Cumplicidade

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Pov: Temari (passado)

- Você está estranha, e eu sei que não é por nada do que aconteceu hoje - fala Shikamaru - então por quê?

Assim que Shikadai dormiu voltamos pra sala, um acordo mútuo de que precisavamos conversar, e parte de mim quer conversar.

- Não sei do que está falando - minto.

- Então por que está aqui Temari? - ele fala levantando as sobrancelhas.

- Não tem nada a ver com você - respondo.

- Não minta pra mim Temari - responde.

Fico em silêncio, ele está certo, eu estou mentindo, porque tem sim a ver com ele, tem a ver com tudo.

Eu não acredito que a minha vida tomou esse rumo, não falo de agora, nesse momento, mas sim de como vai ser daqui a alguns anos, do que Shikadai representa.

A velocidade com que as coisas aconteceram ontem, não me deixaram entender de fato o que tudo isso significa.

E hoje no decorrer do dia a ficha caiu.

Um dia eu vou me casar, e vou deixar Suna, minha casa, meus irmãos, e tudo que eu conquistei lá.

Shikadai falou que eu ainda faço missões, então provavelmente sou no máximo mediana nas duas coisas, mãe e ninja.

Não da pra ter os dois, todo mundo sabe disso.

- Temari, - Shikamaru me chama interrompendo meus pensamentos - fala comigo.

Abraço meu próprio corpo e continuo em silêncio.

Além de tudo isso, me apeguei a criança, e ele vai voltar pro tempo dele, e as coisas aqui vão ser como eram antes, mas não da mais pra se como eram antes, meu relacionamento com o Shikamaru não pode voltar ao que era antes.

- Você estava normal de manhã quando acordamos, mas passou quase o dia todo quieta, eu fiquei junto com você o tempo todo, então sei que não aconteceu nada, - continua Shikamaru vendo meu silêncio - então, me diga, no que está pensando?

- Em tudo - respondo.

- E o que seria tudo? - insiste.

- É difícil explicar - respondo.

Estou relutante, eu sei, ao mesmo tempo que eu quero falar, eu não quero ter essa conversa, só torna as coisas ainda mais... reais.

- Temari... - fala Shikamaru se aproximando - por favor.

Ele foi se aproximando de mim lentamente, e quando terminou de falar, já estava bem ao meu lado, Shikamaru tocou no meu ombro, e sua mão foi descendo pelo meu braço, meus olhos acompanhavam essemovimeto até ele segurar a minha mão, e daí meus olhos encontraram os dele.

- E depois? - perguntei, e eu sei que ele entendeu, esse sempre foi o tipo de conversa que tivemos.

Para o mundo é vago, mas ele, ele entendeu perfeitamente.

- Ainda vamos ser nós, - ele responde - as coisas vão ser como estão, até não serem mais, e... vamos estar lá um para o outro, como sempre foi de certa forma.

Isso é, de certa forma, reconfortante, porque é verdade, sempre foi assim com a gente, mesmo sem perceber, as coisas foram mudando entre nós aos poucos, já faz algum tempo que alguma coisa mudou entre nós, e desde então só estamos fingindo que tudo é como antes.

E que nós sempre estivemos presentes um para o outro é indiscutível, é um fato, e no fundo eu sempre soube que essa era a nossa base, apoio mútuo.

- Obrigada - falo.

Ainda estamos de mãos dadas, e ainda olhamos nos olhos um do outro.

E eu não quero parar, essa era a deixa perfeita pra voltarmos pro quarto e dormir, mas...

Não quero isso agora, então me aproximo mais, ficando de frente pra ele, e com minha movimentação, Shikamaru segura minha outra mão também.

Nenhum de nós desvia o olhar em nenhum momento, e intenso demais pra perder um segundo sequer.

Uma de suas mãos solta a minha, e sobe até meu rosto, onde seu polegar pousa em minha bochecha e começa a acaricia-la.

Deito meu rosto mais em sua mão, aproveitando o carinho, tenho vontade de fechar os olhos pra sentir melhor, mas não faço, acho que nem consigo.

Seu polegar que antes acariciava minha bochecha, agora foi para meu queixo, fazendo leves círculos, esbarrando em meus lábios, e seus olhos desviam para minha boca.

- Posso? - ele pergunta com a voz mais grave do que o habitual.

Me aproximo mais, tornando o espaço entre nós inexistente, puxo a gola de sua camisa, e junto nossos lábios.

Nosso beijo começa como um selinho demorado, mas logo se transforma em um beijo calmo, mas intenso, como se tivessemos todo tempo do mundo, mas cada segundo tem que ser bem gasto, cada segundo deve ser completamente aproveitado.

É simplismente certo.

Nos separamos por falta de ar, estamos ofegantes, nossos olhares grudados, e nossos corpos tão próximos quanto antes, não sei quanto tempo durou, sei que poderia demorar horas pra dizer tudo que senti, mas ainda assim, não senti o suficiente.

Fucamos um bom tempo em silêncio, na mesma posição, só aproveitando o momento, até nossas respirações voltarem ao normal.

- Uau - fala Shikamaru, e eu solto uma risada baixa.

- É, Uau - concordo.

Sorrimos um para o outro, e entramos no acordo silencioso de que estava na hora de voltar pra cama.

Nos deitamos na mesma posição de antes, com Shikadai entre nós, mas agora o pequeno ficou um pouco mais espremido no meio, ele soltou um resmungo no processo, mas logo se aconchegou.

Não demoro muito pra pegar no sono, e tenho uma das noites de sono mais tranquilas que já tive.

~🌪️~

Acordo mais cedo do que os dois, nenhuma surpresa, mas hoje temos que voltar as nossas tarefas habituais, então, é melhor acordar os dois agora.

Por incrível que pareça, não é tão difícil quanto ontem, não é que uns gritos resolvem mesmo o problema quando se trata de Naras?

Melhor guardar essa informação para o futuro.

Durante o preparo do café da manhã, toda vez que meus olhos encontram os de Shikamaru, vejo ele corar e desviar o rosto, e sorrio com isso, mesmo sabendo que provavelmente também corei.

- Vocês estão esquisitos - acusa Shikadai.

- Impressão sua - responde Shikamaru.

Shikadai não insiste, notei que ele não é uma criança muito insistente quando se trata de mim, ou de Shikamaru, devemos ter ensinado pra ele que são coisas de adulto, e ele aprendeu a não insistir, garoto esperto.

A primeira parte da nossa manhã é bem tranquila, eu e Shikamaru trocando olhares, Shikadai quase dormindo sentado na cadeira, nada de mais.

Quando terminamos tudo que temos que fazer antes de trabalhar Shikamaru fala:

- Acho melhor trazer o trabalho pra casa, aqui temos mais controle de ambiente.

- Concordo, - respondo - você vai buscar?

- Volto em um minuto - ele diz assentindo com a cabeça, e saindo pela porta.

- Mama! E o que eu vou fazer? - Shikadai pergunta sorrindo - Eu quero ajudar!

É, hoje vai ser um dia interessante.

Como fazer meus pais entenderem que se amam?Onde histórias criam vida. Descubra agora