II - The Amazon Warrior.

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S/n's pov.
Hawkins, Indiana, 1986. 15:25 P.M

O pré-jogo foi uma bosta, eu pensei que não tinha nada mais interessante pra fazer, mas tenho certeza que me enganei, poderia ter ido na locadora pegar alguns filmes e passar a noite vendo tv e comendo pipoca, mas não foi o que aconteceu.
Confesso que estou um pouco nervosa para a campanha mais tarde... Faz um tempo que não jogo D&D, tenho medo de estar um pouco enferrujada e decepcionar Dustin, por mais que aquele sem dentes seja insuportável as vezes, ele é meu irmão, e tenho medo de não ser quem ele pensa que eu sou, ou quem ele precisa... Eu sei, é besteira, é só um jogo... Mas pro Dustin... Isso é muito mais do que só RPG de mesa, isso tem sido basicamente a vida dele desde que eu ensinei pra ele quando aquele pirralho tinha sei lá, oito anos, as vezes me lembro quando jogava, não sei porque parei, mas isso está prestes a mudar.
Talvez seja bom passar um tempo a mais com Dustin, depois das coisas bizarras que aconteceram envolvendo o mundo invertido, eu acabei me afastando, nem eu sei o motivo, só me afastei, acho que precisava de um tempo pra digerir o que aconteceu no ano passado...

Flashback on.

- PAI! - Era tarde demais, não importa o quanto eu tentasse, Joyce não me soltaria, ela não me deixaria ir com ele.
Lá estava Hop, meu pai, em chamas, e eu não pude fazer nada, não consegui fazer nada para salva-lo.
Hooper não era meu pai de sangue, mas foi o único pai que eu tive. Logo depois que Dustin nasceu, eu tinha meus três anos, minha mãe descobriu a traição do seu ex marido, homem cujo nome eu não ouso mencionar, homem que trouxe eu e meu irmão ao mundo, mas a grande verdade, é que ele nunca esteve lá, nem para mim, e muito menos para Dustin. Hooper e Joyce, por serem amigos próximos da minha mãe, já que no colégio,eles eram inseparáveis, e são até hoje, ajudaram muito depois que aquele canalha desapareceu, e Hooper criou a mim e a Dustin como se fossemos seus filhos, Dustin sempre o viu como o Sheriff que pegava no seu pé, mas eu... Eu sempre o viu como pai. Ele me ensinou a andar de bicicleta, estava lá quando eu perdi meu primeiro dente, foi ele quem passou a madrugada inteira no hospital depois que eu usei um remédio que não devia e acabei sendo internada, Hooper foi quem me ensinou tudo o que eu sei sobre investigação e armamentos, ele também estava lá quando eu quebrei meu braço pela primeira vez, ele sempre esteve lá, para absolutamente tudo, quando entrei na escola, quando tirei meu primeiro dez, nas festinhas de dia dos pais, quando tive minha primeiras menstruação, sempre foi ele. E agora... Eu o tinha perdido...

Flashback off.

A hora passou extremamente depressa, talvez porque eu assisti Goonies, Grease e uma parte de O Clube dos Cinco, de qualquer jeito, eu precisava me arrumar para ir encontrar com o clubinho do Livro do Dustin, e claro, o abominável metaleiro cabeludo, Eddie Munson.
Você provavelmente está se perguntando "O que esse garoto fez pra ela?!" bom, a resposta é bem simples. Eu e Eddie nos conhecemos no nono ano, depois dele ter repetido aquela série duas vezes, ele era, digamos... Insuportável! Adorava me irritar, jogar bolinhas de papel no meu cabelo, que também era puxado pra trás algumas vezes pelo garoto, ele implicava com absolutamente tudo o que eu fazia, e muitas vezes, eu senti vontade de afundar o rosto dele com um soco, mas isso não era possível, de forma resumida, eu passei a odiar ele, e continuou por isso mesmo, agora nem sei o motivo pelo qual odeio ele, apenas, odeio.
Steve passaria para me buscar, já que ele iria assistir o jogo, Dustin ficou na escola, disse que ia ajudar Munson a ajeitar a campanha, eu apenas concordei.
Tomei um banho, dessa vez, um daqueles banhos calmos e demorados, relaxante o suficiente pra tirar a tensão dos meus ombros, pescoço e costas, lavei meu cabelo, enrolei mais um pouco debaixo da água, passei um óleo de banho em meu corpo, ser cheirosa nunca é demais, me enrolei na toalha e sai do banheiro, me jogando na cama, não é como se eu corresse o risco de alguém entrar no meu quarto com tudo como hoje de manhã, já que eu estava completamente sozinha, mamãe no trabalho, Dustin na escola, era apenas eu e a Lucky, minha gatinha, eu e Dustin escolhemos esse nome porque significa sorte em inglês, e Lucky era uma gata preta, gostamos de fazer trocadilhos idiotas.
Finalmente me levantei da cama e coloquei uma roupa. Vesti um shorts jeans preto de cintura alta e larguinho nas coxas, uma camiseta do AC/DC e um casaco quadriculado num tom meio terra, era do Hooper, ele me deu em um dia que tinha ido no fliperama com Dustin e os garotos, mas não tinha blusa de frio, e a noite estava esfriando cada vez mais, então ele disse que eu tinha de colocar um casaco, e me deu o dele. Afastei meus pensamentos sobre meu pai, e calcei meu coturno preto de couro fosco, passei um perfume, arrumei o cabelo, basicamente afoguei meus fios em creme, assim ele ficaria com a sua ondulação natural, a qual eu amava.
Escutei Steve buzinar, desço as escadas como um foguete e saio de casa, trancando a mesma entro no carro e cumprimento o garoto, que logo da partida para a escola. O caminho foi tranquilo, Robin já tinha ido para a escola, ela tinha que ensaiar com a banda do colégio antes de se apresentarem, então, quando chegamos no estacionamento, estávamos apenas eu e Steve, sozinhos no carro.
Nós já ficamos algumas vezes, mas eu sei que ele ainda tem sentimentos pela Nancy, e não quero ser a segunda opção de alguém, ou a garota com quem ele ficou porque não teve a que ele queria, mas... Algumas bitoquinhas de vez enquando não fazem mal a ninguém...
Assim que o garoto estacionou o carro e o desligou, começou a me encarar por alguns segundos, eu obviamente o encarei de volta, ele então passou a olhar para os meus lábios, e aí eu entendi o que ele queria...
Steve foi se aproximando, com uma mão em meu rosto enquanto a outra repousava em minha coxa, então, como se não fosse grande coisa, ele colou nossos lábios, ali, no meio do estacionamento do Hawkins High School, tudo escuro, com apenas algumas frestas do carro sendo iluminadas pela luz da lua, Steve Harrington e eu, estávamos nos beijando como se não tivéssemos algo melhor para fazer, realmente não tínhamos... Tudo estava bem, ele finalizou o beijo com alguns selinhos demorados... e por fim, resmungou o nome dela... Eu não tenho sentimentos por Steve, talvez eu tenha tido um pequeno sentimento por ele quando ainda estávamos no oitavo ou nono ano, mas isso não foi pra frente, nós não temos nada sério, ele não gosta de mim dessa maneira, e eu também não o vejo como algo além de meu melhor amigo, mas por favor, não sou obrigada a estar beijando uma pessoa, e a escutar chamar pela garota que o chutou a uns dois anos atrás. Isso já aconteceu uma vez, ele disse que não ia acontecer de novo, e que não sentia mais nada por ela, mas ele obviamente continua completamente apaixonado pela Wheeler.
Solto uma risada alta ao escutar o garoto resmungando um "merda".

𝖯𝗂𝗌𝗌 𝖮𝖿𝖿 𝖸𝗈𝗎𝗋 𝖯𝖺𝗋𝖾𝗇𝗍𝗌 - 𝖤𝖽𝖽𝗂𝖾 𝖬𝗎𝗇𝗌𝗈𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora