POV RAFA
Os dias praticamente voaram, quando me dei conta estava entrando no meu sexto mês de gestação. Minha barriga já estava bem evidente, não sentia mais enjoos, porém o cansaço aumentou consideravelmente. Diferente da gravidez do Theo, estou sentindo Sofia bem mais tranquila, minhas alterações de humor não oscilam muito, e Gizelly deu graças a Deus por isso. Por falar nela, eu nem preciso dizer o quanto ela me mima, nessa gravidez, eu não posso abrir minha boca que ela já corre para atender meus pedidos. Eu não paro de agradecer a Deus por me permitir conhecer essa versão dela, Gizelly simplesmente é outra pessoa, totalmente responsável, companheira e dedicada. É com essa Gizelly que eu pretendo passar o resto dos meus dias, até ficarmos velhinhas com a casa cheia de filhos e netos.
Entretanto, algo vinha me martelando a mente. Desde o dia em que bisbilhotei sua bolsa, algo não para de me incomodar. Assim que eu abri a bolsa, encontrei uma caixinha com um anel de noivado, meu coração quase saiu pela boca quando vi a joia, nunca tinha visto algo tão delicado e lindo, porém Gizelly nunca deu indícios que me pediria em casamento novamente e isso anda me consumindo por dentro.
-Hey, você está me ouvindo? – Manoella chamou minha atenção enquanto eu viajava na maionese.
-Desculpe, amiga. – Manu e eu almoçamos no nosso restaurante favorito. – Minha cabeça está a mil.
-Aconteceu algo? – Ela perguntou preocupada.
-Não aconteceu nada. – Larguei o garfo sobre a salada. – Esse é o problema.
-Não estou entendendo, amiga. – Manu franziu as sobrancelhas.
-Lembra quando Gizelly e eu brigamos, no dia em que eu bisbilhotei a bolsa dela? – Minha amiga assentiu com a cabeça. – Pois é, eu encontrei algo lá dentro.
-Não vai me dizer que Gizelly tá nessa de novo. – Manu perguntou quase que sussurrando.
-Não, Deus me livre. – Levantei as mãos pro céu. – Eu encontrei outra coisa, que me deixou bastante intrigada.
-Está me deixando curiosa, Rafaella. – Manu já estava impaciente.
-Era um anel de noivado. – Falei rápido, dando um gole em minha água em seguida. – E não era um simples anel, era a coisa mais linda que eu já vi na vida, provavelmente custou uma pequena fortuna.
-Mas você devia estar feliz com isso, certo? – Deixei meus ombros caírem.
-Eu não sei, Gizelly e eu não conversamos sobre isso, ela não toca em assunto de casamento. Estamos morando praticamente juntas, já nos programamos em mudar pra casa dela assim que as obras terminarem, mas ela simplesmente não fala nada. – Manu deixou uma risadinha escapar. – Não tem graça, já tem mais de dois meses que esse anel está nas coisas dela, o vi de novo no dia em que fui arrumar as cuecas dela.
-Você é ansiosa, às vezes ela está preparando algo incrível para você. – Ela tentava arrumar justificativas.
-Pra que demorar, tanto? – Bufei sem ânimo. – Eu sei que dessa vez vai ser diferente, aquele dia horrível foi totalmente apagado da minha mente, eu quero me casar, quero me lembrar de como seremos felizes juntas.
-Calma, Rafa. – Minha amiga me deu as mãos por cima da mesa. – Tudo acontece no tempo certo.
Manu e eu continuamos no assunto sobre casamento até que eu precisei voltar ao hospital, hoje eu teria uma consulta com Marcela pela tarde. Gizelly já havia me informado que viria assim que terminasse a reunião em que estava. Aproveitei o tempo que ainda restava antes da consulta, para resolver uns assuntos pendentes antes de sair de licença.