XXVII - If Life Hurts, I'll be Here

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Hopper's pov
Hawkins, Indiana, 1986. 16:15 P.M

Não demorou muito para que chegássemos na casa dos Henderson, eu nunca digo que é a casa dela, já que ela ficava brava, sempre dizia que ela tinha duas casas, uma era com a mãe, e a outra era comigo.
A garota gostava mesmo dele... Ao mesmo tempo que era gratificante ver minha garotinha crescer saudável e feliz... Era doloroso, porque a cada dia que passa, mais ela cresce, e mais eu estava perto de perde-la, e isso era assustador. Eu estou a perdendo e não sei lidar com isso... Logo ela não vai precisar de mim, mas no meu caso, sempre vou precisar dela. S/n não tem noção do quanto eu a amo, e eu faria de tudo para proteger ela de tudo e todos, mas não posso prender ela pra sempre... Até algum tempo atrás ela era uma garotinha e corria até mim com um punhado de folhas nas mãos, dizendo "olha papai, eu estou fazendo o jantar pra você." e agora aqui estava ela, com um cabeludo tatuado sentada no sofá de casa enquanto eu os encaro, pensando no que vou dizer para um garoto de dezenove anos e minha menininha que está a duas semanas de fazer dezoito. Já tinha passado por isso com ela e com Onze, mas era sempre difícil.
Eu simplesmente não sabia como agir. Não sabia o que falar, primeiro decidi conversar com os dois separadamente, depois vi que isso não era uma boa ideia, demoraria mais e eu teria um ataque, talvez até morresse.

- Bom... - Respirei fundo. - Não posso impedir vocês de... Fazerem essas coisas, mas... Precisamos viver em harmônia, eu, minha filha e o cabeludo aí, então... Por favor, não nos dêem esse susto de novo. Vocês podem sair, ficar aos beijos, podem... Vocês sabem, só não nos assustem de novo, sempre avisem onde vocês estão, com quem estão, que horas vão voltar, se vão voltar... Eu já tô ficando velho, garota, qualquer dia você me dá um susto desses e eu vou com Deus.

- Desculpa pai... De verdade, eu ia avisar, mas acabamos esquecendo e no final eu dormi no Eddie... Sentimos muito, não vai acontecer de novo. - A garota falou em um tom doce, eu dei um sorriso fraco pra ela.

- E você, garoto, fique sabendo que se magoar ela, eu não vou ser bonzinho!

- Não vou magoar, senhor... - Munson sorriu olhando para minha filha.

- Então... Será que eu vou poder dormir no Eddie outras vezes? - S/n perguntou um pouco desconfiada.

- Nem pensar! - Isso não, isso já é demais. - Pode trazer ele pra cá, até levar ele em casa se quiser, vocês podem passar o dia inteiro juntos, mas dormir com ele? Nem pensar!

- Sabe que isso não vai nos impedir de fazer...

- Nem continue S/n Hopper Henderson! Ou então eu mudo de ideia. - Falei olhando pra ela.

- Tô quietinha.

S/n's pov.
Hawkins, Indiana, 1986. 17:54 P.M

Depois daquilo, eu resolvi que iria passar a noite no meu pai hoje, Dustin resmungou um pouco porque queria que eu assistisse caça fantasmas com ele, mas prometi que iríamos assistir quando eu voltasse.
Levei Eddie para a casa dos Byers junto comigo, assim que chegamos lá, meu pai me chamou de canto e perguntou se podíamos conversar.
Eu concordei com a cabeça e ele começou.

- Olha, garota... Eu sei que nem sempre sou uma pessoa fácil de se lidar, e que mesmo depois de dezessete anos ainda não sei muito bem como agir. A verdade é que... Eu vivi em uma caverna escura, fiquei lá por muito tempo, e aí eu comecei a cuidar de você quando precisou de mim e você entrou na minha vida. E pela primeira vez depois de muito tempo, eu comecei a sentir coisas de novo, comecei a me sentir feliz. Mas de um tempo pra ca, acho que estou distante de você, como se eu... Estivesse te perdendo. Sinto falta de passar a noite assistindo filmes de faroeste com você e On até caírem no sono... Das pilhas de waffles logo cedo, sei que você está ficando mais velha... Tá crescendo, mudando. E eu acho que, pra ser sincero, isso me assusta. Eu não quero perder você, acho que é por isso que estamos tendo essa conversa, pra tentar, impedir essa perda. Fazer o relógio parar, e aí, eu teria você por perto por mais um tempo... Mas eu sei que não é assim que a vida funciona. Ela passa, a gente gostando disso ou não, e as vezes é doloroso, as vezes é triste... Mas as vezes, é surpreendente... Feliz. - Ele fez uma pausa. - Sinceramente, pode crescer garota! Não me deixa te impedir. Cometa seus erros, e aprenda com eles. Quando a vida machucar, e ela vai, lembra dessa dor, a dor faz bem, quer dizer que você saiu da caverna, e saiba, que se a vida machucar, eu vou estar aqui pra você. Seja feliz, filha, isso é tudo o que eu quero... Mas por favor, se não se importa, pelo bem do coitado do seu pai... Deixa a porta aberta dez centímetros!

Soltei uma risada fraca entre as lágrimas salgadas que escorriam por meu rosto. Eu o abracei com força enquanto minhas lágrimas molhavam a camisa marrom de delegado. Ficamos assim por um tempo, eu apertava meu pai contra meu corpo ele enquanto fazia carinho em minhas costas, Hop deixou um beijo em minha cabeça, e quando eu finalmente olhei para ele, o mais velho também estava chorando.

- Pai... - Eu o chamei em um tom baixo.

- Oi, garota... - Ele respondeu.

- Você não vai me perder... - Falei no mesmo tom. - Nunca... Nunca vai deixar de ter o que me ensinar, sempre teremos a oportunidade de comer pilhas de waffles, e assistir os filmes de faroeste. Eu sempre vou precisar de você, pai.

O mais velho sorriu e me deu outro abraço.

- Eu amo você. - Falei baixinho.

- Eu também amo você, garota.
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Eu chorei escrevendo isso cara, tá dolorido demais misericórdia.
Espero que estejam gostando.
Beijos na bundinha 🤍🖇️

𝖯𝗂𝗌𝗌 𝖮𝖿𝖿 𝖸𝗈𝗎𝗋 𝖯𝖺𝗋𝖾𝗇𝗍𝗌 - 𝖤𝖽𝖽𝗂𝖾 𝖬𝗎𝗇𝗌𝗈𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora