Miguel
Terminei de dar aula de flutuabilidade na piscina da operadora de mergulho e vim direto para casa, aqui no Pontal do Atalaia. Hoje é sabado e a semana passou voando, só que mesmo assim eu morri de saudades dela. Não via a hora de nos encontrarmos novamente. Esse lance de namoro a distância por telefone é péssimo! O carro da Isadora está estacionado em frente ao portão da garagem. Deixo meu carro atrás do dela e entro em casa entusiasmado. Ela me ligou mais cedo quando estava pegando a estrada e depois disso nós ficamos incomunicáveis. Estou doido para vê-la. Ficar longe dela por dias é uma tortura:
-Isa, cheguei !
"Estou aqui no quarto."
Corri até o nosso quarto e a tomei nos meus braços num abraço de urso, daqueles bem apertados. Quase esmaguei suas costelas e ela protestou quando ficou sem ar:
"Ai, assim você vai me matar!"
-Desculpa meu amor, é que eu senti muito a sua falta.
"Eu também estava morrendo de saudades!"
Beijei sua boca e minha língua se enroscou na dela, se tocando e instigando um ao outro. Meu corpo se aqueceu e eu fiquei duro na mesma hora. Meu desejo pela Isadora ultrapassa o meu entendimento. Só de estar no mesmo ambiente que ela já fico excitado. Estar tão perto dela dessa maneira me faz querer tomar o seu corpo e transar até a exaustão. Mas por algum motivo ela está se esquivando:
"Não, meu amor... Eu preciso tomar um banho... eu estou suja..."
-Eu tomo banho com você.
"Não podemos tomar banho juntos, eu já estou em cima da hora para o evento..."
-Eu prometo que não vai demorar... Vai ser uma rapidinha bem gostosa.
"Não, Miguel. Mais tarde a gente namora... Eu preciso mesmo tomar um banho."
Isadora se afasta de mim apressadamente e entra no banheiro. Fico repassando mentalmente as nossas ligações telefônicas e esses últimos minutos aqui no quarto. O que será que eu fiz ou disse de errado para ela me rejeitar dessa maneira ? Será que eu me precipitei em querer leva-la para a cama ? Vou até o banheiro e tento entrar, mas a porta está trancada. Ela realmente não quer que eu entre lá. Tiro minha roupa, ficando só de cueca e deito na cama, para esperar por ela. Dez minutos depois ela sai do banheiro enrolada numa toalha e vai mexer em sua mala que está aberta ao lado da cama. Ela pega uma calça comprida preta e uma regata branca. Fico observando ela por um tempo mas ela não olha para mim. Me levanto da cama e vou até ela. Isadora ameaça voltar para o banheiro com as roupas na mãos, para se vestir longe de mim. Começo a ficar preocupado... Ela está tão estranha, tão distante... Será que ela sofreu abuso outra vez ? Não entendo porque ela está rejeitando meu toque. Entro na frente dela, impedindo que fuja para o banheiro. Seguro seu queixo e levanto seu rosto para olhar dentro dos seus olhos:
-Isa, o que está acontecendo ?
"Não é nada, eu só quero me vestir..."
-Se veste aqui no quarto, na minha frente.
Eu puxo a sua toalha, deixando seu corpo nu. Seus mamilos estão rígidos e sua pele arrepiada. Ela está excitada.
-Já passamos da fase da timidez, meu amor.
Falei com a voz sussurrada, bem perto do seu ouvido. Ela gemeu bem baixinho e fechou os olhos. Sua respiração está pesada e seus lábios estão entreabertos:
"Não é isso... é que eu estou ansiosa com o evento... não quero me atrasar..."
Suas palavras não condizem com a sua linguagem corporal. Acaricio seus braços lentamente e beijo seu pescoço. Ela estremece diante de mim. Aperto seus mamilos delicadamente enquanto passo a língua do seu pescoço até o ombro, provando o sabor e a suavidade da sua pele. Ela morde o próprio lábio inferior e geme de tesão. Não entendo porque ela simplesmente não se aproxima de mim e se entrega ao desejo. Percebo que ela está se segurando, negando o próprio prazer. Junto meu corpo ao dela e nossos corpos estão quentes. Minha ereção está latejando e me incomodando dentro da cueca. Sinto o cheiro da sua excitação, mas tem algo diferente... As coisas finalmente começam a fazer sentido:
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CORAÇÃO DE PORCELANA
RomanceUma mulher meiga e gentil é traída, humilhada e maltratada por aquele que lhe jurou amor eterno no altar. Magoada e ressentida, Isadora se fecha em sua própria dor, e perde as esperanças de ser feliz no amor novamente. Depressiva e sem motivos para...