POV NARRADORRafaella estava inquieta desde o momento em que colocou os olhos em Gizelly, era estranho ter ela ali tão próxima, lembranças de um tempo atrás a atingiam em cheio, tentava não pensar nisso, mas era inevitável. Depois que subiu com o Theo resolveu ficar no quarto, assistir Juliette e Gizelly de casal não estava sendo agradável, mas ela tentava disfarçar seu incômodo.
Tentou pegar no sono ao lado do filho, mas o barulho lá embaixo não permitiu, então foi se concentrar no livro que trouxe. Depois de um tempo olhou pela sacada e viu que todos haviam subido e a varanda estava livre de barulho. Rafa abriu a bolsa pegou a babá eletrônica e posicionou ao lado da cama dando uma visão perfeita do Theo dormindo, pegou seu livro, calçou os chinelos e desceu deitando em um dos sofás que tinha espalhados por ali. Rafa estava tão concentrada que nem percebeu a presença de Gizelly.
-Oi, posso sentar? – A voz rouca da morena fez Rafa fechar o livro no susto. – Desculpa, não queria te assustar.
-Oie. – Rafa deu um sorriso. – Estava distraída, senta ai.
Rafa se acomodou melhor e Gizelly se sentou ao seu lado abraçando as próprias pernas e apoiando o queixo em seus joelhos.
-O que está lendo? – Gizelly se interessou pela capa do livro.
-Carol. – Rafa mostrou a capa. – Assistimos ao filme, lembra?
-Lembro sim. – Gizelly deu um sorriso nasal. – O livro é melhor?
-Os dois são bons, mas aqui a imaginação trabalha melhor. – Rafa respondeu empolgada. – Depois posso te emprestar.
-Vou querer. – Gizelly desviou o olhar encarando o horizonte. – O Theo ainda está dormindo?
-Está sim, aquele ali inverna na soneca da tarde. – Rafaella alcançou o celular dando uma olhada no filho.
-Preguiçoso igual a você. – O comentário fez as duas sorrirem. – Não sei que milagre você não está dormindo.
-Eu não sou assim não. – Ela se defendeu indignada. – Só quando eu estou cansada, e na gravidez do Theo.
-Sei bem. – Gi deu os ombros. – Dessa vez você sentiu menos enjoos?
-Graças a Deus sim, na gravidez do Theo era todos os dias durantes uns quatro meses. – Rafa alisou a barriga e Gizelly encarava o gesto admirada. – Dessa vez está sendo mais tranquilo, menos enjoos, menos estresses, mas em compensação sinto uns desejos estranhos.
-Tipo comer tijolo? Eu li sobre isso. – Gizelly andava lendo sobre gravidez constantemente.
-Não, credo. – Rafa sentiu nojo. – Mas no início eu comi sorvete com picles e só de lembrar disso eu sinto meu estômago dar piruetas.
-Isso deve ser horrível, Rafaella. – As duas fizeram caretas. – Rafa?
-Oi? – Gizelly estava meio sem jeito de pedir.