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                       Júlia.

Embora gentil, definitivamente não inspira em mim grande confiança, mas continuo achando que não me fará mal, ao menos a forma como vem agindo não dá sinais se tem esta intenção, já sobre a mulher que encontrei ao entrar seus olhos me diziam outra coisa diferente.

No final deste dia, que para mim foi cansativo apesar de não ter feito grande coisa, depois de muita insistência de sua parte, acabo aceitando relutante que dormisse na mesma cama que estou, mas não antes de garantir minha integridade física, uma promessa explícita de não atravessar os limites, algo que ele cumpriu perfeitamente, tenho que admitir, talvez a trincheira de travesseiros tenha ajudado, ou a ameaça de chuta-lo naquele lugar, ambas as  coisas pareceram lhe deixar sem palavras, pois se manteve da seu lado da cama a noite inteira, confesso que achei que não o faria.

Logo quando desperto pela manhã do dia seguinte, vejo que não está mais do seu lado da cama, minhas mãos estão bem doloridas, quando olho em direção a porta me vem o desejo de sair um pouco deste quarto.

Dalila não demora a aparecer, e aquele ritual que provavelmente ainda iria se repetir várias vezes até que de fato eu esteja totalmente bem, foi feito novamente, levantar, tomar banho e café na verdade chá.

Eu não quis perguntar se ela o tinha visto, embora quase o tenha feito, pretendo pedir a ela que me acompanhe mas tarde, que me mostre toda a casa, talvez isso me traga lembranças do que preciso saber.

Durante o banho que ela gentilmente me ajuda, Dalila falou para mim, que um fisioterapeuta, viria mais tarde ajudar a diminuir as dores de minhas mãos, começo a pensar que talvez a dormência nos  meus dedos seja mais do que me disseram, porém ela me tranquiliza quanto a isto, esta mulher me trás uma sensação tão boa, a forma como me olha é oposto da outra senhora, mas não é de falar muito apenas responde as minhas perguntas, bom ao menos as que parece saber.

Ela me trouxe uma daquelas roupas que embora sejam até bonitas na verdade são lindas, mas não gostei, pediu então que as vestisse pois não seria apropriado que me vissem apenas de ceroulas, pode ser impressão mas seu pedido pareceu mas uma súplica.

Também não gostaria de ser vista assim, então coloquei aquelas roupas estranhas, mas o véu, este não quis, o porquê deste tecido cobrindo cabeça e rosto, Dalila me disse mas não me pareceu motivo suficiente para me sufocar.

E não tardou, logo ele chega acompanhado por um senhor bem mais velho, tenho aquela sensação de d’ javi ao olhar para ele.

Aquele que se diz meu marido, não parece estar se sentido bem, pois os seus lábios mudaram de cor assim que olhou para mim.

E o senhor que o acompanha, esse não me olha de maneira alguma, mantém sua cabeça sempre baixa.

__ Qual a razão de está sem véu?

Ele pergunta olhando para Dalila, diria um tanto grosso, mas fui eu quem não quis usar.

__ Porque não quis colocar, não faz sentido algum cobri minha cabeça, ainda não o vir com a sua coberta, acaso não é casado também?

Então ele tira sua atenção de Dalila que parece pálida também e volta para mim, um ver se forma entre as suas sobrancelhas, eu ergo uma das minhas, por sua expressão parece que cometi um crime inafiançável, apenas reviro os olhos, definitivamente tem que haver uma explicação além de amor para que tenha aceitado estas coisas.

__ Faça o que veio para fazer._ Dito isto ao senhor sem olhar em sua direção, ele senta a uma certa distância em um poltrona próximo ao canto do quarto, em silêncio, permaneceu lá somente observando, seus cotovelos estão apoiados sobre os braços da poltrona e ele brinca com um anel em seu dedo, seu estado de espírito tem sido um enigma, ou será porque não me lembro?

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