CAPÍTULO II

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Hoje é o grande dia, seu velório é aqui em casa, mas o complemento, que é a cereja do bolo, é todo o meu teatro de viúva deprimida com a morte do marido...

Acordei um pouco mais cedo para ter todo um planejamento em mente, escolher a melhor roupa para a ocasião. O velório será aqui, tenho que me preparar, pessoas que nem conheço virão por respeito a Lisa.

Coloco um vestido preto e a arma presa na minha coxa, lembro da sua fala: "Espero que saiba se defender e atirar, tchau gatinha, vejo você amanhã." Se brincar, sei me defender melhor do que você. Maquiagem simples, olhar deprimido e uma roupa simples.

Desço as escadas devagar e fico surpresa ali, sentada no sofá como se a casa fosse dela. Desço os degraus o mais lentamente possível e observo seu olhar sobre mim.

— Não sabia que tinha se mudado pra cá. Até pensei em perguntar se queria fazer um tour para conhecer melhor a casa, mas parece que você já conhece tudo aqui, até mesmo a entrada. Espero que também saiba a saída. — falo irônica.

— Você está testando meus limites. Acho melhor ficar de boca calada, me tratar com respeito e fazer a sua parte. — responde, sem muita delonga.

— Claro, Capo! Mas me diz como você entrou aqui. Ou melhor, o velório é só daqui a uma hora, por que você está aqui tão cedo? — pergunto curiosa.

— Porque eu quero. — responde.

— Nossa, isso responde muita coisa. Bom... vou fazer café da manhã, você quer?

— Sì, è anche bello. — elogia.

— Grazie. — agradeço.

Lisa se senta em uma das cadeiras que fica perto da bancada. Eu começo a pegar os ingredientes. Faço omelete, separo umas frutas, faço waffles, coloco framboesas e amoras, por cima derramo mel. Para complementar, faço um suco de laranja.

— Não sabia dos seus dotes culinários, Kim. — ela fala de boca cheia. — Onde aprendeu a cozinhar tão bem assim?

— É falta de educação falar de boca cheia, Capo! — falo brincando com ela.

— Isso está muito... — ela faz um suspense. — Muito bom, meus parabéns, Kim.

— Respondendo sua pergunta, aprendi quando era criança. Sempre foi uma paixão e acabou se tornando um hobby. — falo relembrando. — E obrigado, que bom que tenha gostado, mas também não é para tanto. É só uma refeição matinal simples.

— Posso ser sincera com você? — pergunta, me deixando em dúvida.

— Claro!

— Esse foi o melhor café da manhã que eu já comi na minha vida. Nem nos melhores restaurantes. Melhor até do que o da cozinheira lá de casa e da minha mãe. Só não conta para a véia. — fala, me deixando surpresa.

— Segredo só nosso. — falo e pisc o para ela.

Depois de devorar tudo, eu levo os pratos para a pia. Lisa tenta me ajudar também, mas eu nego.

— Não mexa em nada, fique sentada aí. — ordeno.

— Tá bom, Capo. — ela fala brincando.

Pera... Ela me chamou de Capo? Ela está realmente perdendo a postura de antes.

— Agora eu sou Capo? — pergunto, enquanto lavo os pratos. — Quer dizer que eu mando nessa porra toda?

Eu abdico do meu cargo e te coroo Capo da maior máfia da Itália. Agora você tem poder para mandar na porra toda. — ela fala.

— Até mesmo em você?

𝗖𝗔𝗣𝗢 (𝗚!𝗣) - 𝐉𝐄𝐍𝐋𝐈𝐒𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora