capítulo 24

1.1K 190 152
                                    

Julia Castanhol.

Gotículas de suor frio e salgado que brotam sobre minha pele , se misturam as minhas incessantes lágrimas deslizando pela lateral de minha face, encontrando seu fim no emaranhado de finos tecidos abaixo de mim.

Eu tentei preparar o meu ser para o que provavelmente viria a seguir, dor na sua forma mais bruta e carnal.

Um frio percorria as minhas entranhas, como se antecipasse a agonia da invasão não consentida.

Mas o homem apenas me encarava estático,pondo o peso do seu corpo sobre meu abdômen, dificultando minha respiração.

Como se fosse um animal cativo tenho as iniciais do seu nome incrustadas sobre mim,a dor aguda que se alastra sob a fina pele de minha virilha não é algo possível de expressar em palavras.

Ele ergue sua mão e em simultâneo ao seu movimento, fecho os meus olhos à espera do impacto que viria.

Mas não, ao invés de dor eu sinto um toque macio sobre a minha face,seus dedos gentilmente passeiam por minha vermelha bochecha e limpam as lágrimas que escorriam dos meus olhos.

_Tão linda,tão frágil,tão minha.

O maldito mantra que reforça sua posse sobre mim ,escapa de seus lábios mais uma vez reivindicando aquilo que julga ser seu.

O sinto se mover em cima do meu corpo aliviando seu peso sobre mim e a agonia da antecipação me deixava inquieta,pois já previa internamente seu próximo movimento.

Minhas pernas estão complemente abertas e presas às extremidades da cama, meus braços estão da mesma maneira atados por um fio que machuca a cada mínimo movimento,estou por inteira exposta aos seus olhos invasivos .

Mas ao contrário do que os meus medos haviam antecipado,não fui invadida brutalmente.

_Abra teus olhos!_ele exige firme.

Relutantimente ergo minhas pesadas pálpebras que nadam em lágrimas,mas segundo meu algoz de nada me adiantaria.

Seu rosto estavam a míseros centímetros do meu, engoli em seco o nó que se formou na minha ardente garganta,o arrepio que percorreu toda minha pele não deixou um só pêlo descansar.

Suas orbis azuis oscilavam de tamanho, lembrando as de um felino tentando se adaptar à pouca luz .

Seu rosto não esboçava qualquer resquício de emoção que le deixasse evidênciar o que tinha em seus nebulosos pensamentos .

"Só morre de sede no deserto quem não aprendeu a procurar água"

As palavras da Senhora Dalila ecoaram nos meus pensamentos.

Eu preciso sair deste lugar e para isto não posso ser impulsiva.

_Por favor, solte estas amarras meu soberano_com a voz embargada peço .

Tento a todo custo controlar os meus soluços e parecer mais repetitiva.

Ele franze o cenho e uma pequena ruga se forma entre seus olhos, entorta levemente a cabeça,como se analisasse o que ouviu.

Uma risada rouca imronpe de sua garganta ao ponto de fazer todo o seu corpo sacudir.

Tento me encolher mas as amarras que me prendem não me possibilitam.

_Deixe-me ver ,mentirosa,sorrateira e atriz.

Ele enumera nos seus dedos com um divertido sorriso.

_Quantas qualidades minha querida,sinto-me ansioso para ver mas.

     ᎦᎪᎪᏒᎪ Onde histórias criam vida. Descubra agora