CAPÍTULO V

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JENNIE RUBY JANE KIM

Minutos antes...

Quando Lisa parou o carro em frente à mansão, seu portão era enorme e imponente, com cerca de 6 metros de altura, ladeado por duas torres ainda mais altas. As torres tinham detalhes esculpidos em seu cimento e, no topo de cada uma, havia esculturas de Leões Fu Budista (ou "cães guardiões"), considerados poderosos símbolos de proteção. Elas representavam, com riqueza de detalhes, os guardiões dos templos Budistas.

— Gostou deles? São Cães Guardiões de Buda... — Lisa perguntou, ainda dentro do carro.

— Eu sei, são considerados símbolos de proteção. — respondi, indicando que já sabia do que se tratava.

— Apesar de papà ser italiano, eu sou tailandesa, assim como minha mãe e alguns de nossos parentes e descendentes. Isso resultou na família ter o budismo como religião principal, o que não impede que tenhamos outras crenças... — Lisa contou, compartilhando um fato importante sobre sua vida que me pegou de surpresa. — Essas esculturas foram encomendadas pela minha mãe, feitas de cimento e desenvolvidas por artesãos balineses, na Indonésia.

— Sua mãe tem de fato um bom gosto, mas também peculiar para decoração. É admirável. Se a intenção era prender a atenção das pessoas, parabéns, ela conseguiu. Poderia passar minutos e até mesmo horas observando cada mínimo detalhe dessas esculturas. — falei sinceramente, ainda encantada pela decoração.

Nas torres, além das esculturas, havia em cada uma arandelas coloniais externas enormes, que, pelo material, pareciam ser de vidro e ferro. Um lustre que chamava atenção...

Sei o quão assustada e aflita você deve estar, não tenha medo, querida... — a mãe da Lisa sussurra em meu ouvido. — Estou com você. Não pense duas vezes em me procurar caso esteja desconfortável com algo que aconteça lá dentro, ou queira alguma ajuda.

Ela quebra o contato do abraço e toca meu rosto, alisando-o e dando um sorriso de confiança. Todo o ato é observado por Lisa, e eu sentia seu olhar sobre nós, como se ela quisesse saber o que sua mãe tinha falado em meu ouvido, como se fosse um segredonosso.

— Forza ragazze, a família quer conhecer Jennie, Lisa. — a mãe de Lisa fala, indo na frente.

— O que ela falou para você? — Lisa pergunta curiosa.

Se ela quisesse que você soubesse, teria falado alto para que ambas ouvissem. — respondi de maneira um pouco brusca. — Agora vamos.

Caminhamos lado a lado pelo percurso até a entrada da casa, observando a paisagem do jardim. Acabei me perdendo em pensamentos.

— Jennie? Está tudo bem? — Lisa pergunta, analisando-me com uma expressão preocupada no rosto.

— Sim, está tudo bem, por quê? — respondi, despertando do transe.

— Você estava parada, olhando para o nada por alguns minutos e não me respondia.

— Desculpe, estava lembrando do portão da entrada da casa e da decoração que o cerca. — expliquei.

— Oh, não se desculpe. Os guardiões de Buda e as arandelas coloniais realmente chamam atenção... — disse, dando um riso nasal, que claramente mostrava que ela também ficou admirada quando viu as esculturas pela primeira vez. Mas logo perguntou. — Vamos entrar?

— Claro, vamos. — respondi com um frio na barriga.

Assim que ela abre a porta, escutamos o som de música, o cheiro de carne assando, pessoas conversando, e barulhos de água se agitando, provavelmente de pulos e saltos na piscina. Caminhamos até a área de onde vinham todos os sons. Não pude reparar muito na parte de dentro da casa, mas cada detalhe era muito chamativo, simples e luxuoso ao mesmo tempo. Quando chegamos ao que parecia ser o quintal, todos pararam o que estavam fazendo. Literalmente, parecia que tudo estava em câmera lenta; até as pessoas dentro da piscina pareciam estátuas. Senti um rubor tomar conta do meu rosto; aqueles olhares estavam me deixando com vergonha.

𝗖𝗔𝗣𝗢 (𝗚!𝗣) - 𝐉𝐄𝐍𝐋𝐈𝐒𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora