POV GIZELLY
Passei a noite recebendo carinhos da minha namorada. Rafa não me deixou sozinha nenhum minuto, parece que até nossa filha colaborou com isso, pois dormiu a noite inteira.
Rafa ligou para Flavina e conseguiu um horário extra essa manhã, eu precisava conversar um pouco com a minha terapeuta, essa angústia estava me corroendo por dentro. Saímos cedo de casa, Rafa me acompanhou, deixamos nossos filhos com Lúcia e Thais, sei que os dois estavam em boas mãos.
Chegamos ao consultório e Flavina já me aguardava, me despedi de Rafa com um selinho e entrei para a sala. Nos cumprimentamos iniciando a sessão.
-Oi Gizelly, como está se sentindo? – Ela perguntou com sua calma de sempre.
Enchi os pulmões de ar e comecei a narrar tudo que estava me angustiando. Falei sobre o pedido de casamento, contei sobre a carta do Talles, contei da minha ida ao cemitério e falei também sobre minha amizade com o Lucas. A cada palavra que sai da minha boca, uma lágrima escorria pelos meus olhos, tivemos que interromper algumas vezes, pois eu simplesmente não conseguia continuar, precisei me recompor antes de continuarmos.
-Gi, eu não posso acessar seus sentimos e ordenar o que você tenha que sentir, é normal sentir medo, é normal temer pela sua familia. – Flavina se pronunciou assim que eu terminei de contar tudo a ela. – O seu primo tem traços fortes de Psicopatia, mas ele está longe, e não vai fazer nada contra você enquanto ele estiver lá.
-Eu não confio nele. – Fungava tentando controlar o choro. – Eu não posso perder minha família, Flavina, de novo não.
-Você acha que a Rafaella mentiria pra você? – Sua pergunta me fez encara-la. – Seja sincera.
-Não, claro que não. – Não entendia o motivo da pergunta. – A Rafaella é a pessoa mais sincera que eu conheço.
-Então por qual motivo, você não acredita quando ela te diz que você a faz feliz? – A pergunta de Flavina me deixou envergonhada. – Gi, ela está ao seu lado, mostrando todos os dias que te ama e que acredita no seu amor, não vire refém do medo, não estrague o que vocês duas construíram por falta de coragem de tentar.
-Você me acha uma egoísta, né? – Encarei a mulher na minha frente.
-Não, não acho! – Ela segurou minha mão. – Te acho uma pessoa insegura, normal pelos traumas que já viveu, mas sei que ai dentro tem uma pessoa tão forte que foi capaz de largar os vícios e se dedicar ao filho, um pessoa tão forte que se pôs a frente dos negócio da família quando seu tio não teve condições para continuar, uma mulher tão forte, que salvou a mulher e a filha de um acidente, então Gizelly, o único fracassado dessa história é o Talles e nesse momento ele está atrás das grades.
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Depois da minha conversa com Flavina, eu consegui me acalmar mais, ela me aconselhou a entregar a carta às autoridades responsáveis pelo caso do Talles, e foi o que eu fiz. Rafaella me deu todo o suporte que eu precisava, minha namorada não saiu do meu lado nenhuma vez se quer e isso fazia com que as palavras de Flaina fervilhavam em minha mente.
Está passando da hora de tomar coragem e pedir a mulher que eu amo em casamento, eu mudei, e sei que eu jamais faria o que eu fiz novamente. Rafaella merece o melhor de mim e é isso que eu darei a ela.
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Os dias passaram e com isso chegou o dia da minha nomeação à cadeira da Presidência da Bicalho engenharia. Relutei contra isso desde o início, mas agora meu tio simplesmente entregou tudo em minhas mãos. Não foi o que eu desejei, mas se esse era o meu destino, eu iria dar o meu melhor e preservaria o nome da minha família.
