Capítulo 39

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     • Sofia •
Lucas: Que bom, porque eu também gosto muito de você! - Sorri. - Minha Ruivinha.
Sofia: Meu moreno. - Beijei seu queixo.
Lucas: Gostei.
Sofia: Vamos deitar. - Puxei ele pela mão e me joguei na cama.
Lucas: O Léo disse que colocou um presente pra nós dois aqui. - Ele se deitou também e passou as mãos de baixo dos travesseiros. O Lucas retirou um travesseiro da cama e revelou algumas moedas e dois papéis. Me sentei na cama e sorri vendo um desenho lindo, de uma mulher com os cabelos vermelhos, um homem e uma criança com os cabelos da mesma cor. - Ele desenhou nós três. - Sorri largo. Peguei o outro papel e reconheci sua caligrafia. - Lê.
Sofia: " Oi Sô. Oi Lu. Eu fiz um desenho pra vocês, nele tá nós três. Eu amo muito vocês. Amo do tamanho do universo. Eu vi todo mundo ajudando e quero ajudar também. Eu peguei todas as moedas do meu porquinho pra dar pra vocês dois.
O Lê que me ajudou a escrever, ele disse que também ama vocês.
Léo. "
Lucas: Tô emocionado. - Sorriu passando uma das mãos nos olhos.
Sofia: Também tô. - Minha voz embargou. - Um dia esse menino me mata de tanto amor.
Lucas: Ele me enche de orgulho. - Passei minha mão em seus cabelos e ficamos admirando o desenho e a linda atitude do Léo. Como pode um ser tão pequeno ter um coração tão bom? Ele é um verdadeiro anjo!
São atitudes assim que tornam o dia mais bonito. O mundo tá cheio de crianças com um bom coração, mas as pessoas não dão valor a elas. É nesses pequenos gestos que surgem grandes homens e mulheres. As crianças de hoje serão a salvação da humanidade, basta os adultos mostrar o caminho certo e incentivá-los a fazer o bem.

