𝗖𝗔𝗣𝗢 (𝗚!𝗣) - 𝐉𝐄𝐍𝐋𝐈𝐒𝐀

CAPÍTULO LVI

LALISA MANOBAN (CAPO)

No dia seguinte, decidi que Ella e eu precisávamos de um tempo fora de casa. Eu queria que ela tivesse um momento para esquecer a preocupação e o medo, nem que fosse por algumas horas. Arrumei nossas coisas e a levei para o parque que costumávamos frequentar quando Jennie ainda estava conosco. Era um lugar especial para nossa família, cheio de memórias felizes.

Chegamos ao parque e a alegria de Ella ao ver o playground foi instantânea. Seus olhos brilhavam, e um sorriso finalmente apareceu em seu rosto. Enquanto ela corria para os balanços, eu me permiti relaxar um pouco, observando-a brincar.

— Mamãe, me empurra? — pediu ela, segurando as correntes do balanço e olhando para mim com expectativa.

— Claro, querida. — respondi, caminhando até ela e começando a empurrá-la suavemente. — Mais alto? — perguntei, tentando animá-la ainda mais.

— Sim! — gritou Ella, rindo enquanto o balanço ia mais alto. Sua risada era contagiante, e por um momento, tudo parecia normal.

Depois de um tempo, Ella quis ir até a caixa de areia. Sentei-me ao lado dela enquanto ela construía castelos e cavava túneis. Ela parecia tão concentrada, tão envolvida em seu próprio mundo, que quase me fez esquecer da situação angustiante em que estávamos.

— Mamãe, olha! — Ella exclamou, mostrando um castelo de areia que havia construído. — É igual ao que fizemos com a mamãe Jennie no verão passado.

— Está lindo, Ella. — disse, sorrindo para ela. — Você tem um talento especial para construir castelos.

Ela sorriu de volta, mas logo seu rosto ficou sério. — Você acha que a mamãe Jennie vai voltar logo?

A pergunta dela me pegou de surpresa, e tive que lutar para manter a calma. — Estamos fazendo tudo o que podemos para trazê-la de volta, querida. Ela sabe que você sente falta dela e está esperando por ela.

Ella assentiu, parecendo mais tranquila com minha resposta. — Eu só quero que tudo volte ao normal.

— Eu também, Ella. — disse, puxando-a para um abraço. — E estamos trabalhando muito para que isso aconteça.

Enquanto estávamos no parque, Ella, ainda com o rosto encharcado de lágrimas, olhou para mim com um olhar triste e cheio de preocupação.

— Mamãe, eu preciso te contar uma coisa... — ela soluçou. — A mamãe Jennie estava grávida. Eu ouvi o médico na clínica falando sobre isso.

Minha respiração ficou pesada, e eu senti um frio percorrer minha espinha. A revelação de Ella era um golpe direto no estômago. Não esperava ouvir isso, e a confusão e o medo tomaram conta de mim.

— O que você está dizendo, Ella? — perguntei, minha voz trêmula e abafada.

Ella continuou, ainda chorando. — Eu ouvi o médico falando sobre como a mamãe Jennie estava esperando um bebê. E que ela e tia Rosé foi à clínica para fazer um teste, porque o bebê precisava de cuidados especiais. Eu não queria ouvir, mas eu ouvi. E eu só quero que ela volte e fique bem.

Eu me sentei lentamente no banco, a sensação de choque e tristeza me atingindo como um turbilhão. A notícia me pegou completamente desprevenida, e eu me vi lutando para processar a informação.

— Ela... estava grávida? — murmurei para mim mesma, tentando entender o impacto do que Ella acabara de revelar.

Ella acenou com a cabeça, mais lágrimas escorrendo pelo seu rosto. — Sim, mamãe. E eu não entendo por que ela não está aqui. Eu só quero que ela volte logo.