Preconceitos

435 42 25
                                    

Isadora

Acordamos às oito horas e nos arrumamos para ir a cafeteria tomar nosso café da manhã de despedida. Miguel pediu que nós fôssemos no carro dele, porque ele tinha que deixar alguns materiais de trabalho, que estava na caçamba da Pick Up, na agência. Fomos primeiro na Salvatore para ele deixar o material, e depois fomos para a cafeteria na Praia Grande. Pedimos café e um monte de coisas gostosas para comer. A nossa mesa ficou cheia, parecia que a gente não ia dar conta de comer tudo. Paguei a conta antes que o Miguel tivesse tempo de pegar a carteira no carro. Ele ficou indignado comigo:

-Isa, eu realmente esqueci de pegar a carteira e o celular no carro. Não precisava pagar a conta, fui eu que te convidei para tomar café.

"Não fica chateado comigo, na próxima vez você paga."

-Você não tem que gastar nenhum centavo quando estiver comigo, é o mínimo que eu posso fazer, já que você sempre vem para cá e gasta com combustível para abastecer o carro. Quando estiver aqui em Arraial do cabo, sua estadia, alimentação, lazer ou qualquer outra despesa é por minha conta.

"Mas eu não quero ficar dependente de você, Miguel. Eu posso arcar com os meus
gastos ou pelo menos dividir."

-Eu sei que você tem condição suficiente de arcar com as despesas. Mas eu quero fazer essa gentileza, quero que você fique despreocupada com relação a gastos. Isa, a única coisa que eu quero que você gaste aqui comigo é a sua energia.

"Está bem Miguel, você venceu. Prometo nunca mais pagar nenhuma conta quando estiver aqui contigo."

Nos beijamos docemente em frente a Praia, nos despedindo por um breve tempo desse clima de romance a beira mar. Entramos no carro e seguimos para o Loft. Durante o trajeto, Miguel resolveu ligar o seu celular para ver suas notificações. Seu smartfone estava conectado via Bluetooh ao sistema de som da Pick Up. Uma mensagem de áudio da mãe do Miguel começa a ser reproduzida pelos auto falantes do carro e não tinha como eu não ouvir, mesmo com o volume baixo:

-„Oi filho, acabei de receber uma visita inesperada. Ela está aqui em casa, ansiosa para te ver. Quando puder vem pra casa, você vai se surpreender. Beijinho ! „

-Porra, isso é hora da minha mãe fazer suspense?! Porque não fala logo quem está lá em casa querendo me ver ? Ela sabe que eu não gosto de adivinhar nada.

"Miguel, me deixa no Loft e vai para casa ver o que a sua mãe quer."

-Não vou me separar de você nem por um minuto até a hora que for embora. Quem quer que seja vai ter que esperar.

"E se for alguém muito importante ? Eu não me incomodo de ter esperar, pode ir em casa sem problemas."

-A única pessoa importante e que estaria ansiosa para me ver é a Samantha, minha irmã. Ela não vem ao Brasil há nove meses. Mas ela não avisou que estava vindo. Se ela estivesse aqui eu saberia...

Miguel conferiu a hora que a mensagem foi enviada: Dez e vinte da noite de ontem.

-A mensagem é de ontem e realmente esse horário é muito suspeito. Eu desliguei o celular ontem para ninguém me incomodar, logo depois que eu falei com a Luiza, minha assistente, sobre alguns assuntos de trabalho. Então pode ser a Samantha que chegou do Canadá.

"Se a sua mãe precisar de você com urgência como ela consegue falar contigo pessoalmente ?"

-Ela sabe onde eu estou.

Miguel estacionou o carro na vaga ao lado do meu carro quando chegamos no Loft. Quando estamos esperando o elevador o celular dele começa a tocar e ele atende imediatamente:

CORAÇÃO DE PORCELANA Onde histórias criam vida. Descubra agora