- 1 semana depois -
Uma semana se passou. Eu a Bárbara já começamos a espalhar alguns cartazes pela cidade, com as fotos antigas da Suzana. O Lucas ainda não conseguiu passar as fotos naquele programa, mas o amigo dele garantiu que até amanhã as fotos estão na nossa mão. Que assim seja!
Noite passada sonhei com a Suzana. No sonho ela me dizia que estava voltando e que estava mais próxima de mim do que eu imagino.
Agora é o meu horário de almoço. Hoje como de costume fiquei por aqui.
Me sentei em uma das mesas vazias e peguei aquelas fotos que encontrei na casa da Bárbara há uns meses atrás.
Nícolas: O Lucas não vem hoje? - Perguntou do balcão.
Sofia: Não. - Olhei pra ele.
Nícolas: Não estão brigados, estão?
Sofia: Não. - Sorri pra ele. Hoje o movimento tá bem fraco então deu pra todo mundo papear bastante.
Gustavo: O que quê tanto olha aí?
Sofia: A foto da minha mãe.
Nícolas: Alguma notícia dela?
Sofia: Nenhuma. - Suspirei. Juntei as fotos e me sentei ao lado do Gu, nos bancos em frente ao balcão que o Seu Nícolas está.
Gustavo: Deixa eu ver?
Sofia: Deixo. - Entreguei as fotos pra ele e olhei para o seu Nícolas.
Nícolas: Não desiste não menina, daqui a pouco você encontra ela. Não perca a fé. - Apertou minha mão de leve.
Sofia: Não vou perder.
Larissa: Qual o nome dela?
Sofia: Suzana. - Vi o seu Nícolas franzir a sobrancelha mas não dei importância.
Gustavo: Você é parecida com ela. - Sorri. O Gustavo me entregou as fotos e eu as coloquei em cima do balcão.
Nícolas: Essa aqui é a tua mãe? - Pegou uma das fotos. Sua voz estava diferente. Ele me parecia emocionado.
Sofia: É. O Senhor conheceu ela?
Nícolas: Meu Deus! - Seus olhos brilharam e ele começou a tremer.
Sofia: O Senhor tá bem? - Dei a volta no balcão e segurei seus ombros. Puxei um banquinho qualquer e ele se sentou. Segundos depois o Gustavo apareceu com um copo de água. - Bebe. - Vê-lo tremendo me deixou nervosa. - O Senhor tá bem? - Voltei a perguntar.
Nícolas: Você conhece esse homem da foto? - Pegou outra foto. Nessa eu estava no colo de um homem, eu era bem bebezinha ainda, e ele passava um dos braços por cima dos ombros da Suzana.
Sofia: Acho que ele é o meu pai. - Olhei em seus olhos, que brilhavam ainda mais que minutos atrás. Olhei para os meus amigos que também não estavam entendendo nada. - O Senhor conhece ele? - O Seu Nícolas começou a chorar e o meu desespero aumentou.
Nícolas: Eu não consigo acreditar. - Apoiou o rosto na mão e me olhou de um jeito diferente. - Você esteve​ aqui o tempo todo. - Abafou o choro com uma das mãos. - O que tem escrito atrás dessa foto?
Sofia: Você será pra sempre...
Nícolas: O nosso Pimpolhinho. - Terminou a frase. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e uma emoção tomar conta do meu coração. Acho que eu tô louca!
Sofia: Você é o homem da foto? - Minha voz embargou e uma lágrima escapou dos meus olhos.
Nícolas: Eu sou o teu pai Sofia! - Tampei meu rosto com as mãos e cai no choro. - Eu procurei por você tantos anos! - Tocou meus cabelos. Tirei as mãos dos meus olhos e me lancei em seus braços. Apertei-o forte e ele fez o mesmo. Senti as lágrimas dele molhar a minha blusa, mas não me importei pois eu fazia o mesmo na dele. Ele desfez nosso abraço e segurou meu rosto em suas mãos. - Eu sempre te achei parecida com ela mas pensei que fosse algo da minha cabeça, porque eu a vejo em tudo. - Levei minha até seu rosto. - Minha menina! Eu sonhei tanto com esse momento. - Olhei em seus olhos e só agora reparei que são iguais aos meus. - Me perdoa por ter ido embora e ter abandonado você e a Suzana. - Passei meu polegar por suas bochechas e enxuguei suas lágrimas.
Sofia: Eu te perdoou. - A minha voz nem saia direito de tanta emoção. O Seu Nícolas olhou para os poucos clientes que estavam ali e gritou. - Essa é a minha filha! O meu Pimpolhinho! - Sorri mesmo chorando. Não sei explicar o que eu tô sentindo, só sei que é algo forte e inexplicável. Abracei ele mais uma vez e olhei para os meus amigos que choravam tanto ou mais que eu.
Carol: Você encontrou o teu pai Sô. - Pegou na minha mão.
Gustavo: Parabéns Seu Nicolas, a sua filha é incrível!
Nícolas: Obrigado. - Me abraçou ainda mais forte. - Minha filha. - Beijou minha testa.
Sofia: O Senhor tá tremendo ainda. - Sussurrei.
Nícolas: É emoção. Vamos lá dentro, temos muita coisa pra conversar.- Seguimos para o escritório dele, ainda abraçados. Ainda acho que estou sonhando. Nos sentamos no sofazinho que tinha ali e ficamos nos olhando. - Ainda não consigo acreditar que você esteve aqui o tempo todo e eu nunca percebi. - Acariciou minha bochecha.
Sofia: Eu também nunca tinha tocado no nome dela.
Nícolas: Mas eu tenho seus documentos aqui e nunca reparei no seu sobrenome.
Sofia: Eu também nunca dei muita importância neles. - Sorri.
Nícolas: Você é registrada no meu nome e nunca percebeu.
Sofia: Até uns meses atrás eu nem pensava em procurar pelo Senhor, nem por ela. Eu passava por tanta coisa que nunca me passou pela cabeça olhar a minha certidão de nascimento. Até mesmo quando eu encontrei essa foto eu não lembrei disso.
Nícolas: Acho que Deus já tinha escrito esse momento, bem assim, desse jeitinho, por esse motivo nunca ligamos os pontos.
Sofia: Acho que sim. - Sorri. Agora as lágrimas não molhavam mais meu rosto. A única coisa que tem nele é um sorriso enorme.
Nícolas: Tenho tanta coisa pra te contar, minha filha. Mas eu só consigo te admirar. Seus olhos são iguais aos meus.
Sofia: Já reparei isso. - Acariciei sua mão que ainda estava em minha bochecha.
Nícolas: Você quer me fazer alguma pergunta?
Sofia: Quero. - Tirei sua mão do meu rosto e me ajeitei no sofá. - Por que você foi embora?
Nícolas: Eu descobri que a tua mãe estava se envolvendo com outro homem. Fiquei com raiva que juntei minhas coisas e fui embora. Eu não dei a chance nem dela se explicar. Quando vi eu já estava em São Paulo, sozinho e arrependido, mas o orgulho falou mais alto e eu não voltei atrás. Quando se tem certa idade só pensamos naquele momento. Eu não conseguia aceitar que a minha mulher me traia. Eu era louco por ela.
Sofia: Acho que ela não sabia da tua descoberta. Eu encontrei uma carta e nela a Suzana diz que você simplesmente nos abandonou.
Nícolas: Talvez se eu não tivesse agido por impulso e tivesse conversado com ela, nossas vidas teriam sido mais fáceis e você não teria passado por nada do que passou. Hoje eu vejo que o culpado do seu sofrimento sou eu.
Sofia: Não fala assim.
Nícolas: Você sempre morou aqui? - Assenti com a cabeça. - Tem uma coisa que não se encaixa nessa história. Eu contratei alguns detetives.
Sofia: O Senhor me contou.
Nícolas: Eles me disseram que você morava nos Estados Unidos com a mãe.
Sofia: Eu nunca saí daqui. A Suzana sumiu no mundo quando eu tinha uns 10 anos. Talvez ela nem esteja nos Estados Unidos.
Nícolas: Será que me passaram a perna?
Sofia: O Senhor não tem o contato ou o nome desses detetives?
Nícolas: Devo ter guardado nas minhas coisas.

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