assim que mandei a mensagem para o Lucas, o Seu Nícolas me levou para a casa, me despedi dele com um abraço apertado. Hoje eu tô meio carente, então esse abraço aqueceu meu coração e me deixou mais feliz.
Assim que abri a porta de casa estranhei ao ver a janela da sala aberta. O Lucas cismou o dia todo com a coitada e ainda esquece ela aberta. Provavelmente foi meio-dia quando ele veio em casa. Fechei a janela e tranquei a porta. Guardei minha bolsa no quarto, peguei uma camiseta do Lucas e as minhas peças intimas e fui para o banheiro, mas dessa vez não fechei a porta, deixei aberta como estava.
Assim que retirei minha calça Jeans e a camiseta de uniforme, ouvi a porta bater. Assim que me virei vi o Gabriel. Instantaneamente dei alguns passos pra trás.
Gabriel: Você tá mais bonita do que eu me lembrava. - Sorriu daquele jeito nojento. Tentei pegar a minha camiseta do chão, mas ele foi mais rápido e puxou. - Você emagreceu ou é impressão minha?
Sofia: Vai embora! - Ele deu uns passos pra frente e eu dei dois pra trás. Quando senti minhas costas encostarem na parede, o desespero tomou conta do meu corpo. - O que você tá fazendo aqui?
Gabriel: Vim te vê. Não sentiu saudades? - Neguei. - Eu senti. - Ele deu mais alguns passos e ficou a poucos centímetros de mim.
Sofia: Vai embora por favor. - Senti minha garganta fechar.
Gabriel: Não. - Beijou meu rosto. Tentei me afastar mas ele me prensou contra parede. - Se você gritar eu te mato! - Vociferou. Senti algo gelado tocar minha coxa, olhei para a baixo e vi uma arma.
Sofia: Por favor! - Implorei chorando.
Gabriel: Até do seu choro eu senti saudade. - Passou o nariz no meu pescoço. - Continua com o mesmo perfume. - Sorriu. Senti sua mão livre alisar minha cintura, tentei me afastar mas era impossível. - Se você ficar quietinha eu prometo que não mato você, nem o Defensorzinho.
E mais uma vez o inferno voltou! Chorei durante todo o tempo. Quando ele terminou o serviço sujo apenas saiu do banheiro, com um sorriso vitorioso e me deixou jogada no chão. Me encolhi e chorei ainda mais. Senti sangue saindo de dentro de mim, mas não me importei.
A dor da alma é muito pior do que a do corpo.
Quando a força voltou, tomei um banho rápido e fui às pressas para quarto e mais uma vez me vi sem chão e sem vida.
Eu pensei que o inferno estivesse acabou, mas vejo que me enganei.
Quando o Lucas chegou em casa o que eu mais queria era contar pra ele, mas eu não consegui. Mais uma vez me vejo ameaçava pelo Gabriel.
Cada vez que fecho os olhos revivo aquele momento e sinto vontade de me matar. Eu não vou aguentar passar por aquilo tudo de novo!
Quando o Lucas foi para a faculdade me levantei da cama, com dificuldade, e fui preparar alguma coisa para o Leandro comer, mas ele não quis. Então ficamos assistindo a novela.
Leandro: O que você tem?
Sofia: Nada.
Leandro: Você tá tão quietinha. Brigou com o Lucas?
Sofia: Não.
Leandro: Conversa comigo.
Sofia: Não quero conversar. - Sorri de lado.
Leandro: Quer um abraço?
Sofia: Quero. - Abracei meu cunhado e voltei a chorar.
Leandro: Eu não sei o que está acontecendo, mas vai passar. - Beijou minha testa.
Sofia: Eu bem que queria acreditar nisso.
Leandro: Você tá me deixando preocupado. Você tá com dor? Alguma coisa?
Sofia: Não.
Leandro: Eu vou ligar para o Lucas.
Sofia: Não precisa. Eu vou ficar bem. - Quando o choro cessou me levantei e fui até o quarto, peguei um cobertor e uma travesseiro. - Dorme aqui no sofá, o outro quarto ta vazio. Se quiser comer alguma coisa é só abrir os armários e procurar.
Leandro: Você não vai comer nada?
Sofia: Eu tô sem fome. Tô indo deitar, se precisar de alguma coisa me chama. - Beijei seus cabelos.
Leandro: Por que você tá andando toda torta?
Sofia: Coisas de mulher. - Menti. - Coloca algum filme pra você assistir. Boa noite!
Leandro: Boa noite, Sô. Dorme bem.
Sofia: Você também.
Leandro: Eu te amo.
Sofia: Eu também te amo. - Meus olhos voltaram a se encher e eu corri para o quarto, antes que elas viessem com força total novamente, na frente do Lê.
Custei a dormir naquela noite. Cada vez que eu cochilava o Gabriel aparecia nos meus sonhos e eu acordava assustada e desesperada.
Lucas: Pesadelo de novo? - Me abraçou.
Sofia: Sim. - Abracei ele também e fechei os olhos.
Lucas: Foi só um sonho, vai ficar tudo bem! - Quem dera que fosse. Pensei comigo.    

O DefensorOnde histórias criam vida. Descubra agora