POV GIZELLY-Acorda, Gi. – A voz doce dela invadiu meus ouvidos. – Anda preguiça, vou descer pra preparar o café.
-Espera, cadê meu beijo? – Ela voltou e colou os lábios nos meus quando me virei.
-Não demora, tô com fome. – Dei um sorriso. – Você me deixou sem energia ontem.
Neguei com a cabeça e me espreguicei na cama, levantei indo direto pro banheiro. Tomei um banho relaxante, hoje eu tenho um dia cheio e confesso que não estou animada pra encarar minha agenda hoje.
-Fiz torradas, e café. – Me aproximei e segurei sua cintura. – Quer cuscuz?
-Não, prefiro algo mais leve. – Respondi e me sentei servindo o café. – Você acha que o Talles vai mesmo me processar?
-Ouvi ele dizer ao teu tio, mas ele pode até tentar. – Ela ficou de frente a mim. –Vamos colocar ele na cadeia antes.
-Eu nem acredito que consegui juntar todas as provas. – Estava orgulhosa com o nosso trabalho. – Eu não iria conseguir sem você.
Juliette sorriu e sentou no meu colo, demos um selinho demorado e logo em seguida aprofundamos o beijo.
-Vamos tomar café, ainda tenho terapia antes de encarar a construtora. – Ela concordou e sentou em seu lugar.
Estou há quase quarenta dias afastada da construtora, os acionistas decidiram isso, pois eu agredi um colega em nosso local de trabalho. Aceitei a decisão e aproveitei esse tempo pra focar em mim. Aconteceu muita coisa nesse meio tempo, mas eu não me deixei abater, não posso deixar de viver a minha vida, achando que não mereço ser feliz.
-Bom dia, Gi. – Flavina me recebeu com um enorme sorriso. – Como está se sentindo?
-Bom dia, Fla. – Me acomodei no sofá à sua frente. – Estou me sentindo viva!
-Isso é ótimo. – Ela anotava em seu bloco. – E o problema com seu primo?
-Ele vai me processar por agressão, acredita nisso? – Flavina negou com a cabeça. – Aquele safado destruiu minha vida, está roubando a minha empresa e ainda quer me processar.
-É a primeira vez que você se refere a construtora como sua. – A palavras dela me deixaram sem reação. – Isso é um grande passo.
-Foi automático. – Sorri sem jeito.
-Não se culpe. – Assenti com a cabeça. – Então, a última vez que conversamos você me disse que convidou uma pessoa pra sair, como foi?
-Como posso explicar? – Eu tinha um sorriso tímido nos lábios. – Estamos ficando, ela tem dormido na minha casa.
-Então rolou? – O sorriso sugestivo dela me pegou de jeito.
-Está rolando. – Encarei o chão com vergonha.
-E a mãe do seu filho? – Levantei a cabeça por alguns segundos e suspirei antes de responder. – Você ainda está magoada por ela ter ido embora sem se despedir?
-Acho que isso foi necessário para que eu abrisse os olhos. – Aquele assunto ainda me incomodava. – Talvez essa despedida fosse importante para que eu seguisse minha vida, não posso ficar presa ao passado.
-Acho importante você estar se permitindo, vejo que você está mais empolgada. – Eu estava tentando seguir em frente.
Flavina e eu continuamos conversando, falei tudo que aconteceu nas últimas semanas em que fiquei fora, contei também sobre a viagem que Ju e eu fizemos no fim de semana. Pela primeira vez em muito tempo, eu estava me sentindo bem.