Capítulo 28

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 • Lucas •
Quase dois meses se passaram e com ele quase nada mudou. A não ser, a Sofia ter aceitado morar comigo. Iremos usar o terreno que a Suzana deixou pra ela e com a casa, meus pais e a minha família estão ajudando. Eu tinha umas economias e a Sô também , então juntamos tudo, pesquisamos preços e decidimos ir a uma madeireira, que sai mais em conta. Já demos entrada na nossa casinha e daqui a poucos dias ela fica pronta.
A madeireira é de um conhecido da Mafalda, ela conversou com o dono e conseguimos um desconto grande. Ela também tem nos ajudado bastante. Deus tem colocado pessoas maravilhosas em nossas vidas.
Hoje é a consulta da Sofia com o Doutorzinho Cantador de Pacientes, e é claro que eu vim junto. Jamais deixaria ela vir sozinha, ainda mais quando eu conheço as intervenções do médico com ela.
Sofia: Se é pra ficar com essa cara amarrada eu preferia que você tivesse ido trabalhar. - Cruzou os braços. Fingi não ouvir o que ela disse e virei o rosto para o lado oposto. Estamos nessa sala de espera a mais de uma hora, minha bunda já tá quadrada de tanto ficar sentado. - Ainda tem a cara de pau de se fazer de surdo. - Resmungou.
Lucas: Resmungona. - Sussurrei.
Sofia: Insuportável. - Revirei os olhos. Ficamos nos implicando por mais alguns minutos. Mas isso acabou assim que ouvi a voz do Doutorzinho chamando a Sô. Segurei a mão dela e entramos no consultório.
Gean: Bom dia. - Sorriu largo.
Sofia: Bom dia. - Retribuiu o sorriso. Era só o que me faltava mesmo.
Gean: Trouxe o namorado hoje? - Perguntou, enquanto nos acomodamos nas cadeiras de frente a sua mesa.
Lucas: Algum problema? - Arqueei uma sobrancelha.
Gean: Não, nenhum. - Minha vontade é quebrar os dentes desse cara. - Fez os exames que pedi? - Olhou para a Sofia.
Sofia: Claro. Estão aqui. - Entregou a pasta com os exames pra ele, que olhou atenciosamente cada um deles.
Gean: Os resultados são ótimos. - Sorriu. - Posso te examinar?
Sofia: Claro.
Gean: Deita ali na maca, por favor. - Os dois se levantaram e foram até a maca, que fica bem próximo de mim. A Sofia se deitou e o Gean levantou um pouco a sua blusa. - Usou a faixa todos os dias? - Perguntou enquanto passava a mão pela mesma.
Sofia: Usei.
Gean: Você tira pra eu te eu dar uma olhadinha nas suas costelas?
Lucas: Quer ajuda? - Fiquei de pé.
Sofia: Quero. - Dei dois passos pequenos e fiquei ao lado da Sô. Desenrolei a faixa do seu corpo e fiquei segurando. Ela se deitou e o Gean tocou sua pele.
Lucas: Tá melhor?
Gean: Quase 100% já. - Sorri largo e segurei a canela da Sofia. - Pode voltar a sentar. - Voltamos para as cadeiras e nos sentamos. Peguei a mão da Sofia e trocamos um sorriso. - Você já pode voltar a sua vida normal. As costelas fraturadas estão ótimas.
Sofia: Já posso voltar a trabalhar?
Gean: Claro. Só não exagere muito, não pegue muito peso e cuidado com esforços em excesso.
Lucas: Mas não está tudo bem?
Gean: Está. É só por precaução. Esses cuidados não durarão pra sempre, será só essa primeira semana.
Sofia: Posso parar com os remédios?
Gean: Durante o dia sim. Você só tomará um a noite, um pouco antes de dormir. Como você vai voltar a sua rotina normal e seu corpo estava muito parado, ele vai estranhar e provavelmente você irá sentir dor, então é melhor continuar com o remédio pelos próximos 10 dias.
Saímos do consultor feliz da vida. Finalmente a Sô vai ter uma vida normal.
Sofia: Tô tão feliz. - Me abraçou pela cintura. O sorriso que tem no rosto dela faz meu coração acelerar.
Lucas: Tô muito feliz também. - Passei meu braço esquerdo por seus ombros e beijei sua testa.
Sofia: Tô louca pra trabalhar, voltar pra faculdade.
Lucas: Segunda-feira você fará tudo isso. - Saímos do hospital e decidimos dar uma volta na cidade e olhar algumas vitrines. - Amanhã vou ter que ir Patos.
Sofia: Vai trabalhar no shopping?
Lucas: Vou. - Torci a boca. - O que você acha de ir comigo? - Olhei em seus olhinhos castanhos.
Sofia: Eu vou ficar onde enquanto você trabalha?
Lucas: Podemos alugar um quartinho e você fica lá.
Sofia: Não podemos ficar gastando a toa.
Lucas: Não é a toa. Vamos comigo, vai.
Sofia: Não. - Ela levantou a mãos esquerda e enlaçou nosso dedos. Agora minha mão que estava em seu ombro era segurada pela dela. Sorri ao ver que dessa vez a iniciativa foi dela.
