Psicopatia

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Isadora

Antes de cair na inconsciência ouço o Ramiro dizer aquelas palavras, e o meu corpo todo se arrepiar de pavor. Como é possível ele saber de uma coisa dessas?!

--Eu sempre desejei você. Desde quando era casada com aquele racista de merda do Fernando. O jeito que ele te olhava e te tratava na frente das pessoas era desprezível. Eu nunca consegui entender o porquê você se sujeitava aquela vida conjugal humilhante. Mas aí o tempo passou, vocês se separaram e eu tive a chance de ficar com você do jeito que eu sempre quis. Te tratei como uma rainha, fui respeitador e carinhoso contigo. Mas na primeira oportunidade que tivemos de ir para a cama você me rejeitou. O olhar que você me dirigiu naquele momento foi de nojo, asco. O meu toque em seu corpo te deu repulsa, e aquilo me revoltou. Eu tinha feito tudo certo e te tratado como você merecia, mas o meu esforço foi em vão. Você até tentou se justificar dizendo que tinha ficado com medo de se entregar para mim, e que não estava preparada para se relacionar com outro homem, mas isso tudo era mentira!

"Não era... Mentira... Eu tinha medo..."

--Medo porra nenhuma! Meses depois do nosso encontro você estava fodendo como uma puta com um playboy tatuado e maconheiro de vinte e poucos anos! Sua família sabe que você é chegada num 'Zé Droguinha'?! Duvido que alguém saiba que a "preciosa Isadora" curte homens brancos e viciados! Um homem negro, culto, educado, bem dotado e sem vícios como eu não tem atrai!

"Seu nojento... Asqueroso... Preconceituoso!"

--Sua palmiteira filha da puta e arrogante! Eu não sou preconceituoso. Você me rejeitou porque eu sou negro, e você só gosta de foder com cara branco. Me diz se isso não é preconceito?!

"Eu...Não...Sou...Racista..."

--Você é racista sim, e tem preconceito com a sua própria raça. Você renega as suas origens, se misturando com esses brancos que só nos enxergam como seres inferiores, objetos sexuais ou meros empregados. Eles se acham superiores em tudo que fazem, mas não tem um terço do nosso talento!

"Você é...Doente...Maluco...Pensei que...Éramos...Amigos!"

--Sempre deixei claro para você que não queria só a sua amizade. Você sempre me deu mole, mesmo quando ainda era casada. Depois do nosso encontro você ficou soberba, presunçosa e cheia de frescura. Então eu resolvi tomar à força aquilo que era meu por direito! E foi tão gostoso te foder daquele jeito ! E que boceta apertadinha você tem!

"Porque, Ramiro?! Eu...Sempre... Te admirei...Respeitei..."

--Guarde as suas lamentações e questionamentos para você mesma, pois eu não estou interessado nelas! Antes de acabar com a sua vida como você acabou com a minha, eu vou te foder novamente. Só que hoje eu vou enfiar o meu pau nesse rabo grande de crioula que você tem!

Meu corpo parecia afundar no banco do carro. Tento não desmaiar, mas a cada segundo que passa isso se torna impossível. Não sei por quanto tempo vou conseguir me manter acordada. A ânsia de vômito vem e me faz colocar tudo para fora novamente. Tenho certeza que o Ramiro me drogou, só não sei como ele fez isso. Ele nem se importa em me ver toda suja de vômito. Não consigo articular mais nenhuma palavra e fico desesperada, achando que eu estou morrendo. O torpor me faz fechar os olhos, mas não antes da verdade me atingir feito um raio:

'Você fica dando mole para o Ramiro.'

'O Ramiro acha que você quer dar a boceta para ele.'

'Fica mesmo de sorrisinho e conversa fiada com o Ramiro que ele está louco pra te comer!'

A voz do Fernando dizendo essas frases está ecoando na minha mente confusa e desorientada. Eu pensava que o Ramiro fosse o meu melhor amigo, mas vejo que me enganei. Ele me despreza e tem verdadeiro ódio de mim. Mesmo contrariada, eu hoje percebo que o Fernando tinha razão. Ele tentou me avisar que o Ramiro não estava com boas intenções comigo, mas eu não dei ouvidos. Mais uma vez eu fui ingênua. Eu tenho o péssimo hábito de ser teimosa e confiar nas pessoas. Até mesmo o Miguel percebeu algo de errado no Ramiro, mas eu achei que era ciúmes sem fundamento e implicância sem motivos. Ele tentou me alertar, mas o meu orgulho me impediu de dar razão a ele:

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