Miguel

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Já passam das três horas da manhã e eu estou debruçado na sacada da varanda da cobertura do prédio onde moro, na Praia Grande em Arraial do Cabo. Não me canso de olhar o mar iluminado pela luz da lua cheia. Eu sinto uma paz interior quando ouço o barulho das ondas e sinto cheiro de maresia. Durante o dia eu gosto de admirar a cor azul turquesa desse mar e a sua areia branca finíssima. Fiquei encantado com essa praia desde a primeira vez que a vi. Aqui é um bom lugar para refletir sobre a vida. Ultimamente eu tenho preferido ficar sozinho quando não estou trabalhando. O desânimo e a angústia que me dominam nesse momento são minhas companhias constantes, mesmo depois de fazer coisas que supostamente me dão prazer. Frequento todos os tipos de baladas, resenhas ou festas privadas que existem. Tenho uma boa condição financeira que me permite viajar para diversos lugares do Brasil e do exterior. Só que tudo isso não passou de prazeres momentâneos. Nenhuma dessas coisas foram incríveis o suficiente para me satisfazer plenamente. Não sei como preencher esse vazio existencial e isso me deixa frustrado. Só tem uma coisa que eu me orgulho nessa vida: O meu trabalho! Sou instrutor de mergulho e proprietário da Salvatore Dive Centro de Mergulho e Turismo de Arraial do Cabo. A minha empresa é líder nacional na formação de novos mergulhadores. Eu e minha equipe trabalhamos incansavelmente para chegar nesse patamar, e todo esse esforço possibilitou a minha realização profissional. Mas por algum motivo que eu desconheço, nem todo esse sucesso é capaz de compensar a minha infelicidade na vida pessoal. Eu tenho uma espécie de tristeza ou ferida emocional enraizada no meu peito que não consigo me livrar, e que me transformou no homem que sou hoje. Quem me vê sempre sorrindo e bem humorado não imagina as batalhas que eu enfrento todos os dias dentro da minha mente.

Para mascarar as minhas frustrações e anestesiar as minhas dores eu recorro ao sexo. Mulher para mim é um vício, uma compulsão que eu tento satisfazer a todo custo. Não faço o tipo romântico, nem sequer já me apaixonei por alguém, mas sempre tive curiosidade de experimentar a sensação que uma sintonia verdadeira com uma mulher provoca na gente.

Faz mais ou menos duas horas que eu me despedi de uma mulher que acabei de transar. Ela tinha vinte e cinco anos, estava acompanhada do namorado e de um grupo de amigos. Eu e minha equipe de trabalho levamos esse grupo para fazer um mergulho de batismo e, quando o passeio foi finalizado, nós combinamos de tomar uns shots de Tequila no quiosque da Praia Grande. Éramos umas quinze pessoas no total, bebendo e conversando numa boa. Eu sou um cara extrovertido e bem relacionado que tem facilidade em fazer novas amizades. E por conta disso, na maioria das vezes quando eu encerro o meu expediente de trabalho em venho para lugares como esse confraternizar com os meus novos amigos e com a minha equipe. Em um determinado momento, um cara do grupo de turistas entrou em coma alcoólico. A namorada do rapaz bêbado o levou para casa que eles estavam hospedados, o deixou lá dormindo, e voltou para a resenha no quiosque onde eu e o restante do grupo continuávamos bebendo. Ela era morena, cabelos longos cacheados, corpo plus size, olhos cor de mel e lábios carnudos. Tinha coxas grossas, seios fartos, um sorriso bonito e era boa de papo. Depois que ela voltou ao quiosque sem o namorado, ela começou a me dar condição. Eu como não sou bobo, não perdi tempo e a convidei para vir aqui na cobertura. A nossa pegação já começou no elevador mesmo. Ela estava louca para foder, já que o otário do namorado a deixou na mão. Eu cheguei junto e fodi até não aguentar mais aquela gostosa cheia de tesão, dona de uma boca insaciável que queria me chupar o tempo todo.

Tenho esse tipo de encontros casuais frequentemente, curto todo o processo desde o beijo até a consumação do ato, porém quando tudo acaba eu fico com aquela sensação de que está faltando alguma coisa. Sei que ainda não alcancei a tão sonhada satisfação sexual plena, ou até mesmo uma conexão emocional com uma mulher. Inclusive já tentei de diversas maneiras me conectar emocionalmente com alguém, mas fracassei. Talvez esse lance de "conexão emocional" não sirva para um cara mulherengo como eu!

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