POV RAFA
Desde que eu abri os olhos pela manhã, meu peito sentia uma angústia inexplicável, uma sensação de que algo ia acontecer. Olhei para o lado e vi Gielly dormindo serena, respirei fundo encarando seu rostinho lindo. Engraçado dizer isso, mas ali era meu ponto de paz, minha calmaria. Sorri com meu pensamento, deixando um beijo em seu rosto, talvez essa angústia seja coisa boba da minha cabeça.
Me levantei com cuidado para não acordá-la, sei que ela anda trabalhando bastante na construtora. Arrumei o edredom e parti para o banheiro, fiz minha higiene matinal rapidamente e logo desci para preparar o nosso café, Sofia já reclamava de fome na minha barriga. Fiz algo rápido, Gizelly já deve ter acordado, aproveitei e fiz a mamadeira do Theo e subi com a bandeja nas mãos. Depois do banho, tomamos café em um clima gostoso, tentei não pensar naquele sentimento que estava me consumindo, me concentrei na minha namorada que me contava o que faria durante o dia.
Depois de nos aprontamos, deixamos o Theo na escolinha e logo em seguida ela me deixou no hospital, avisei que pegaria meu carro na revisão, ela aproveitou pra me dizer que chegaria um pouco mais tarde, pedi que ela não trabalhasse muito, nos despedimos com vários beijinhos e seguimos para os nossos respectivos trabalhos.
O dia passou voando, tentei adiantar o máximo de coisas possíveis, pois meu substituto viria em breve, aproveitaria para tirar minhas férias antes da licença maternidade, assim eu poderia resolver tudo, antes de ter meu bebê. Estava quase entrando no meu sétimo mês de gravidez, os meses passam rápidos demais, muito diferente da gravidez do Theo, que parecia uma eternidade, talvez por eu ter Gizelly ao meu lado, passa mais depressa.
-Filha, posso entrar? – Meu pai colocou a cabeça para dentro da minha sala. – Como minhas princesas estão?
-Oi pai, estamos bem. – Me afastei com a cadeira alisando minha barriga. – Já está indo?
-Sim, vim me despedir, sua mãe vem mais tarde. – Ele se aproximou deixando um beijo em meus cabelos. – Já está na sua hora também?
-Só estava encerrando aqui. – Desliguei meu computador. – Você pode me deixar naquela oficina da rotatória? Meu carro tá lá pra fazer revisão.
-Claro, vamos. – Abracei meu pai pela cintura e descemos conversando amenidades.
A oficina era bem perto do hospital, meu pai me deixou lá e combinamos de sairmos para jantar durante o fim de semana, nos despedimos e ele deu partida enquanto eu ia de encontro com o mecânico.
-Tá tudo certinho? – Perguntei ao rapaz que olhava algo no meu capô.
-Tá sim. – Ele se assustou ao me ver. – Só estava dando uma última conferida, mas já tá pronto.
-Obrigada. – Agradeci com um sorriso, mas ele apenas se afastou.
Entrei no carro, conferi os espelhos e antes de partir conectei meu celular ao sistema de som, queria saber se Thais já havia buscado o Theo na escola, assim eu poderia ir direto para casa. Dei graças a Deus quando ela disse que já estavam chegando ao meu condomínio, dei partida no carro seguindo pra casa para esperarmos minha namorada.
No trajeto eu ouvia minha playlist bagunçada que ia do sertanejo ao jazz, Gizelly sempre ria disso, pois eu ouvia de tudo em um único dia. Continuei cantando as minhas músicas até que reparei algo estranho. O mesmo carro que Gizelly suspeitou que nos seguia, estava na minha cola. Meu coração bateu mais rápido, um filme passou pela minha cabeça, senti minha pernas tremerem quando o carro colou em minha traseira.
Não pensei muito, o número de Gizelly era meu contato de emergência, apertei o botão e esperei que ela atendesse.
-Oi meu amor, tudo bem? – Ela atendeu no segundo toque.