Lucas: Sempre fico nesse quartinho, de qualquer forma eu vou ter que pagar. Não vai afetar em nada no valor se você ir.
Sofia: Você não vai me convencer. - Olhou para a vitrine.
Lucas: Eu me sinto tão sozinho lá. - Fiz bico, justamente por saber que ela conseguiria ver pelo vidro. - Eu gosto da tua companhia. - Beijei seu rosto.
Sofia: Já disse que você não vale nada? - Voltou a me olhar.
Lucas: Pelo menos um milhão de vezes, só essa semana.
Sofia: Desfaz esse bico. Eu vou com você! - Abri um sorrisão.
Lucas: Por isso que você é a melhor do mundo! - Beijei seus lábios rapidamente.
Sofia: Que mania de ficar me beijando. - Resmungou.
Lucas: Não é mania, eu gosto.
Sofia: Deve gostar mesmo. - Revirou os olhos. - Vamos pra casa, você ainda tem ir trabalhar. - Saimos de frente da vitrine e fomos caminhando até onde a minha moto está estacionada.
Lucas: Ainda tenho que arrumar as coisas para levar amanhã.
Sofia: Deixa que eu arrumo. - Beijou os nós dos nossos dedos. - Tô tão feliz hoje que nem me importo em mexer naquela bagunça que você chama de roupeiro.
Lucas: É organizado.
Sofia: Então porque você nunca encontra nada lá dentro?
Lucas: Porque as coisas somem de mim.
Sofia: Vou deixar as minhas coisas junto às suas, algum problema?
Lucas: Nenhum. Minhas roupas já estão com as suas já faz um tempo.
Sofia: Eu sei, mas isso é em casa.
Lucas: Quando a gente for sair vai ser a mesma coisa.
Sofia: Você já reparou que ultimamente estamos dividindo tudo? - Sorri. - É meias, quarto, roupeiro.
Lucas: Estamos praticamente casados. - Ela riu.
Sofia: Pior que é verdade. Eu encontro mais as suas coisas do quê você mesmo.
Lucas: Se pararmos para pensar, estamos vivendo igual meus pais. Tudo o que o pai quer ele pede pra mãe e eu peço pra você. Meus pais tem conversas que é só deles e nós dois somos assim também. As vezes ficamos em um mundinho só nosso e eles só no deles.
Sofia: Cheguei a conclusão que somos um casal sem ser.
Lucas: Muito louco isso.
Sofia: Se fosse normal não seria nós dois. - Gargalhei.
Lucas: Verdade. - Beijei seus cabelos cor de fogo. - Quando a gente for morar junto, só nós dois, as coisas vão se intensificar ainda mais.
Sofia: A nossa ligação vai ficar ainda mais forte.
Lucas: Sabe que eu gosto disso? - Ela me olhou.
Sofia: Sério? - Meneei a cabeça em sinal positivo.
Lucas: Eu nunca me imaginei tendo uma vida assim e agora que tô vivendo isso eu tô gostando. É muito diferente do que eu pensava! E isso é bom.
Sofia: Você não sente falta das baladinhas todas as noites e nem de uma mulher a cada dia?
Lucas: Sinceramente?
Sofia: Sim.
Lucas: Não sinto. Pra falar a verdade agora eu me sinto bem de verdade. Não sei se eu quero mais voltar para aquela vida.
Sofia: Mas você gostava tanto.
Lucas: Acho que eu nem gostava tanto assim. Eu me sentia vazio no meio de muita gente vazia.
Sofia: Como se sente agora?
Lucas: Preenchido. - Sorri. - Agora eu tenho vontade de voltar pra casa. Praticamente todos os dias eu conto os segundos pra acabar o meu expediente, as aulas, só pra eu chegar em casa e te encontrar acordada me esperando. - Ela sorriu de uma forma tão bonita que a minha vontade foi de guarda-la dentro do meu coração e não deixar ninguém mais vê-la. Só eu.
Sofia: Confesso que fico o dia todo olhando para o relógio na esperança que ele gire mais depressa, só pra você voltar pra casa mais rápido. - Não pensei duas vezes em beijá-la. A rua onde estamos é pouco movimentada, então não é preciso ter medo que alguém nos veja. Beijei aqueles lábios doces com todo carinho que existe dentro de mim. Só desgrudei nossas bocas quando o ar nos faltou. Segurei seu rosto em minhas mãos e fiquei admirando seus olhos. As palavras da mulher que ronda meus pensamentos soaram como música para os meus ouvidos. Jamais imaginei escutar isso de alguém, principalmente esse alguém sendo a Sofia, a minha amiga de infância e meu primeiro amor.
Lucas: Acho que tô apaixonado! - Sussurrei contra seus lábios. Passei meus lábios nos dela, que entre abriu a boca procurando pela minha. Sorri antes de beijá-la mais uma vez. Quando o beijo chegou ao fim ela sorriu. - Amo seu sorriso! - Lhe dei um selinho. - Ele é tão lindo quanto as obras de Romero Britto. Pensando bem, acho que as obras dele não chegam chegam nem perto dessa perfeição.

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