POV GIZELLY-O universo me odeia! – Esse era o pensamento que martelava em minha mente.
Eu não vou saber sobreviver se algo acontecer com Rafaella ou com a minha filha, eu não vou suportar perder mais alguém que eu amo. Eu não consigo entender o motivo disso tudo estar acontecendo comigo, eu só queria uma chance de ser feliz, pelo menos uma vez na vida eu queria um pouco de paz.
As horas naquele hospital pareciam que estavam paradas no mesmo lugar, não havia ninguém para me dar um fio de esperança, e eu já não estava mais suportando a ideia de não ter conseguido salvá-las, eu não cheguei a tempo.
A cena do carro de Rafa girando na pista rodam em um looping na minha mente. Ela precisou avançar o sinal batendo na traseira do carro que passava pela via, eu cheguei no mesmo momento e com um movimento muito rápido bati o meu carro no carro do meu primo que tentava fugir do local. Eu saí do carro tomada pelo ódio, aquele desgraçado tentava mais uma vez tirar Rafaella de mim, abri a porta do carro o puxando pela camisa e desferindo socos em seu rosto. Eu estava fora de mim, o soquei com toda a força que eu tinha dentro de mim, eu queria matá-lo com minhas próprias mãos, mas só não fiz isso, pois pensei em meus filhos e em um lapso de memória eu o larguei lá correndo até onde o carro de Rafa estava. Minha namorada estava desacordada, a pancada foi forte, fazendo com que o airbag estourasse. A polícia chegou praticamente junto comigo e logo a ambulância retirou Rafa de dentro do carro e a trazendo ao hospital. Já se passaram mais de duas horas e ainda não tivemos notícias, isso estava me corroendo por dentro e quando Talles saiu da enfermaria algemado, meu ódio aumentou, se não fosse Manu e Juliette eu teria terminado o que eu comecei.
Meu tio estava desolado, ele se sentia culpado, mas como ele poderia adivinhar que o seu único filho iria se tornar esse ser sem alma, sem escrúpulos. Eu não imagino o que ele estava sentindo, torço para que meus filhos cresçam e saibam respeitar o próximo, ter empatia pelas pessoas.
Eu já não sabia mais o que pensar, só precisava de uma resposta, precisava saber como Rafa e minha filha estavam. Mesmo perdendo a fé, eu ainda conversava baixinho com Deus, não era justo eu perder tanto assim.
"-Eu sei que não devo pedir isso, mas olhem por elas, aí de cima." – Conversava em pensamento com a minha família.
No segundo seguinte Marcela entrou na sala de espera, seu semblante era fechado, cansado, e eu fui a primeira a me aproximar.
-Marcela, me tire dessa angústia, pelo amor de Deus. – Segurei a médica pelo jaleco, eu estava agoniada, com medo do pior.
-Eu sinto muito. – Quando ela falou isso meu mundo desabou. – Eu não consegui vir antes dar informações, mas o sangramento estava incontrolável.
-Fala logo, Marcela. – Sacudi a mulher em desespero.
-Calma, Gi. – Marcela falava com calma. – O estado é estável, de ambas. O air bag pressionou a barriga de Rafa, ocorreu um deslocamento de placenta e com isso o sangramento contínuo, mas conseguimos controlar, no momento precisamos aguardar.
-Eu posso vê-la? – Minha voz quase não saía.
-Pode, vou liberar sua entrada. – Suspirei aliviada. – Mas antes a senhorita vai se limpar, e cuidar dessas mãos.
Assenti com a cabeça e Genilda me acompanhou até a enfermaria. Limpei minhas mãos e a enfermeira fez os curativos, aproveitei para vestir uma roupa específica para entrar no CTI. Minha sogra permitiu que eu entrasse primeiro, entrei devagar encontrando Rafa deitada, me aproximei com cuidado e lágrimas no olhos.
-Oi meu amor. – Minha voz era chorosa ao ver Rafa ali naquele estado. – Eu pensei que não veria você de novo.
Respirei fundo enchendo meus pulmões de ar, eu não queria nem pensar nessa possibilidade. Rafa tinha uma respiração compassada, ela tinha um corte na testa, e alguns aparelhos controlando seus batimentos.
-Me desculpa por te envolver nessa bagunça que é a minha vida, eu não tinha esse direito. – Limpei meus olhos. – Mas acontece que você é o meu amor, e eu não sei viver sem você, você me deu esperanças, me tirou da escuridão, me deu a alegria de ser mãe, me mostrou que eu sou capaz de qualquer coisa pra ver um sorriso seu, você me deu uma família, Rafa.
-Eu quero te fazer feliz a cada segundo da sua vida, eu quero te amar a cada respiração sua, mas pra isso eu preciso que você seja forte, e volte pra mim. – Me aproximei beijando sua testa. – Eu ainda pretendo te levar ao altar, e dessa vez é pra sempre.
-Hey filha, aqui é a mamãe. – Abaixei mais ficando bem próxima da barriga de Rafa. – Eu ainda não vi seu rostinho, mas tenho certeza que você é linda como a sua mãe, e sei que em breve terei você em meus braços. Eu te amo meu bebê!
Fiquei ali mais uns dez minutos, até que Marcela pediu que eu me retirasse, eles precisavam avaliar Rafa, mas ela precisava acordar para sabermos o real estado dela. Não queria ir pra casa, eu iria permanecer ali até que ela acordasse e que eu tivesse a certeza de que ela e minha filha estariam fora de perigo.
-Quer que eu traga algo pra você? – Juliette me esperava na sala de espera. — Vou em casa, mas eu volto pra lhe fazer companhia.
-Não precisa, você pode ficar com o Theo essa noite? – Limpava meus olhos com as minhas lágrimas teimosas. — Quero ligar pra Thais antes.
-Claro, vou pegar ela com a Thais. – Ju me beijou na testa. – Não se preocupe, por favor, come alguma coisa.
-Vou tentar. – Sorri sem humor e ela se despediu.
-Gi. – Meu tio se aproximou com cautela. – Eu não sei nem o que te dizer, eu estou arrasado.
-Tio, não é sua culpa. – Demos as mãos. –Você não tem o que se desculpar, principalmente por sempre estar ao meu lado.
-Eu devia ter o corrigido enquanto eu ainda tinha tempo. – Ele abaixou a cabeça.
-Não dá pra prever o futuro. – Fiz com que ele me olhasse. – Agora ele vai pagar pelo que fez, cada lágrima que ele me fez derramar, e eu espero e farei o possível para que ele permaneça por lá por muito tempo.
-Rafa vai sair dessa, eu tenho fé. – Ele me puxou para um abraço. – E a Sofia também.
-Eu sei que sim. — Suspiramos juntos.
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Tá tudo bem por enquanto! Me desculpem o susto!