POV NARRADORDéborah já não tinha mais paciência para responder as perguntas que Bianca fazia sobre notas fiscais, ela só queria que aquela droga de obra acabasse e assim ela pudesse assumir uma cadeira no conselho, quando a diretoria aceitasse sua carta de recomendação de Genilda.
-Se aquela engenheirazinha me perguntar mais alguma coisa sobre notas de cimento, eu juro que levo ela pelos cabelos e a jogo na betoneira. — Déborah entrou na sala de José, arrancando um sorriso do homem.
-Eu não entendo o porquê dela perguntar tanto. — José se endireitou na cadeira. — Mas vejamos pelo lado bom, já está acabando meu amor.
-Não vejo a hora, quero me livrar dessa gentinha logo. — Déborah revirou os olhos.
-Pelo menos a Rafa é gostosa. — José tentou animar a esposa.
-Mas muito dramática. — A mulher revirou os olhos.
-Vai valer a pena, gata. — O pediatra se levantou beijando a testa da esposa. — Vamos recuperar o que perdemos com essa porra dessa obra.
-Nem me fale, éramos pra estarmos nadando em dinheiro. — Déborah se levantou. — Não acredito que o idiota do Talles não conseguiu os desvios.
-Ele é um zero esquerda, amor. — José disse com raiva. — Eu sabia que não podíamos contar com ele.
-Talvez seja melhor assim, ainda mais com essa engenheira querendo saber dos mínimos detalhes. — Déborah suspirou. — Gizelly ta na minha cola, ela sabe sobre nós.
-O QUE? — A informação pegou o Doutor de surpresa. — Amor ela vai contar pra Rafaella e já era sua promoção.
-Você acha mesmo que a minha sogra que me ama, vai acreditar em uma ex viciada? — Batidas na porta fizeram os dois se calarem.
-Com licença José, precisam de você na ala amarela. —A enfermeira Brielle bateu e entrou interrompendo a conversa.
-Doutor José. – Brielle revirou os olhos com a correção do médico. –Existe uma hierarquia aqui.
-Claro. – A enfermeira deu um sorriso de deboche. – Vamos, Doutor José.
Deborah aproveitou e seguiu para o seu consultório, o dia estava cheio e a médica se irritava a cada vez que Bianca a procurava para tirar alguma dúvida, mas pra se manter no personagem ela respondia tudo com educação.
-Deborah, juro que essa é minha última pergunta. – Bianca encontrou a pediatra no corredor. – Não é sobre trabalho.
-Pode falar. – A mulher deu um sorriso falso.
-Vou acabar passando a noite aqui, queria uma indicação de um lugar pra levar minha namorada. – A engenheira disse sorridente. – Quero fazer uma surpresa pra Mari.
-Eu não conheço muitos lugares por aqui. – A morena coçou os cabelos.
-A que pena, vou dar um google então, obrigada Deborah. – Ela se despediu fazendo a médica revirar os olhos.
O resto da tarde passou voando, o plantão de Deborah estava quase no fim, ela finalizou suas tarefas indo até o consultório de José pra se despedir.
-Já vou indo. – Ela entrou assim que ouviu sua libração. – Preciso fazer média com minha futura noiva.
-Até que dia isso, ein? – José perguntou levemente irritado. – Quando eu concordei com isso, não achei que ia tão longe.
-Amor, é por uma boa causa. – Deborah se sentou no colo do homem. – Em breve iremos comandar esse hospital, será tudo nosso.
-O problema que está demorando demais. – Ele suspirou. – Quando eu vou ter minha esposa só pra mim de novo?