POV GIZELLYDesde meu último encontro com Rafa, algo não me saía da cabeça, sei que eu não sou a pessoa ideal pra fazer isso, mas ela não merece ser enganada dessa forma, Rafaella é a pessoa mais incrível que eu conheci, ela precisa saber a verdade, mesmo que isso vá machucá-la.
Me lembro do dia da ultra do nosso bebê em que ela segurou minha mão me pegando de surpresa, a reação que tive ao toque me fez lembrar de todos os nossos momentos juntas, me fez lembrar de todas as vezes que ela me salvou e eu preciso contar a verdade a ela.
-Hey, tudo bem? —Juliette perguntou saindo do banheiro vestida com uma camiseta minha.
-Estou, tô um pouco ansiosa. — Dei meio sorriso me virando. —Amanhã é a entrega da obra e meu tio decidiu que vai encurralar o Talles.
-Vai dar certo, graças a Deus conseguimos entregar a obra no prazo. — Assenti com a cabeça. – E finalmente o seu primo vai pagar pelo que anda fazendo.
-Demos conta. —Ela passou os braços pelo meu pescoço. —Mas estou preocupada com essa Déborah, tenho medo do que ela pode fazer, pelo visto ela é capaz de qualquer coisa, temo pelos meus filhos.
-Ela não seria louca. — Abaixei a cabeça suspirando —Vamos comer um pouquinho e você me conta sobre a conversa com seu tio.
Ju e eu descemos para comer algo, Lúcia deixou nossa janta pronta e eu agradeci por ela ter feito minha comida favorita. Durante o jantar contei sobre a conversa que tive com meu tio, apesar dele estar triste, ele está disposto a entregar o Talles pra polícia, mesmo sabendo que a esposa vai odiá-lo por isso.
-Teu tio é um homem íntegro, sabia que ele faria a coisa certa. – Ju fez um carinho em minha mão.
-Por isso sempre confiei nele a presidência da construtora. – Sorri de lado. – Meu pai e ele eram melhores amigos e graças a ele meus pais se conheceram.
-Ele é um ótimo gestor e um engenheiro incrível. – Concordei e continuamos a comer.
Depois do jantar, arrumamos a cozinha e Juliette foi dar uma olhada em um documento de trabalho e eu aproveitei pra dar uma volta no condomínio, precisava pensar um pouco, minha cabeça estava cheia demais. Calcei meus tênis de corrida e sai, aproveitei que a noite estava fresca, talvez isso ajudasse a refrescar meus pensamentos.
Flash back on:
-Ei, não fique assim, todo casal discute. – Estava deitada encolhida na minha cama. – É normal.
-Não gosto quando eles brigam. – Gustavo sentou na minha cama.
-Pimpolha isso é coisa de adulto. – Ele passou a mão no meu cabelo. – Vem, vamos dar um rolê de bicicleta.
Concordei e calcei meus tênis, descemos abraçados e entramos na garagem pra pegar nossas bicicletas. Pedalamos por quase uma hora, Gustavo parecia não se cansar, apostamos corrida, fizemos manobras, só paramos quando eu já estava exausta.
-Vamos dar uma pausa? – Pedi ofegante.
-Só mais um pouquinho, estamos chegando no hangar. – Ele pediu sorrindo e saiu pedalando na frente.
O segui mesmo cansada, pedalei mais um pouco até chegar na portaria do hangar onde meu pai guardava o helicóptero e o jato.
-Vou te contar um segredo. – Gustavo desceu da bicicleta e logo a encostou de lado. – Tô fazendo aulas de voo, mas não conta pro papai.
-Você é maluco, Gustavo. – Neguei com a cabeça fazendo ele gargalhar. — A mamãe vai surtar.
-Pimpolha a sensação de voar é incrível, vem? – Ele me puxou pela mão até o helicóptero da construtora.